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[REVIEW] Empire of Sin – Domine os anos 20

Empire of Sin foi um jogo bastante aguardado por mim, mas infelizmente teve seu lançamento adiado várias vezes desde o anúncio. Chegando finalmente no encerramento de 2020, o simulador de máfia da Romero Games e Paradox Interactive trouxe uma jogabilidade bastante interessante, focada em gerenciamento de negócios e combates por turnos – este último sendo muito bem construído.

Em Empire of Sin, foi criada uma ambientação dos anos 20, em Chicago, e seu principal objetivo é o domínio e estabelecimento de um império. Por aqui podemos escolher um protagonista controlável dentre as 14 opções diversas disponíveis, e todos são bastantes caricatos e esbanjam personalidade. Várias figuras existentes na história do crime são representadas muito bem aqui, como o temido ítalo-americano Al Capone, um gângster que contrabandeou bebidas alcóolicas durante a Lei Seca nos EUA entre os anos 1920 e 1930 – além de outras práticas ilegais.


Ficha Técnica

Título: Empire of Sin

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 1/12/2020

Tamanho: 9.9 GB

Desenvolvedora/Publicadora: Romero Games/Paradox Interactive

Jogadores: 1

Em Português: Não

Gênero: Gerenciamento, Estratégia, RPG

Tempo de Jogo (em média): 100 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 16 anos

Preço no Lançamento (US): US$ 39,99


Levantando seu império

O jogo da Romero Games transmite um ar de Godfather do PS2 e um pouco de Scarface (da mesma plataforma), mas com bem menos ação e muito mais exigência da sua habilidade de gerenciamento. Talvez seja só por conta da ambientação mesmo. Em Empire of Sin controlamos imóveis com a possibilidade de instaurar qualquer tipo de negócio para gerar dinheiro ao seu império: bordéis, bares, cassinos, hotéis e cervejarias.

Personagens diversosNão só isso, como também é preciso fazer upgrades nos locais, como aumentar o número de guardas presentes no local a fim de estar preparado para qualquer ataque de forças rivais. Uma vez iniciada a ação de defesa, o modo de batalha tática por turnos entra em ação. Adicionalmente, empreendimentos como cervejaria podem receber melhorias na produção, produzindo assim mais barris que geram uma renda maior às suas finanças. Você pode fazer acordos com aliados ou facções neutras também, prometendo um certo número de produções para os chefões mafiosos em troca de entradas maiores de dinheiro e aumento no relacionamento.

Escolha o que fazer com um local conquistadoE não para por aí, pois a polícia também irá atacar seus negócios e seu gângster protagonista, já que todos estão de olho em você para lhe tirar da jogada. Para nossa surpresa, a polícia também possui uma parcela de gente suja na corporação de Empire of Sin, e muitos aceitam serem subornados para deixar sua facção de lado e direcionar a briga para uma outra.

Pensa que acabou? Muitas vezes o seu personagem será convidado para entrar em conflitos e aliar-se a mafiosos neutros ou aliados para atacar um inimigo em comum, causando assim um efeito negativo no relacionamento com quem está sendo atacado – mas positivo para quem fez o convite do complô.

Conquistando seus vizinhos (no sentido mafioso)

ProsasO mapa da cidade é dividido por bairros, e podemos navegar entre eles utilizando o recurso de viagem rápida que é liberado logo nos primeiros minutos de jogo. Em todos estes bairros existe um líder de facção diferente que notará sua aproximação e permitirá três tipos diferentes de abordagem: neutra, ofensiva ou amigável. Isso influencia seu relacionamento para com estes mafiosos, ao mesmo tempo que permite tomar o controle da região mais rapidamente de acordo com sua preferência. Caso opte pela opção amigável, seu personagem será convidado a sentar e conversar através de escolhas de diálogos em uma mesa junto ao anfitrião – aliás, que excelente dublagem em inglês, hein!

Fora os NPCs mais importantes, existem criminosos menores espalhados por toda a cidade, os quais controlam também estabelecimentos e funcionam como os mobs de jogos como League of Legends – praticamente, personagens que pertencem ao ambiente e que todos podem atacar. Estes criminosos são bem mais fáceis de serem atacados e possuem forças de batalha em menor escala, então é uma excelente ideia começar eliminando e conquistando esses locais.

Modo dock
Visuais no modo Dock são bem bonitos

Existem dois tipos de controle disponíveis: o manual, em que você controla seu personagem com o analógico com a câmera acompanhando o mesmo, e o cursor, que permite selecionar um ponto de locomoção enquanto visualiza outras regiões. Isso é útil para dar uma vasculhada pelo mapa enquanto seu grupo se movimenta pelas ruas e pensa na próxima ação.

Mova-se, então ataque

Confesso que a parte de gerenciamento de Empire of Sin é um tanto quanto complexa. É necessário prestar atenção em muita coisa se quiser realmente crescer no jogo. Eu mesmo fiquei com um pouco de preguiça com a quantidade de sistemas existentes por aqui, tanto que percebi a necessidade real da criação de um tutorial guia para o jogador devido ao nível de confusão que você pode ter se não compreender os sistemas.

Socando inimigosPorém, aí é que chega a parte boa: as batalhas. Como citado anteriormente, Empire of Sin possui um sistema tático por turnos, em que você decide ações para todos os personagens sob seu comando e, então, passa para o turno inimigo. Depois, o ciclo se repete – caso você não saiba o que são batalhas táticas por turnos. Com as vitórias, recompensas aparecerão como dinheiro, acessórios, equipamentos, consumíveis e armamentos. Também podemos adquirir esses itens no Black Market do menu radial.

As mecânicas lembram um pouco a série XCOM, e felizmente – ao contrário de muitos títulos do gênero – Empire of Sin entendeu que é necessário existir uma forma de evitar o fogo cruzado possibilitando mecânicas de cobertura. Para isso, basta se esconder atrás de qualquer parede ou obstáculo com o símbolo de escudo.

EspreitandoOs pontos de ação também são bem claros e praticamente falam por si só, apresentando um indicador na cor verde para o consumo de uma ação, e amarelo para sinalizar que a ação escolhida irá finalizar o turno do personagem. É preciso saber equilibrar movimentação e ataques a cada passo dado, já que inimigos não são tão misericordiosos. Felizmente há um outro indicador visual que simboliza o quanto de dano será causado ao seu alvo e quantos por cento de chance existe de acerto. Fora isso, é possível fazer ataques corpo-a-corpo e utilizar-se de habilidades especiais e únicas de certos personagens, como lançamento de facas ou tiros involuntários e descontrolados por causa de temperamento explosivo.

HabilidadesEstas habilidades também são uma peça fundamental e bem divertida de Empire of Sin. No menu de cada personagem há sequências de tiers – uma linha de habilidades em uma “árvore” – que podem ser liberadas após um número específico de dias. Cada personagem possui sua própria lista de habilidades, e cada linha permite a escolha de apenas uma. Com esse sistema, é possível montar um gângster bem único e personalizado de acordo com seu estilo de estratégia preferido em um combate.

Se estiver se sentindo sozinho demais e a dificuldade estiver muito alta, não cometa o mesmo erro que eu no começo: contrate mais companheiros. Em uma seção do menu radial, há uma lista imensa de criminosos passíveis de contratação, cada qual com suas características próprias e habilidades únicas. Porém, é necessário ter um nível mínimo de notoriedade para recrutar certos gângsters – existe um valor indicativo -, o qual é adquirido eliminando rivais e conquistando locais.

Além disso, estes aliados podem te oferecer missões secundárias em vários momentos da jogabilidade, basta aguardar um ícone de conversa que surge acima de suas cabeças. Através disso, um grupo é montado para equilibrar bem as coisas e não ficar em desvantagem nos ataques. Mas nem tudo são flores, e nada vem de graça: todas as contratações, justamente, custam dinheiro e você precisará pagar semanalmente.

Vagando pelas ruas

Outro ponto bacana também é a possibilidade de atacar qualquer um em qualquer lugar. Utilizando o comando de Ambush (emboscada) podemos iniciar batalhas no meio da rua, dentro de estabelecimentos e nos becos espalhados pela cidade. Com isso fica fácil eliminar qualquer um que entrar em seu caminho, principalmente aquela facção da qual você deseja se ver livre.

O que não me agrada

Como você pode perceber acima, me diverti bem mais com o sistema de batalhas do que os de gerenciamento – aliás, seria bom ter uma opção de aceleração do turno inimigo. Verdade seja dita, Empire of Sin não é um jogo simples e muito menos compreensível à primeira vista. Demorei boas horas para entender como tudo funcionava, e mesmo assim parece que há algumas mecânicas ali que não fazem a diferença se você ignorar – como a de relacionamentos.

E aí, chefe, vai fazer o quê?Eventos surgem o tempo todo na sua tela, e mafiosos frequentemente te convidarão para guerras contra seus rivais, farão chantagens com seu personagem, oferecerão missões e produção de insumos em troca de quantias financeiras. Já alguns acontecimentos parecem bem aleatórios, como quando um líder de facção me ofereceu um serviço e, sem brincadeira, cerca de 10 segundos depois ele disse que mudou de ideia – e isso não fazia parte da “história”.

Me senti bastante sufocado com o excesso de coisas acontecendo constantemente, e a pior parte é que o jogo não possui exatamente uma história a ser seguida. Digo, isso é meio ruim em meu ponto de vista, já que Empire of Sin pode ser considerado um título absurdamente longo e amplo por conta da quantidade de personagens existentes no rol de selecionáveis no início. No fim das contas, senti falta de um enredo que me prendesse, já que depois de algumas boas batalhas tudo parece se repetir constantemente.

"História"Você fica mal acostumado com o uso de viagem rápida constantemente, e provavelmente sentirá que está apenas pulando de missão em missão. Claro que podemos caminhar pelas ruas de Empire of Sin, fazer coisas menos importantes e focar em gerenciamento, mas, como dito, são mecânicas um pouco complexas e inchadas demais.

Por fim, acredito que a versão de Switch ainda precise de alguns ajustes. Seu lançamento foi bem polêmico por causa de performance e gráficos bem abaixo da média, além de bugs recorrentes. No patch em que me encontro atualmente, não tive grandes problemas na minha experiência. Incomoda-me mais o loading inicial que dá a impressão até mesmo de que o jogo sofreu um crash, fora a performance que cai na casa dos 20 fps em certos ambientes mais movimentados e o personagem que solta uma linha de diálogo irritante a cada vez que você movimenta ele com o controle manual. Por último e bem menos importante, às vezes algumas animações deixam de acontecer e os modelos 3D simplesmente deslizam de um lugar para outro nas batalhas.

Mas, sinceramente, nada que atrapalhe ou tire a diversão. São coisas que dá para levar numa boa se você tiver boa vontade, e olha que sou uma pessoa bem exigente se tratando de performance e outras características que colaborem para que eu não me estresse. Antes que eu me esqueça, a interface não possui a opção em português brasileiro, então as coisas podem complicar para o seu lado caso não entenda inglês ou, pelo menos, compreenda o espanhol.

Para quem é esse jogo

Muitos diálogosEmpire of Sin não é um game ruim, muito pelo contrário. Ele esbanja qualidade em termos de ambientação e criação de uma cidade temática. Em seu mundo semi-aberto, haverá centenas de missões a serem cumpridas que oferecerão – não estou exagerando – no mínimo 100 horas de conteúdo. Se você é do tipo que gosta da proposta e de games que abordam essa época e tema, é um prato cheio que vai servir de entretenimento por muito tempo. Caso a sua preferência seja por algo que não exija bastante leitura para tomar decisões e paciência com mecânicas deveras complexas de gerenciamento, é melhor ficar longe, porque não é possível focar apenas na jogabilidade tática e esquecer todo o resto.

Minha vontade é de voltar a jogá-lo em boa parte do tempo, mas me desanima um pouco a falta de uma história decente que me tire a sensação de apenas pular de uma missão para outra. A parte tática me instiga, mas todo o resto tira essa ânsia por querer mais.


Trailer do Jogo


* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pelos produtores

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

3 thoughts on “[REVIEW] Empire of Sin – Domine os anos 20

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