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[REVIEW] Kaze and the Wild Masks – Inspirações com uma pitada de originalidade

Possivelmente, a maioria das pessoas concorda que a franquia Donkey Kong Country pode ser considerada um dos melhores jogos de plataforma existentes. Atualmente, não há muitos concorrentes para o grande gorila da Nintendo, e muitos tentaram assumir essa posição, mas todos falharam. Agora, em 2021, um estúdio independente brasileiro tomou a liberdade de se inspirar em DKC ao criar algo semelhante com uma certa protagonista que se inspira em muitas das mecânicas já vistas.

A página do jogo nas lojas digitais diz algo como “Kaze é um jogo de plataforma inspirado nos anos 90”. Portanto, será que apenas pegar emprestado alguns elementos bem feitos, de um grande sucesso, pode levar sua criação ao tão desejado “primeiro lugar do pódio”?


Ficha Técnica

Título: Kaze and the Wild Masks

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 26/3/2021

Tamanho: 759 MB

Desenvolvedora: PixelHive

Publicadora: Soedesco

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: Plataforma, Aventura, Ação, Arcade

Tempo de Jogo (em média): 4.5 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: Livre


Salvando sua terrinha

Máscara de águia

Kaze and the Wild Masks é estrelado pela personagem de mesmo nome: Kaze, a fofa coelhinha com uma jaqueta de couro, cachecol e sapatos. A história se passa em uma ilha chamada Crystal Islands, a terra natal de Kaze, que foi amaldiçoada por um poder maligno que fez com que os vegetais locais se tornassem seres vivos enfurecidos. Durante todo esse caos, o amigo da protagonista, Hogo, se sacrifica e acaba sendo capturado, fazendo nossa heroína sair ao resgate. Com a ajuda das Wild Masks, Kaze deve salvar sua ilha do poder maligno que acabou de assumir o controle das coisas.

A história, de maneira geral, é muito daquilo que costumamos ver em games deste gênero: ela existe, está ali, mas não possui extrema importância. Entretanto, a narrativa é falha e não predominante, sem maiores detalhes ou algo instigante que gere interesse pouco a pouco. Então, fica bem claro que o foco é apenas transportar o jogador fase-a-fase até o término de tudo.

Partindo pra aventura

Inspiração clara

A mecânica central é algo que já vimos no passado: Kaze pode correr, se agachar, pular e girar o cabelo para planar no ar por alguns segundos, etc. Além disso, ela pode se chocar contra o chão para encontrar itens colecionáveis ​​extras, mas também é capaz de escalar cipós para chegar a lugares mais altos. Fora isso, é possível coletarmos as letras K-A-Z-E e um coração extra que funciona como uma “segunda chance” – em vez de enviar você direto para a morte. E é claro que temos alguns checkpoints para evitar que você retorne ao início do estágio, sem falar que não existe um Game Over.

Mas é o seguinte: o elemento que torna Kaze and the Wild Masks tão especial são, certamente, as Wild Masks. Cada uma dessas máscaras concede a Kaze um poder especial único. Usando suas habilidades, Kaze consegue nadar debaixo d’água como um tubarão, escalar e pular paredes com a máscara de tigre, realizar uma investida/dash no ar e até mesmo dar um salto duplo utilizando o poder do lagarto furioso. Essas mecânicas especiais serão suas melhores amigas nesta jornada para livrar a ilha do caos, visto que, uma vez removidas, o jogo seria apenas uma “homenagem” a Donkey Kong Country – em vários aspectos.

Kaze consegue planar no ar

Cada fase também possui dois portais secretos e bem escondidos que lançam o jogador em uma fase bônus, para coletar cristais extras a fim de compor seus coletáveis. Depois de concluir um estágio, você será enviado para o seletor de fases do respectivo mundo, onde é possível rastrear sua quantidade atual de cristais coletados, letras K-A-Z-E e tudo o que você deixou para trás.

Quando você completa um mundo inteiramente, pode mover-se para um outro e repetir o ciclo. No final de cada um deles, existe uma luta contra chefe. Dentro delas você deve memorizar os padrões do inimigo, a fim de desviar dos ataques que são feitos e atacar quando a guarda estiver baixa, para, assim, ter sucesso na batalha e vencer o confronto.

Um pouco mais de originalidade não faria mal

Momentos esquecíveis...Mesmo que Kaze and the Wild Masks seja um produto excelente e bem polido, as inspirações são tão claras que você não consegue deixar de compará-lo com a franquia da Nintendo, enquanto se incomoda com o excesso de elementos emprestados – principalmente se for um fã. Até os inimigos são parecidos – exceto nas aparências -, tanto em termos de movimentação quanto de ataque.

Consigo até destacar um momento bem semelhante em que precisei enfrentar inimigos que aparentemente tinham medo da luz, a qual exigia ser tocada para adormecê-los. Este é exatamente o mesmo mecanismo, para não mencionar o termo “inspiração” novamente, do Kremlings de olhos vermelhos das minas escuras de DKC. A mesma crítica vai para a máscara com rosto de pássaro, que concede a Kaze a habilidade de voar batendo suas asas usando o poder temporariamente adquirido, o qual é exatamente a mesma coisa vista nos estágios do papagaio em Donkey Kong Country 2.

Os cenários, em geral, são um pouco clichês e contemplam ambientes como florestas e as clássicas fases do gelo. Portanto, sem muitas novidades neste quesito. As fases mais maçantes são as que controlamos a máscara de lagarto, que nos empurra para frente de maneira infinita, simulando bastante os carrinhos das minas de DKC. De longe, foram os momentos mais “esquecíveis” por causa da exigência de ação rápida constante e obstáculos até demais.

Estúdio com muito potencial, mas o produto tem inspiração excessiva

No final do dia, me diverti sim jogando Kaze and the Wild Masks. Entretanto, acredito piamente que a empresa realmente deveria ter se concentrado em criar algo mais original, em vez de optar por pegar muitos dos elementos do DKC e dar retoques aqui e ali. A música e os gráficos são bem polidos, apesar de não marcantes o suficiente para serem lembrados.

Jamais serei contra inspirações e melhorar aquilo que já existe em jogos de grande sucesso, mas o que encontramos aqui é praticamente muito do que há na saga do simpático gorila da Nintendo, mas de uma maneira modificada. Infelizmente, não consegui deixar de comparar Kaze com DKC em minha mente a cada momento da jogatina.

por outro lado, felizmente existem algumas máscaras bacanas com poderes únicos por aqui, que acaba sendo a parte mais divertida e original de Kaze and the Wild Masks. E para ser bem honesto, aqueles que nunca tiveram contato com DKC – ou simplesmente não se importam tanto com seus aspectos tendo sido emprestados em vários momentos -, provavelmente não terão nenhum problema com as claras inspirações e irão se divertir bastante com a aventura de Kaze e suas máscaras.


Trailer do Jogo


* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pelos produtores

 

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

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