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[REVIEW] Final Fantasy Crystal Chronicles – Uma fantasia sonora

Lançado originalmente em 2003 para Gamecube, Final Fantasy Crystal Chronicles é um jogo diferente em vários aspectos quando comparado aos outros Final Fantasy. O principal deles é o fator multiplayer, que é um dos pontos mais importantes do jogo. A versão remasterizada veio como uma nova chance para que os jogadores antigos voltem a jogar pela nostalgia e para que os novos conheçam um jogo que marcou muitas pessoas. É sobre ele que se trata essa análise. Acompanhe-nos.


Ficha Técnica

Título: FINAL FANTASY® CRYSTAL CHRONICLES™ Remastered Edition

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 27/09/2020

Tamanho: 4.1GB

Desenvolvedora/Publicadora: Square Enix

Jogadores: até 4 jogadores online

Em Português: Não

Save na nuvem: Sim

Gênero: RPG de ação

Classificação: 13 Anos

Preço no Lançamento (US): US$ 29,99

Tempo de Jogo (média): 20 horas


 

História

O jogo se passa eras anteriores em relação aos outros mundos de Final Fantasy. Nessa época, o mundo era muito mais hostil e perigoso, pois até o próprio ar era capaz de matar. Apesar disso, os seres humanoides conseguiam viver relativamente bem por causa das capacidades mágicas da Mirra, que purificava uma parte do ambiente ao seu redor.

O Miasma, que é a propriedade mortal do ar, apareceu depois que um misterioso meteoro colidiu com o mundo, obrigando os habitantes a buscarem constantemente fontes de Mirra para se protegerem. Apesar de ser mortal para eles, o Miasma não oferecia nenhuma ameaça para as outras criaturas do planeta, fazendo com que somente as quatro tribos humanoides buscassem uma fonte de segurança na Mirra. Assim, um aventureiro partia de sua cidade para procurar uma árvore mágica que brota a Mirra, levando-a a sua tribo para que o Miasma não seja uma ameaça. Entretanto, ela dura somente um ano, obrigando os aventureiros a buscarem constantemente novas fontes para sua segurança.

Basicamente, essa é a história inicial, mas, conforme o jogador avança, percebe que é somente essa a história do jogo, não havendo vilões ou motivações maiores, não sendo suficiente nem como uma desculpa para o jogo ocorrer. O esquema é sempre o mesmo, os personagens vão para masmorras, enfrentam criaturas e pegam itens raros para, no fim, derrotar um boss que guarda a árvore de Mirra. Depois de coletá-la em três locais diferentes, o personagem volta a sua terra natal e se passa um ano no jogo, voltando novamente ao mapa para procurar locais não explorados.

Ocasionalmente, enquanto o jogador avança no Hub do jogo, ocorrem alguns eventos que tentam aumentar a lore. São encontros com outras caravanas de aventureiros que também estão procurando Mirra. Às vezes é alguma contenda que seu personagem deve ajudar, algum mercador ou simplesmente diálogos comuns. Isso aprofunda um pouco o universo do jogo e ajuda no entendimento de cada uma das tribos. Mas não são encontros marcantes e nem motivadores o suficiente para ler ou entender, pois na grande maioria o jogador simplesmente avança rapidamente para ir a próxima dungeon.

A história do jogo é muito fraca e nada profunda, apesar das tentativas frustradas em imergir o jogador. A única parte interessante são as lendas de criaturas poderosas contadas nos encontros, gerando uma expectativa de que logo seu personagem poderá encontrar algum desafio de verdade no jogo. E isso nos leva ao próximo ponto.

Jogabilidade

Final Fantasy Crystal Chronicles é essencialmente diferente do que estamos acostumados com os jogos da Square. Ele não é por turnos – como a jogabilidade típica de Final Fantasy – e nem de ação – como a franquia Of Mana. Na verdade Crystal Chronicles é, mais ou menos, uma mistura entre os dois. O jogo delega toda a parte de movimentação, ataques e esquiva ao jogador, mas obedece ao tempo de conjuramento do personagem e de espera entre ataques dos inimigos.

Pode parecer confuso explicando assim, mas na prática é muito mais intuitivo e varia conforme o personagem inicial escolhido, pois o conjuramento ocorre somente com magias e ataques especiais, e não são todos os personagens que vale a pena investir tempo conjurando magia ou carregando um ataque especial.

O tempo de espera entre ataques dos inimigos é essencial, pois é o momento em que é possível atacá-lo. Depois de uns instantes, ele irá realizar o ataque baseado no posicionamento anterior do personagem, fazendo com que a movimentação seja constante.

Descrevendo como é uma batalha, é mais ou menos assim:

  • O inimigo se aproxima e mira o ataque conforme a posição anterior do personagem, que, caso esteja no mesmo lugar, receberá o dano;
  • Depois de atacar, o inimigo fica parado alguns segundos, dando abertura para que o personagem o ataque e se movimente;
  • Quando o tempo de espera acaba, o inimigo se desloca para a última posição do personagem e o ataca novamente;

A complexidade desses passos aumenta quando o personagem precisa conjurar uma magia ou carregar um ataque, pois precisa ter em mente o tempo de espera entre os ataques dos inimigos e quanto que demora o conjuramento ou carregamento dos ataques. Assim, além de uma grande noção de posição, o jogador precisa entender o ritmo temporal do jogo. Mas, como já disse antes, tudo isso ocorre de uma forma bem intuitiva, não sendo necessário nenhum tutorial, apenas mérito do jogo em apresentar essas mecânicas.

Outra coisa que soma à complexidade do jogo é o fato de que tudo isso ocorre em um ambiente impregnado de Miasma, sendo necessário carregar um cálice de Mirra constantemente, pois ele protege apenas um pequeno espaço ao redor do personagem, não sendo suficiente para explorar nada sem ele. O problema é que, ao carregar o cálice, não é possível fazer nenhuma outra ação, além de perder velocidade de movimento. Apesar disso, o jogador é ajudado por uma pequena criatura da raça moogle, que pode realizar ataques bem fracos ou simplesmente carregar o cálice, seguindo o personagem. Assim, a função de carregar o cálice é sempre dada ao moogle, pois ele é totalmente inútil em batalhas.

Sua jogabilidade, apesar de ser complexa quando descrita, é simples e bem intuitiva quando se começa a jogar, sendo também divertida nas primeiras horas. Isso melhora quando se enfrenta um boss, sendo a maior motivação para se continuar nas dungeons, pois é realmente divertido enfrentá-los. Assim, o jogo passa muito mais a sensação de ser um Boss-Rush do que um Dungeon-Crawler, ou seja, um jogo focado nos confrontos com chefes e não em se arrastar por masmorras afora.

Por falar neles, os chefes são desafiadores, pois, como dito anteriormente, o jogador precisa prestar muito mais atenção do que o normal. Apesar de atacarem conforme um padrão, os ataques são variados e são necessários alguns turnos para perceber como ele realiza seus ataques e saber como se esquivar. E tudo isso acontece com alguns inimigos que são constantemente invocados durante a batalha, que podem atrapalhar muito.

A dificuldade dos bosses diminui quando se joga com outras pessoas modo multiplayer online, pois ele ocasionalmente troca de alvo, errando muitos ataques. Além disso, os ataques contantes de todos os personagens drena rapidamente sua vida, fazendo com que seja realmente simples enfrentá-los.

Por falar em dificuldade, Crystal Chronicles é um jogo fácil, muito fácil. Sua cura padrão recupera sempre 100% da vida, o uso de magias não é penalizado de forma nenhuma, apenas com o tempo e não é um problema tão grande ter que esperar, pois as magias são relativamente fortes. Usar item de cura é praticamente desnecessário, e quando seu personagem morre, caso esteja equipado com uma Phoenix Down, ele ressuscita instantaneamente. Os inimigos demoram para atacar e são sempre fracos, raramente aparece algo desafiador que não seja a quantidade, que pode ser burlada apenas recuando um pouco.

Arte

Visual

A Square utiliza um determinado padrão de design em seus jogos. Sempre parecidos, são fofos e relativamente infantilizados, sendo agradável de se olhar. Em Crystal Chronicles é um pouco diferente.

O ambiente é vivo, bem desenhado e com vários detalhes. A versão remasterizada trouxe uma resolução maior e deu um trato nas texturas, fazendo com que se perdesse a sensação de jogo antigo, mas mantendo o mesmo charme.

Apesar disso, os personagens, que já tinham um corpo estranho, permaneceram assim e causam uma sensação meio alienígena, devido as formações físicas de cada tribo. Uma das raças é cabeçuda com corpo oval e pernas curtas, sendo que as outras também possuem proporções estranhas.

No geral, todo o visual é bom, não sendo minucioso, mas competente. O ponto positivo aqui está no design das criaturas, pois são bem variadas e belas, principalmente os chefes, cada um é único e merecem um maior destaque.

Trilha Sonora

Se tem um ponto em que Final Fantasy Crystal Chronicles brilha, é na trilha sonora. A abertura do jogo já mostra um espetáculo audiovisual – muito mais áudio do que visual, mas tudo bem -, com uma música maravilhosa, esbanjando maestria em todos os aspectos musicais. É um momento que deve ser vivenciado mesmo por quem não conhece ou nem gosta de jogos, pois é, de fato, um show preparado para impactar.

Não parando por aí, o jogo ainda impressiona no quesito sonoro, não só nas músicas, mas também nos efeitos, que são agradáveis e extremamente competentes, além das dublagens que também são boas.

Todas as músicas são memoráveis, dando aquela sensação de completude que o jogo não oferece em outros aspectos. Elas não somente se encaixam perfeitamente nos momentos que tocam, mas se sobressaem em qualquer outro elemento do jogo.

São músicas que apostam em tons medievais abusando da flauta doce, tanto que cheguei a me questionar sobre as capacidades de um instrumento que parece tão simples. A trilha sonora de Crystal Chronicles oferece uma performance que vi em poucos jogos, chegando perto de jogos que possuem suas músicas aclamadas até hoje. Contudo, é triste ver algo tão excelente enquanto outros de seus elementos não são tão grandes assim nesse jogo.

Veredito

A decisão mais duvidosa que os desenvolvedores da versão remasterizada tomaram foi, com certeza, tirarem o modo multiplayer local, deixando somente o online. Tudo bem que o online foi facilitado, bastando que somente uma pessoa tenha o jogo para que outras 3 possam ter a experiência quase completa, além de ter algumas facilidades em momentos que é necessário sincronia. Mas ainda assim faltou o principal fator que tornou esse jogo tão memorável para muitas pessoas.

Apesar disso, ele ainda possui méritos, que estão na jogabilidade agradável – considerando que o jogo é um Boss-rush – e na trilha sonora. Digo que é um jogo que vale a pena adquirir pelo simples fato de poder ouvir suas excelentes músicas enquanto se distrai um pouquinho, tendo sua insistência recompensada com mais músicas e lutas divertidas contra chefes.

Recomendo-o para quem já é fã da franquia, para quem curte action-rpgs com jogabilidades diferenciadas e para quem quer ter uma ótima experiência sonora. Mas não recomendo como primeira visita a franquia, pois ele destoa muito dos outros jogos.

Já havia jogado no Gamecube? Tem boas lembranças para comentar aqui? Deixe sua opinião nos comentário!!


Trailer


* Esta análise foi escrita usando uma chave fornecida pelos desenvolvedores.

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Kiefer Kawakami

Sobre mim: Amante dos games, acredito que eles podem mudar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes, bem como aconteceu comigo. Possuo um amor incondicional pela Nintendo desde Donkey Kong Country e Super Metroid. Sou multidisciplinar e sei pouco sobre muita coisa, mas o suficiente para relacionar assuntos distintos. Além disso, quero divulgar os games para que as pessoas vejam a maravilha que são e podem ser.

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