[REVIEW] Party Hard 2 – Uma Festa de Matar
Foi numa festa, gelo e cuba libre que um Serial Killer resolveu atacar, de novo. Nesta continuação (que eu nem sabia que o primeiro existia), será que o assassino sairá ileso ou será que o jogo é que é de matar?
Ficha Técnica
Título: Party Hard 2
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 08/09/2020
Tamanho: 5.0 GB
Desenvolvedora / Publicadora: Pinokl Games/tinyBuild Games
Jogadores: até 2 jogadores (local)
Em Português: Sim (legendas)
Gênero: Ação, Aventura, Estratégia, Stealth
Tempo de Jogo (média): 10 horas
Save na Nuvem: Sim
Classificação: 17+
Preço no Lançamento (US): US$ 19.99
História
A história desse jogo é que você é um cara que está tentando ter uma noite de sono tranquila, para no dia seguinte fazer as mesmas coisas que faz todos os dias: acordar, tomar café, trabalhar, voltar para casa, dormir, acordar, café, trabalhar, voltar para casa, dormir… Porém, todas as noites uma festa atrapalha seu sono e, então, você decide acabar com a festa.
O seu estilo de jogo varia de acordo com o personagem escolhido. No início são apenas dois personagens selecionáveis, existindo outros a serem desbloqueados conforme o jogador avança no jogo e realiza as missões.
É interessante destacar que, além de uma descrição própria, cada personagem tem um tem habilidade e atributos específicos (ex: vida extra, invisibilidade), o que também pode funcionar para deixar o jogo mais fácil ou mais difícil. Abaixo um exemplo de personagem selecionável:
Um dos pontos positivos é que o jogo está com legendas em português, o que facilita a navegação por menus e entendimento dos “tutoriais” que o jogo vai te apresentando.
Por fim, destaco que a história contada pelo jogo não é o seu grande ponto positivo, pois ele é focado na jogabilidade.
Jogabilidade
O jogo se propõe a ser um sandbox. Você mata os personagens da maneira como quiser e quando quiser, não havendo script a ser seguido. Ele é até simplista demais ao não oferecer um tutorial básico sobre o que o jogador pode fazer numa fase, deixando-o livre pra explorar, errar e aprender, o que por vezes pode prejudicar a experiência do público.
O interessante é que o jogo pode fornecer, em um mesmo cenário, grupos de objetivos (uns mais fáceis, outros mais difíceis). Por exemplo: determinada fase exige que você mate 4 traficantes e 4 motoqueiros. Se você cumprir esse objetivo, a saída da fase já se abre. Contudo, se você quiser cumprir o objetivo de matar todas as pessoas na fase, sua pontuação será ainda maior (essa pontuação libera itens e personagens).
Basicamente há diversas ações que você pode fazer e objetos a utilizar. Há um alvo perto de uma churrasqueira? Jogue ele dentro. Quer matar um grupo de alvos? Jogue um coquetel molotov na área. Todas as formas de matar dependem da situação apresentada e dos itens que você dispõe naquele momento.
Deixar corpos expostos não é a melhor estratégia, pois se alguém vir o corpo chamará a polícia. Se você estiver perto do cadáver, testemunhas te associarão ao crime e você será perseguido pela polícia. Matou alguém e não tem onde esconder o corpo? Fique longe!
Além disso, há diversas áreas que o jogador não pode acessar por não ter permissão. Tentar acessá-las poderá gerar combate direto com os seguranças e até causar um game over prematuro.
Como dito anteriormente, os personagens possuem habilidades próprias. O que eu joguei (o Party Hard Killer) possui um instinto – que diz quais pessoas são alvos, quais são segurança e com quais objetos consigo interagir – e uma raiva concentrada que elimina um grupo de pessoas dentro de uma mesma área ao redor do personagem. Porém, volto a dizer: depende do personagem escolhido.
Gráficos e Sons
O jogo conta com cutscenes estáticas e extremamente bem desenhadas. Os cenários também são bem trabalhados e bonitos.
Infelizmente os NPCs e até o personagem principal não são no mesmo nível. Eles são em pixel-art, porém, na minha opinião, faltou algo que desse identidade visual ao protagonista e aos demais integrantes da festa. Ficou tudo muito genérico. Tá! Nós temos alguns personagens esporádicos que referenciam ícones da cultura pop (ex: Arlequina, exterminador do futuro e outros), mas isso é muito pouco para sustentar um jogo e não acrescenta, na grande maioria dos casos, nada no gameplay.
Fora o problema acima citado, eu gostei do trabalho de dublagem em inglês (apesar de não ser primoroso nem memorável) e dos sons ambientes da festa. Porém, faltou um melhor trabalho de ambientação na hora de fazer a música ir “sumindo” a medida que o jogador se afasta da fonte do som. Muitas vezes o som diminuía abruptamente com um simples passo em uma direção ou em outra, gerando certa estranheza.
O modo portátil também fica prejudicado com uma câmera tão afastada e um cenário tão escuro que atrapalha a perceber possíveis testemunhas, pontos de acesso ou itens no chão.
Problemas que matam o jogo
O jogo possui tantos problemas, mas tantos problemas que é difícil até saber por onde começar. O jogo tem a proposta de te tornar um serial killer especializado em festas e você decide se irá no modo stealth ou no modo assassino desenfreado. Contudo, quando penso em um jogo deste, costumo pensar sempre em três aspectos que tornam, para mim, um gameplay divertido: estratégia, ação e contingência. E esse jogo falha em todos os três.
No quesito estratégia, não há muito o que se fazer além de esperar o alvo se isolar (o que pode demorar muito). Dançar é uma maneira de atrair a atenção, seja para eles dançarem com você ou se irritarem e te dar uma bela de uma porrada. Mas nem sempre eles te notam dançando ou interagem com você. Outra maneira de chamar a atenção é com itens (ex: camisinha), mas também são bem difíceis de encontrar e também tem possibilidade de não funcionar. Por isso, senti falta de poder elaborar um plano e executá-lo, tendo a sensação de recompensa por ter pensado em algo e conseguido executar.
Com relação à ação, as mecânicas e variedades de armas são boas, porém é difícil a identificação sobre o que cada item obtido faz, virando um campo de testes para o jogador. Por exemplo: no cenário há um bebedouro que, quando você usa o instinto assassino, aparece o símbolo de uma bomba, então você espera que ele faça o que? Exploda, certo? Errado! O bebedouro vaza e eletrocuta as alvos. Esse tipo de coisa vai minando a vontade de jogar e o interesse pelo jogo. Além disso, um outro problema é a não indicação de contêiner e lixeiras acerca da quantidade de corpos que ainda cabem ali, acabando por, muitas vezes, te deixar a mercê carregando um corpo sem ter onde colocar.
Já no quesito contingência é que o jogo mais me frustrou. Sabe aquele momento em que você comete um erro e a polícia é chamada? Neste jogo são muitas variáveis que contribuem para que o jogador cometa algum tipo de falha e uma testemunha te flagre com a mão na massa. Aí você pensa: “ok! É só apagar a testemunha!”. Errado! A testemunha corre mais que o protagonista e é incansável. Ele sempre conseguirá chamar os policiais.
“Ok! É só me esconder dos policiais” – você pensa. Errado de novo. Não importa para quão longe você vá, pois os policiais sempre te acharão e te prenderão. Além disso, o cenário não possui pontos de camuflagem ou esconderijos, te restando apenas aceitar que a Lei será aplicada.
”Então tá! Se não pode vencê-los, lute com eles e mate-os!” Errado mais uma vez, jovem padawan. Você perderá toda e qualquer batalha com o policial, a menos que você tenha algum item potente o bastante para eliminá-los.
E uma vez preso ou morto na batalha, você terá que voltar tudo de novo. Às vezes você perde 15, 20 ou 30 minutos que gastou ali na fase, o que causa uma sensação de frustração com o jogo por ele não ter te fornecido meios de sair de uma situação adversa. E quando você finalmente alcança o objetivo da missão, é mais uma sensação de alívio do que de recompensa. Isso é uma pena.
Veredito
É difícil indicar esse jogo quando há tantos elementos estruturais e de decisão de desenvolvimento que frustram e comprometem a diversão.
O gameplay em si é divertido, porém a frustração de não conseguir elaborar e executar um plano, além de não ter o que fazer quando alguém te vê cometendo um crime, me deixou bastante desapontado. É um título que claramente tinha potencial, mas não foi aproveitado.
Contudo, diria que este jogo é indicado a todos aqueles que gostem de uma jogabilidade mais punitiva, em que o índice de acerto exigido em cada fase é de 100% ou próximo disso. Todavia, se você procura algo mais relaxante e recompensatório, Party Hard 2 talvez não seja um bom investimento.
Trailer do Jogo
Esta análise foi escrita utilizando uma chave fornecida pelos produtores.
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