GeralReviewsSwitch

[REVIEW] Bravely Default II – Bravamente quebrando padrões

A franquia Bravely Default começou em 2012, no 3DS, com o intuito de dar a um JRPG os moldes modernos sem perder a essência de suas influências. Foi um jogo de altíssima qualidade, aclamado até hoje. Posteriormente, foi lançado Bravely Second, trazendo mais novidades em um mundo completamente novo.

Mas, como os jogadores de Switch não podem perder uma franquia tão boa, esse ano foi lançado Bravely Default II. É sobre ele que falaremos aqui.


Ficha Técnica

Título: Bravely Default II

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 26/2/2021

Tamanho: 14.6 GB

Desenvolvedora/Publicadora: Square/Nintendo

Jogadores: 1

Em Português: Não

Gênero: JRPG

Tempo de Jogo (em média): 62 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 13+

Preço no Lançamento (BR): R$ 299,00

Preço no Lançamento (US): US$ 59,99


 

A procura dos Cristais elementais

É válido e importante citar que Bravely Default II não é continuação de nenhuma história anterior, sendo um mundo completamente novo, assim como ocorre em outros jogos da Square. Sabendo disso, vamos ao seu enredo.

Basicamente, os aventureiros devem recuperar Cristais Elementais que foram roubados para que o mundo não acabe por causa das calamidades que ocorrem pela falta deles. Um início descomprometido e idêntico a muitos outros jogos, mas é mais que isso.

O reino de Musa, onde a Princesa Gloria vivia, foi destruído para que os cristais fossem roubados e utilizados para fins malignos. Assim, ela parte para recuperá-los e impedir as calamidades que podem ocorrer. Depois de conseguir recuperar o Cristal de Vento, Gloria conhece um jovem marinheiro chamado Seth (nome que pode ser personalizado para interações online), que possui uma ligação misteriosa com os cristais. Posteriormente, os dois conhecem Adelle e Elvis, uma outra dupla que se formou por acaso mas também estão ligados ao destino. Assim, os quatro partem em busca dos Cristais Elementais e dos misteriosos artefatos chamados Asterisk, que servem como uma fonte de poder ligada ao enredo e à jogabilidade.

Entretanto, a busca não é tão fácil assim e existem muitas outras pessoas mal intencionadas por trás de todo o ocorrido, e esse é um mistério que deve ser descoberto pelo jogador. Seu enredo, apesar de parecer simples, quebra muitas expectativas, mostrando que Bravely Default II é grandioso nesse quesito.

O  jogo aprofunda a história dos personagens principais e secundários em vários momentos, mostrando suas origens, suas vontades, seus sonhos e conhecimento individual. Os personagens principais possuem uma motivação a mais do que simplesmente procurar os cristais, que é explorada lentamente, mostrando um pouco de sua personalidade. No fim das contas, o jogador consegue se identificar com eles e ter seus favoritos.

A história é contada por meio de diálogos. Muitos diálogos. É possível passá-los para frente e simplesmente usufruir da jogabilidade, caso seja vontade do jogador, ou acompanhá-los e se divertir com muitas conversas descompromissadas sobre encontros, desencontros e arremesso de sapatos. A quantidade de diálogos, assim como em qualquer JRPG, pode parecer maçante, mas apresentam o universo do jogo, dando dicas de jogabilidade ou são simplesmente pequenas conversas engraçadas.

Brave + Default

Aqui é um outro ponto em que Bravely Default II brilha. Ele pode parecer um simples JRPG com batalhas por turnos, mas é muito mais ambicioso que isso. A primeira mecânica que merece ser citada é o sistema de Brave e Default, e é um pouco difícil de explicar por texto, mas super intuitivo ao ser utilizado.

Utilizando o Brave, o personagem pode ter ações de até 3 turnos a mais em somente um, por um módico preço: ele ficará os próximos 3 turnos impossibilitado de agir. Entretanto, ele pode utilizar o Default e acumular um BP (Brave Point), que poderá ser utilizado posteriormente sem prejuízos. Então, basicamente, o jogador deve negociar ações a mais ou a menos consigo mesmo para enfrentar os desafios.

Existe o limite de +3 BP e -3 BP, então, quando o personagem possui o máximo, poderá executar 4 ações em um turno só e ficar com 0 BP, podendo agir normalmente quando for sua vez. Mas, para isso, deverá utilizar o Default e ficar sem agir. Uma vantagem é que o Default funciona como uma Defesa, diminuindo o dano recebido e as chances de receber algum status negativo.

Resumindo, o personagem tem uma ação por turno, e se ele não fizer nada, acumula duas ações no próximo turno e assim por diante, até ter 4 ações em um momento só. E o contrário também ocorre, ele pode executar duas ações em um turno só e ficar o próximo sem poder agir, até o mesmo limite de 4 ações a menos.

Um detalhe interessante é que todos os inimigos, inclusive e principalmente os chefes, conseguem utilizar esse sistema. Então é importante saber o momento certo de antecipar as ações. Além disso, o jogo possui outro sistema complexo, que também é eficiente e prazeroso: as classes.

Existem 22 classes no jogo, podendo ser trocadas a qualquer instante fora das batalhas. Cada classe possui uma série de vantagens e desvantagens em relação a equipamentos, stats, habilidades e magias, e existem das mais variadas, do clássico Mago elemental até o Domador de Feras e o Pintor.

Cada personagem pode ter uma classe principal e uma secundária, sendo possível utilizar as habilidades de ambas no combate. Mas, em relação às habilidades passivas, é possível selecionar qualquer uma, desde que ele tenha evoluído o suficiente na classe que possui tal habilidade.

E nisso entra um tema importante, os personagens possuem seu próprio nível, separado do nível que possuem em cada classe, de forma individual. Por exemplo, Seth pode estar no nível 20 mas no 4 de Mago, enquanto Adelle está no nível 21 e no 1 de Mago. Assim, é importante evoluir as classes que o jogador deseja, para que as habilidades ativas e passivas sejam liberadas e possam ser utilizadas ao máximo.

É interessante que, dessa forma, cada jogador pode personalizar o jogo à sua maneira, procurando as melhores combinações entre duas classes e utilizar habilidades passivas de uma terceira classe totalmente diferente, mas que podem oferecer vantagens específicas.

Indo para temas menos complexos, a exploração do jogo ocorre de forma bem similar aos anteriores. Os personagens andam livremente em cidades, no mapa e em dungeons, com uma câmera quase que isométrica. É importante ressaltar que não existem encontros aleatórios, todos os inimigos aparecem na tela e é possível fugir.

Caso o jogador decida explorar um pouco, ele será recompensado com batalhas épicas contra bosses que dão alguns tesouros, baús com itens e algumas missões secundárias, que geralmente são fáceis e dão boas recompensas.

O jogo possui alguns facilitadores que melhoram muito a qualidade de vida. É possível trocar os níveis de dificuldade a qualquer momento, acelerar em até 4 vezes o tempo das batalhas e repetir as últimas ações executadas. Então, caso o jogador queira esmerilhar os inimigos para ficar forte, não será difícil subir níveis dessa maneira.

Existe uma opção que recompensa os jogadores que permanecem com o Switch conectado a Internet. É bem básico e serve para dar itens bem úteis. Para isso, é necessário somente falar com um NPC e deixar o console no modo de descanso. Não existe nenhuma outra interação online, até o momento, além dessa.

Arte

Visual

A franquia Bravely Default teve seu início nos portáteis, sendo que seu primeiro (Bravely Default) e segundo (Bravely Second) jogo foram lançados para 3DS. Assim, seu visual apostava em personagens de baixa estatura e cabeças grandes, o famoso Chibi, como é comum em consoles portáteis. O terceiro jogo, Bravely Default II, foi lançado para um console híbrido, e é curioso que seu design de personagens mistura um pouco o modelo comum e o modelo Chibi, sendo pessoas um pouco mais altas e com uma cabeça um pouco menor, de uma maneira que não perde as características originais e não se torna estranho.

Os personagens principais são muito caricatos, cada um possuindo sua própria personalidade de design. Mas, como o jogo tem uma ideia de quebrar padrões, até nessa questão algumas coisas não são o que parecem. Ao mesmo tempo em que há personagens nitidamente mal intencionados.

Todo o cenário é belíssimo, em especial as cidades, que usam e abusam de efeitos de paralaxe, com camadas inferiores e superiores, de forma pré-renderizada. Isso é possível pelo fato da movimentação dentro da cidade ser diferente de outros locais, pois a câmera é fixa e somente acompanha os personagens para cima e para baixo.

Uma coisa que causa um pouco de estranheza é a violência que o jogo apresenta nas cenas. É um pouco estranho ver personagens tão fofos sendo violentamente socados, esfaqueados e arremessados do jeito que o jogo apresenta.

Fica o destaque aqui para as cenas, pois possuem um nível de polimento absurdo, são fantásticas e conseguem passar a emoção que querem. Os poucos momentos de batalha durante as cenas são impressionantes.

Trilha sonora

Muitos RPGs que joguei apresentam ótimas trilhas sonoras. É meio que um padrão, é comum ver ótimas trilhas sonoras vinculadas a algumas franquias japonesas. E aqui não é diferente.

As músicas do jogo são absurdamente boas, emocionais, com proporções épicas. São perfeitas para o momento que querem ambientar, motivam durante a batalha, animam durante cenas e dão a sensação de catástrofe em momentos chave.

Elas possuem uma ampla variedade de temas, ritmos e gêneros, sendo normal tocar uma balada aos moldes antigos e posteriormente a música de batalha trocar para um Bluegrass super envolvente e inspirador, cada uma encaixando perfeitamente ao momento que querem passar as sensações. E são ótimas para ouvir em outros momentos, fora dos jogos.

Fica um destaque para a dublagem, que dá ainda mais características aos personagens, mostrando seus vícios de linguagens e variados sotaques.

Veredito

Bravely Default II é um jogo com proporções e intenções superiores ao que seus anteriores querem passar. Um jogo tão ambicioso assim tende a cometer pequenos erros, mas isso não ocorre aqui.

Antes do lançamento, os desenvolvedores lançaram algumas demos e um formulário para os jogadores deixarem suas sugestões de melhoria, e a cada nova atualização o jogo ficava mais polido, principalmente na questão de qualidade de vida do jogador.  Então o game não peca em pequenas questões de usabilidade. Além disso, os facilitadores de combate tornam a jogabilidade menos cansativa e sua complexidade a deixa mais prazerosa.

Tendo em vista esses aspectos, posso recomendá-lo para quem não está acostumado a JRPGs mais tradicionais, pois ele bravamente quebra muitos padrões cansativos da indústria. Recomendo-o, obviamente, para quem gosta de RPGs tradicionais e para quem gosta de uma boa narrativa. Mas não posso recomendar para quem está acostumado a combates mais ativos, pois aqui os comandos são feitos individualmente, como todo JRPG.

E você? Já jogou? Jogou os anteriores e quer conhecer o novo? Deixe sua opinião nos comentários.


Trailer do Jogo


* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pela Nintendo

Gostou? Então compartilhe!

Kiefer Kawakami

Sobre mim: Amante dos games, acredito que eles podem mudar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes, bem como aconteceu comigo. Possuo um amor incondicional pela Nintendo desde Donkey Kong Country e Super Metroid. Sou multidisciplinar e sei pouco sobre muita coisa, mas o suficiente para relacionar assuntos distintos. Além disso, quero divulgar os games para que as pessoas vejam a maravilha que são e podem ser.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *