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[REVIEW] Felix The Reaper – Um Romance de Matar

Um ceifador dançante do Ministério da Morte deve fazer seu trabalho enquanto busca se encontrar com sua musa inspiradora que trabalha no Ministério da Vida. Uma paixão proibida ao ritmo de muita música. Porém, será que o jogo é bom ou será que desafina? Vamos ver neste review.


Ficha Técnica

Título: Felix The Reaper

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 17/10/2019

Tamanho: 4.2GB

Desenvolvedora/Publicadora: Kong Orange/Daedalic GmbH

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: Puzzle

Classificação: 12 Anos

Preço no Lançamento (US): US$ 24.99

Tempo de Jogo (média): 5 horas


História

Felix é um ceifador que trabalha no Ministério da Morte. Ele possui uma paixão secreta por Betty, que por sua vez trabalha no Ministério da Vida. Desde os primeiros minutos é avisado ao Felix (e por consequência ao jogador) que esta é uma paixão impossível.

O motivo deste amor ser impossível? Felix só pode se mover nas sombras, Betty pela luz. Então como fazer para dar certo? Felix acredita na possibilidade deste romance e que um dia irá encontrar Betty por aí, durante um trabalho ou outro. E é inegável que ele se esforça para isso, tanto que aprendeu a dançar com o único intuito de impressioná-la e conquistá-la.

Além desse enredo envolvendo os pombinhos, ao longo do jogo somos apresentados a uma história sobre a própria morte e como ela evoluiu junto com a humanidade. Desde uma morte dançante até as representações atuais, fazemos esse passeio pela história humana.

Pequeno trecho de texto do primeiro ato do jogo.

Infelizmente, o ponto ao qual me referi no parágrafo anterior é apresentado de forma unicamente textual. São textos imensos apresentados de forma parcelada conforme você vai avançando no jogo, sendo que cada um desses trechos é bem grande e nos conta como era tratada a morte durante um período histórico específico. Por isso, devido a quantidade de informação textual que nos é apresentada, esta pode se tornar uma tarefa bastante monótona e cansativa para alguns jogadores.

Jogabilidade

O jogo em si é dividido em 5 atos, cada um com sua vítima da vez. Cada ato é subdividido em missões nas quais você realiza algumas ações que juntas culminarão na morte da sua vítima.

Logo no início de cada missão é apresentada uma pequena cena com o que aconteceu antes do Felix chegar, pausando o tempo assim que ele finalmente chega. Após esta cena, é finalmente apresentado o objetivo da fase, que consiste em organizar objetos e eventos para que sua vítima seja finalmente morta.

Cena que mostra o que aconteceu antes da chegada do Felix.

Antes de mais nada: este não é um jogo musical ou rítmico. O cenário é dividido em quadrados de movimentação, mas Felix somente pode se movimentar para as áreas onde existam sombras. A luz do Sol é sua inimiga mortal e você deve evitá-la ao máximo, mesmo que as únicas punições sejam voltar ao movimento imediatamente anterior à exposição aos raios solares, bem como não te dar um “troféu” por ter cumprido o objetivo sem ter o contato com a luz.

O Sol é seu inimigo!

Ao clicar em um quadrado com sombra, Felix corre para lá…… ou melhor, vai dançando até lá! E para atingir seus objetivos e se mover para novas áreas ele poderá até mesmo “girar” o Sol, fazendo com que alguns objetos projetem novas sombras onde antes era luz, abrindo novos caminhos e possibilidades. Porém, cuidado com o quadrado onde você está, pois ele pode ficar iluminado após esta ação.

E não é só girando o Sol que você alcançará seus objetivos. Posicionar caixas e barris para criar novas áreas de sombras, interagir com interruptores que movimentam estruturas específicas e até mesmo entrar em encanamentos que te transportam para outros lugares do cenário são alguns requisitos para que você consiga concluir suas tarefas e ganhar a plaquinha de funcionário do mês do Ministério da Morte.

É interessante dizer que uma mesma missão é dividida em pequenos checkpoints, ocasiões em que são exibidos trechos de algumas músicas e que te dão a indicação visual de que você está indo no caminho certo. Aqui temos que parabenizar os desenvolvedores pelo esforço em pegar músicas brasileiras para compor esses avisos. Veja abaixo um exemplo:

Já me passaram a mão na…….. deixa pra lá!

Após completar uma determinada missão, é exibido uma cena com o desfecho ocasionado pelas suas ações, o que é bastante interessante. Além disso, abre-se a possibilidade de jogar a mesma fase em um nível hardcore, ideal para aqueles jogadores que querem um desafio ainda maior.

Gráficos e Sons

O gráfico do jogo é bem feito. Os personagens caricatos e sem comprometimento com a realidade facilitam a aceitação do público.

Quanto às músicas, achei bem repetitivas e genéricas. Gostei de algumas, mas a maioria do tempo eu jogava sem som, devido ao grau de repetição que a parte sonora oferecia. Em certos momentos, eu estava tão estressado com o puzzle que a trilha sonora mais me estressava do que me animava.

Problemas de matar

Infelizmente este é um daqueles jogos com um ótimo trailer (você conseguirá vê-lo ao final do post), uma ótima proposta, mas com uma execução questionável.

Como dito anteriormente, este não é um título com jogabilidade baseada em ritmo. A única questão musical que o jogo aborda é na caracterização e na movimentação do Felix, e o próprio trailer foca muito em um protagonista dançante. Então a gente espera o que? Que Felix pelo menos mantenha um ritmo e cadência condizente com a música que está tocando no seu fone de ouvido (e no console do jogador), certo? Pois é! Não é isso que acontece. Independentemente da música escolhida, Felix se movimenta da mesma maneira, e em vários momentos fica uma situação bem esquisita, pois a música está num ritmo totalmente diferente do da dança.

Imagem de Divulgação.

Sobre a jogabilidade, como dito anteriormente, há diversos objetos com os quais Felix pode interagir durante as missões. Porém, para alguns deles o jogo opta por não ter tutorial, mas sim apresentá-los por meio de ilustração na tela de loading. Isso mesmo! Na tela em que ninguém presta atenção em nada eles apresentam uma função crucial para continuidade e resolução do problema.

Além disso, os puzzles não me deram aquela sensação de recompensa e também achei que são bastantes repetitivos, o que é uma pena. Na minha opinião, a campanha normal já possui um desafio bastante exigente em alguns momentos e mesmo assim eu não me senti animado ao concluí-los, muito pelo contrário! O que senti foi mais alívio por ter acabado do que recompensa pelo meu esforço. Isso pelo motivo de o jogo não seguir uma lógica em que o jogador consegue ver a solução de acordo com as suas ações. Na minha experiência pessoal me faltou aquele “ahhhhh! Descobri como faz”, coisa que senti com, por exemplo, The Talos Principle (review aqui).

Por fim, o controle da câmera não é dos melhores. Algumas vezes tentei reposicionar a câmera para ter novos ângulos de visão e o cursor (representado por um pequenino ponto branco) se perde, o que me gerou momentos de estresse e irritação.

Veredito

Felix The Reaper é um jogo com uma ótima proposta, um ótimo trailer e com uma execução que ficou aquém do que eu esperava. O fato de não haver uma integração entre a música e o Felix me decepcionou bastante e me fez pensar na oportunidade perdida de fazer algo que tocasse (com o perdão do trocadilho) em nossos corações. O jogo constantemente pede essa sinergia entre personagem e música, mas nunca temos isso na tela.

Os puzzles são repetitivos e não me deram a sensação de recompensa, mas ainda deve agradar a algumas pessoas por ser possível jogar de forma rápida, sendo útil para aqueles momentos em que você quer jogar algo, mas não tem muito tempo.

Apesar desses problemas que relatei, é possível notar que os desenvolvedores tiveram muito carinho e se esforçaram muito para criar um ambiente leve e divertido, brincando com a morte e sua história. Destaco o trabalho de localização do jogo, adaptando os textos para a nossa cultura, aproximando-o do público brasileiro. Além disso, parabenizo a equipe pelo trabalho de pesquisa histórica acerca da evolução da representação da morte.

Espero que tenham gostado deste review. Já jogou este jogo? Deixe nos comentários o que achou.


Trailer


* Esta análise foi escrita usando uma chave fornecida pelos produtores. 

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Tovar

Nintendista desde os 8-bits, pulei somente a geração GameCube (que recuperei com o Wii). Jogo em qualquer plataforma. Um fã de The Legend of Zelda, Donkey Kong, Mario, Mega Man, e de outros grandes nomes da indústria.

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