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[REVIEW] Crysis Trilogy – Port sólido de jogos incríveis

Há pouco tempo, tivemos a notícia de que o primeiro Crysis estaria sendo remasterizado para o Nintendo Switch, algo bastante inimaginável se pararmos para pensar que o game não possuía uma performance sequer razoável para os consoles da época em que fora lançado – muito menos para os PC. E, sim, o Switch roda Crysis, e com uma qualidade bastante surpreendente, eu diria.

Quase um ano depois, a Crytek anunciou a chegada dos outros dois jogos para o console da Nintendo, todos remasterizados e adaptados considerando a adaptação do hardware. Essa trilogia finalmente se completou no Switch e, agora, ele finalmente roda, não apenas um, mas três Crysis através do pacote Crysis Remastered Trilogy.


Ficha Técnica

Título: Crysis Remastered Trilogy

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 15/10/2021

Tamanho: 29.5 GB

Desenvolvedora: Saber Interactive/Crytek

Publicadora: Crytek

Jogadores: 1

Em Português: Não

Gênero: Ação, Tiro

Tempo de Jogo (em média): 25 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: Livre

Preço no Lançamento (BR): R$ 152,95

Preço no Lançamento (EUA): US$ 29,99


A missão em meio à floresta coreana

Crysis 1 é o mais fraco da trilogia

No primeiro Crysis, somos um grupo de super soldados, o Raptor Team, vestindo trajes altamente tecnológicos, operados por nanotecnologia, que concedem alguns poderes sobre-humanos aos combatentes: super corrida, supervelocidade, invisibilidade, pulos altos, superforça e super resistência. Com todo esse arsenal de habilidades ao seu dispor, os soldados liderados por Prophet se transformam em um verdadeiro exército de poucos homens, capazes de derrotar até mesmo um batalhão inteiro de inimigos.

Após um “pouso” forçado e não tão bem sucedido nas Lingshan Islands, já que o grupo foi interceptado por um avião inimigo enquanto saltava de paraquedas, tomamos controle de Jake “Nomad” Dunn, um dos soldados, e precisamos nos reunir novamente com o grupo que foi separado em pleno ar antes da colisão com a superfície aquática.

Crysis 1 é um jogo bastante impressionante graficamente, principalmente considerando as limitações do Switch. Porém, a história é  bem “qualquer coisa”, e os cenários levam um bocado de tempo para receberem a variação merecida. Até lá, prepare-se para revisitar vários locais lotados de mata alta e inimigos para todo lado, além de bases coreanas com uma quantidade absurda de soldados patrulhando por lá. Fora isso, ambientes desertos, algumas poucas cavernas e locais gélidos compõem a ambientação do jogo que deu origem à trilogia.

A performance também não é tão bacana no primeiro port da série, e deixa a desejar ao renderizar constantemente objetos na frente do jogador, além de não possuir uma distância tão grande para que as coisas comecem a aparecer. O resultado é que são vários elementos pipocando na tela ao caminharmos, com um efeito de fade não tão agressivo assim.

Bases coreanas

Como citado anteriormente, o personagem possui vários superpoderes que dão vantagens a ele em relação a seus inimigos. Porém, mesmo assim, muitas vezes parece que a inteligência artificial exagera na “falta de piedade” e nos cerca de uma forma impressionante. A detecção de nossa presença também parece ser injusta, às vezes, e me deixou razoavelmente frustrado.

Outro elemento bem legal são os acessórios equipáveis nas armas. Podemos colocar silenciadores, lente com zoom óptico, mira com infravermelho, etc. Além disso, também temos a visão noturna, bastante útil em, bom, ambientes escuros.

O level design não é muito interessante, e apresenta, na maior parte do tempo, cenários sem tanta verticalidade e um backtracking razoavelmente maçante, que nos faz andar em boa parte do tempo de um ponto ao outro seguindo um ponto no mapa. Sinceramente, se você jogou os outros Crysis para depois ter contato com o primeiro, conseguirá perceber o salto de qualidade em vários aspectos que os outros dois jogos tiveram, e provavelmente ficará decepcionado como a origem de tudo não traz elementos tão interessantes em termos de jogabilidade e narrativa.

História intrigante e senso de missão

Tanque de guerra

Crysis 2 traz mudanças absurdas em relação ao primeiro game, e consegue tornar tudo muito mais divertido. Aqui somos James “Alcatraz” Rodriguez, um marine que acaba encontrando Prophet após quase morrer e ficar em seus últimos momentos de vida. Prophet, então, depois de um breve discurso heróico, entrega o traje nanotecnológico para Alcatraz e parte dessa para uma melhor. Com isso, o novo protagonista acaba, por fim, se tornando o novo Prophet.

O segundo jogo da trilogia faz melhorias significativas na interface, deixando tudo mais limpo e moderno, além de mais intuitivo, removendo a barra dedicada à saúde e mantendo apenas a de energia do traje com a quantidade de balas em cima. Agora, o indicador da sua vida aparece no centro da tela com uma mensagem de “saúde crítica”, algo que ajuda bastante e evita termos que olhar constantemente no canto inferior como acontecia no Crysis anterior.

Apesar de ser bem parecido com o primeiro em termos de superpoderes e jogabilidade em si, Crysis 2 consegue se solidificar através do level design incrivelmente vertical que, apesar de um tanto quanto linear em certos pontos, sabe como ser desafiador e manter a ação sempre lá no alto. É praticamente uma mistura de jogos famosos de guerra e tiro em primeira pessoa, como Battlefield e Call of Duty, com tudo que fora apresentado no Crysis anterior. E o resultado não podia ter sido melhor.

Ceph
Os Ceph

Aqui, precisamos usar novamente todas as habilidades a nosso favor, alternando sempre entre invisibilidade e super resistência. O único defeito é o stealth que não funciona tão bem. É necessário chegar por trás do inimigo para utilizar um ataque furtivo com a faca, o que muitas vezes não tem bons resultados já que acabamos por usar a coronhada em vez do golpe. Mesmo assim, as outras habilidades restantes também são demandadas, como o super pulo que é bastante utilizado para alcançar locais mais altos e saltar entre prédios.

Fora os poderes já conhecidos, agora temos um sensor de calor. Esse recurso é bem interessante e útil, principalmente em cenários que possuem bastante fumaça ou poeira no ar, o que impede bastante de visualizarmos a posição dos inimigos.

C4 em mãos

A ambientação deixa de lado toda a mata coreana de Crysis 1 e traz a futurista Manhattan de 2023 (3 anos após o primeiro Crysis), a qual não conta apenas com tropas de uma corporação conhecida como C.E.L.L., mas, também, a invasão de uma raça alienígena chamada Ceph, que apresenta inimigos velozes e mortíferos.

Combates épicos também estão presentes e acabam sendo bastante memoráveis, como em um no qual precisei abater um helicóptero equipado com uma metralhadora montada. Além disso, horda de inimigos chegavam constantemente por todos os cantos do edifício, o que deixou tudo muito mais desafiador – mesmo na dificuldade normal.

Também há veículos para conduzirmos, assim como no jogo anterior. Porém, desta vez, a linearidade da jogabilidade favorece bastante o uso do tanque de guerra e carros com metralhadoras armadas em cima, já que se faz necessários usá-los para abater os veículos inimigos que são impossíveis de serem derrubados apenas com as armas convencionais.

O possível encerramento da série

Port para Switch possui uma fidelidade gráfica bem alta

Aí então chegamos em Crysis 3, o possível encerramento definitivo da série. Em uma missão para resgatar o famigerado traje Prophet, Psycho (um dos membros de nosso grupo das forças especiais no primeiro Crysis) invade uma base da C.E.L.L. e liberta o protagonista. Assim, depois de atualizar Prophet brevemente sobre a situação em que o mundo atual se encontra, a dupla vai em busca da destruição da C.E.L.L. e dos Ceph, e, para isso, contará com figuras suspeitas como ajuda.

Crysis 3 é praticamente tudo aquilo que a série trouxe até então, porém, elevado até a máxima potência. Nesta sequência, contamos com o maravilhoso arco, que atira diversos tipos de flechas – desde as silenciosas até às explosivas – e prova ser a arma mais versátil de todo o game. A jogabilidade furtiva melhora bastante no terceiro jogo, graças a este arco que não compromete nossa camuflagem quando utilizado.

Mods

Porém, a maior novidade por aqui, certamente, são as modificações possíveis de serem feitas em nosso traje. Desta vez, contamos com várias vantagens que podem ser “compradas” pressionando o botão “-” do Switch, através de uma lista de todas as melhorias e suas respectivas descrições. Essas adições vão desde um carregamento mais rápido até uma duração maior de seus poderes de invisibilidade, por exemplo, o que torna a jogabilidade em algo mais dinâmico e pessoal. Além disso, existem até três slots de 4 habilidades pré-definidas para serem equipadas rapidamente.

Em termos de level design, algo importante para trazer variedade à franquia, Crysis 3 deixa de lado as ruas de Manhattan e nos apresenta à Nova York em ruínas, com vários membros da C.E.L.L. espalhados por todos os cantos e a corporação tentando conquistar o controle global, além de existirem alienígenas letais Ceph que se movimentam em alta velocidade.

Puzzles de hacking

Por fim, agora existem os puzzles rápidos de hacking, nos quais precisamos apertar o botão assim que o quadrado encontra seu ponto de ação. Isso serve para realizar ações como desativar minas terrestres (antes as localizando com sua visão de calor) e abrir portas, por exemplo. Portanto, além da já conhecida ação desenfreada e mecânicas de furtividade através do poderoso traje que a franquia sempre esbanjou, Prophet também precisa pensar bastante antes de agir para evitar ao máximo ser identificado.

Ports fantásticos e impressionantes

Para mim, a trilogia Crysis é um dos ports mais inacreditáveis para o console da Nintendo. É possível ver onde foram feitos os downgrades e como a Saber Interactive fez para que os três jogos rodassem de maneira fenomenal dentro das limitações do hardware do Switch. Por isso, digo com toda a certeza que o trabalho foi absolutamente brilhante.

É uma pena que os três títulos tiveram seus modos multiplayer originais totalmente removidos, dando lugar a um total de nada para compensar essa falta. Porém, a história e as mecânicas são uma dupla imbatível em toda a trilogia, deixando um pouco a desejar apenas no primeiro game caso você, assim como eu, não goste de tiro em primeira pessoa com elementos de mundo aberto e vários minutos apenas correndo por aí atrás de ícones no mapa. Já Crysis 2 e 3 são espetaculares, e mostram o resultado de tudo que a franquia soube fazer corretamente e elevou à máxima potência, fechando a saga com chave de ouro. Com isso, a única coisa que espero é um Crysis 4 e novos trajes nanotecnológicos.


Trailer do Jogo


* Esta análise foi feita utilizando uma chave enviada pelos produtores

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

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