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[REVIEW] Dice Legacy – A criatividade é sinônimo de diversão?

Conquistando o prêmio de game mais criativo da Gamescom 2021, Dice Legacy chega para tentar seu lugar ao sol no mundo dos games de estratégia em tempo real, porém, faz isso através de uma proposta bastante inusitada: dados e Rogue-like. Será que essa combinação deveria existir, na real?


Ficha Técnica

Título: Dice Legacy

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 31/08/2021

Tamanho: 1.2 GB

Desenvolvedora: DESTINYbit

Publicadora: Koch Media

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: Estratégia, Simulação, RPG

Tempo de Jogo (em média): 20 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: Livre

Preço no Lançamento (BR): R$ 104,99

Preço no Lançamento (EUA): US$ 19,99


Vários dados para todos controlar

Camponeses

Confesso que Dice Legacy é um jogo extremamente confuso nos primeiros minutos, e talvez isso se agrave por se tratar de uma versão adaptada para consoles. Não costumo ter problemas com RTS quando tenho contato com eles em controles convencionais, desde que este seja bem mapeado de forma competente. Porém, ele é bem confuso sobre onde fica o que, como menu de tecnologias e afins. Mas, passada essa curva de aprendizado inicial, o jogo prova ser algo bem único e criativo, de fato. Porém, criatividade nem sempre é sinônimo de um produto intuitivo e puramente divertido.

Ao contrário dos títulos convencionais do gênero, Dice Legacy, como o próprio nome já entrega, é predominado por dados. Todas as suas ações trazem estas peças representadas pelos seus camponeses, soldados, e classes de unidades em geral. Por exemplo, para coletar madeira de florestas, trigo de campos de trigo e ouro nas minas, é necessário alocar seus dados de camponeses trabalhadores lá. Uma vez usado estes dados e coletados os recursos, eles deixam de ser passíveis de uso até que rolemos novamente e passemos para o próximo turno.

Inverno rigoroso

Ao executar uma ação de mudar o turno, todos os dados na sua mão principal perdem um ponto de durabilidade, o que pode ser restaurado na Cookhouse (basicamente, um refeitório), colocando um dado específico e uma comida ao lado dela, consumido um ponto desse recurso. Caso você não restaure a durabilidade de um dado e o deixe zerar e desaparecer, a respectiva classe dele (camponeses, por exemplo) ficará descontente e, caso deixemos com que ela chegue ao nível de raiva, efeitos negativos surtirão em seu vilarejo.

Isso tudo também serve para construções, as quais exigem a alocação de dados camponeses construtores (simbolizados por um martelo), e muitas vezes até mais de um dado ao mesmo tempo. Porém, existe a chance também de que esses “personagens” se machuquem em batalhas contra unidades hostis, sendo necessário construirmos templos para curá-los, a fim de restaurar seu estado padrão. Ou então podemos “driblar” essa necessidade simplesmente fazendo o upgrade do dado para uma classe qualquer, como Citizen ou Soldier, alocando o camponês na escola ou construção militar, respectivamente. Porém, essa conversão só pode ser revertida com uma construção que realiza essa tarefa.

Já vi isso em algum lugar

Gerador de calor

Existe também a influência das estações, que podem mexer com sua estratégia. Há apenas inverno e verão, e o único com o qual temos que nos preocupar é o primeiro por causa do frio. Durante o inverno, precisamos construir geradores de calor que utilizam madeira, assim todos os trabalhadores de uma determinada área ao redor desse aquecedor conseguem realizar sua ação sem a possibilidade de ficar congelado. Caso você resolva enviar os dados de camponeses para trabalhar no frio sem qualquer aquecimento por perto, as chances de que eles fiquem afetados pelo frio são razoáveis, e esses dados ficarão inutilizáveis até que o inverno acabe ou quando utilizarmos uma bebida alcoólica para aquecê-lo. Essa mecânica é bem parecida com o jogo chamado Frostpunk, em que geradores são colocados em locais de trabalho para que nossas unidades não sejam congeladas e parem de trabalhar. Quem sabe isso não tenha sido uma inspiração direta?

Ataques ao vilarejo também são comuns de acontecer, e podemos enviar camponeses guerreiros (simbolizados por uma espada) ou dados de soldados que receberam essa classe através da conversão na construção militar. Com isso, esta classe tem um maior poder de ataque e consegue eliminar o inimigo mais rapidamente. Os combates são definitivamente a parte mais básica de Dice Legacy, mostrando que o jogo tem muito mais foco em gerenciamento do que em confrontos com inimigos como acontece em títulos como Warcraft. Felizmente, é possível ajustar a dificuldade para que as batalhas aconteçam só caso provoquemos o inimigo.

Decisões

Realizar o upgrades de seus dados também tem lá suas vantagens, como o desbloqueio de novos tipos de construção, as quais são liberadas na árvore de tecnologias e consomem pontos de conhecimento. Estes pontos podem ser adquiridos criando escolas e alocando dados da classe Citizen para produzir conhecimento para o vilarejo, porém, ao mesmo tempo, é necessário ter recursos para comprar as tecnologias através do esforço manual dos camponeses.

É necessário manter sempre um equilíbrio entre as classes existentes em sua comunidade, caso contrário, uma ficará mais descontente do que a outra, provocando aqueles já citados efeitos negativos. Para isso, a dica é nunca deixar a durabilidade dos dados chegar a zero, nem produzir dados suficientes – colocando dois dados para se “relacionarem” em uma Casa para gerar um terceiro – de forma que sua mão fique cheia e você precise descartar algum deles. O que dá “um gás” em seu relacionamento são os pedidos que estas fazem a cada estação que acaba, dando a opção de ganhar algum atributo de vantagem para o vilarejo ao mesmo tempo que aumenta suas relações com alguma das classes.

Também podemos criar distritos pertencentes a qualquer uma delas, o que concede vantagens em atividades como coleta de recursos específicos. Para isso, é necessário construir o Town Hall, edifício que serve como uma espécie de prefeitura e permite selecionar qual será a classe dominante naquela área, além de funcionar como uma forma de expandir o território no qual podemos habitar e construir.

Menos emocionante e intuitivo, mas ainda divertido em alguns sentidos

Posso dizer que Dice Legacy é divertido, mas foge demais de um game de estratégia em tempo real convencional. Mesmo assim, o espírito do gênero está todo ali, porém, executado de outras maneiras nada esperadas. Tudo aquilo que já vimos em jogos como Age of Empires e Warcraft é trazido aqui de uma forma bem mais focada em gerenciamento do que execução de ações em tropas e unidades isoladas, mostrando que Dice Legacy é nem mais um jogo de dados do que, de fato, um RTS tradicional.

A parte positiva da proposta vista aqui é que nunca vi nada igual, e o conceito é bem interessante quando se aprende de fato como jogar, mesmo que isso seja um pouco complexo no começo. A parte ruim é que não existe por aqui a emoção do gênero, como batalhas grandiosas e momentos marcantes, mas, no lugar, temos algo bem mais cadenciado e que exige raciocínio e gerenciamento por parte do jogador.

Porém, o maior pecado é a repetição. Quando você entende todas as mecânicas do jogo, o caminho para a vitória é repetir incessantemente suas decisões e administrar bem seus recursos. A estação de inverno também não caiu tão bem no estilo apresentado. Certamente, Dice Legacy tem seu público e irá agradar muita gente em busca de algo único. Porém, acredito que estes não serão os fãs do estratégia em tempo real em seu modelo tradicional.


Trailer do Jogo


* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pela Koch Media

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

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