[REVIEW] Ruiner – Quem está controlando a sua mente?
Ruiner é mais um daqueles jogos que você provavelmente já ouviu falar, mas que só agora está saindo no Nintendo Switch. Lançado em 2017 para PC, PS4 e Xbox One, Ruiner é o primeiro jogo do estúdio polonês Reikon Games e está sendo distribuído pelo consagrado selo indie da Devolver Digital. A Reikon Games também está trabalhando em um novo jogo, um FPP (First Person Perspective) co-op que está nas primeiras fases de desenvolvimento.
Ficha Técnica
Título: Ruiner
Plataforma: Nintendo Switch
Lançamento: 18/06/2020
Tamanho: 7.4 GB
Desenvolvedora / Publicadora: Reikon Games / Devolver Digital
Jogadores: 1
Em Português: Sim
Gênero: Aventura, Ação, Estratégia
Save na Nuvem: Sim
Classificação: 18+
Preço no Lançamento (US): US$ 19.99
Tempo de Jogo (em média): 6 horas
Apesar do quase inevitável trocadilho ao ouvir o nome do jogo, Ruiner não faz feio em nenhum de seus elementos – mas isso também não quer dizer que todos eles são excelentes. Como em muitos jogos indies lançados nos últimos anos, Ruiner peca mais pela quantidade de coisas e, assim, não foca em aspectos potencialmentes promissores. Além disso, o visual cyberpunk, a visão top-down e a ação violenta coloca o jogo em mar gigante de jogos indies iguais, o que é uma pena, pois Ruiner poderia ser muito mais que só isso.
Jogabilidade
Podemos dizer que Ruiner é muito focado em jogabilidade. Por ser um jogo onde você precisa, basicamente, passar por hordas de inimigos usando reflexos e habilidade, é importante que o gameplay seja confortável. Porém, Ruiner pisa na bola exatamente nisso.
A movimentação é o clássico Twin-Stick Shooter, ou seja, com o analógico direito você direciona o personagem para apenas 8 posições e com o analógico esquerdo você anda. É um estilo de gameplay que pode não agradar a uma parcela dos jogadores, pois a movimentação de lado ou de costas aliada a uma visão top-down em que você visualiza o personagem de cima e a uma distância considerável pode ser um pouco frustrante.
Para derrotar os inimigos você pode usar uma arma corpo a corpo (R) ou uma arma de fogo (ZR); os outros botões são para as suas habilidades e você pode mapeá-los com alguma limitação.
O analógico direito também serve para mirar quando estiver usando uma arma de fogo. A configuração de mira automática ajuda os desacostumados, mas é praticamente impossível manter a precisão no combate com esses controles.
A movimentação, a mira e os botões são um pouco confusos e podem exigir um pouco mais de esforço e paciência do jogador. Por outro lado, a dificuldade de Ruiner é bem adaptável à situação e habilidade de quem está jogando e as batalhas não perdem a sensação de desafio.
História
O jogo começa te falando apenas que você é um desconhecido em um mundo cyberpunk pós-apocalíptico. O prólogo consegue apresentar bem aquele universo: sua mente está sendo controlada para que você mate uma personalidade perigosa. No fim desta introdução (e do tutorial) outra pessoa invade o seu cérebro, avisa que você está sendo enganado e que seu irmão foi raptado.
Apesar da motivação principal em salvar o próprio irmão, em quase todo o momento da história você desconfia do que está fazendo. Enquanto jogava, eu me perguntava se essa seria mais uma história clichê com elementos de cyberpunk, vingança e a jornada para salvar alguém querido ou o jogo reservaria um plot muito interessante e reflexivo no final.
Só essa dúvida já me fez imergir na história. A narrativa de Ruiner te instiga a fazer algumas perguntas como “se ele não lembra de nada, como sabe que aquele é seu irmão?” ou “como confiar em alguém que hackeou a sua mente”.
É uma pena que o jogo não explore essas questões de uma forma mais clara, já que a história principal segue uma narrativa mais linear e batida.
O potencial desperdiçado de Ruiner
A história de Ruiner é contada através de várias fases dentro de um mapa, e em cada mapa você tem um alvo, que é o chefe final daquele mapa. É o clássico jogo em que você vai andando por uma direção, chega em uma área grande, mata os inimigos daquela área e segue adiante.
Entre um mapa e outro, você pode andar pela cidade do jogo, onde é possível acessar algumas missões secundárias, é uma espécie de hub. Ao ver essa área pela primeira vez eu me surpreendi, mas a decepção veio quando percebi o quão pouco essa parte do jogo foi explorada.
Nessa cidade, que possui um visual cyberpunk muito bonito e com personagens e diálogos interessantes, é possível fazer poucas missões secundárias e a maioria delas são apenas resultantes das missões principais, como recompensa por matar inimigos, itens que você encontra, etc.
Fica claro que investir nessa área aumentaria muito o escopo do jogo, mas ela possui um potencial para aprofundar as mensagens subjetivas que o história traz e até para explicar mais sobre o background do personagem principal.
Enquanto a cidade foi pouco explorada, as habilidades que você adquire parece algo sobrando em Ruiner. É claro que quanto mais opções melhor, principalmente em um jogo que te incentiva a quebrar os próprios recordes. Porém, a árvore de habilidades em Ruiner é bem confusa e redundante em algumas escolhas. O bom é que você pode “desaprender” uma habilidade e recuperar os pontos para investir onde você quiser.
Gráficos e Sons
Se tem algo inegável em Ruiner é o quanto o jogo é estiloso, mesmo usando os velhos clichês do universo cyberpunk. Cada NPC possui a sua personalidade nos traços, enquanto os inimigos parecem mais “minions”. Toda essa originalidade vem acompanhada do quão bonito graficamente Ruiner é.
A trilha sonora também chama muito a atenção, porém é difícil ouvi-lá no meio de tiros, espadadas e explosões do combate de Ruiner. É o tipo de música que é possível “ouvir sem um controle na mão”. As músicas foram feitas pela compositora polonesa Nathalia Zamilska, que ganhou prêmios nacionais por esse trabalho, mesmo concorrendo com grupos de Techno da Polônia. Atualmente é possível ouvir a trilha do jogo no Spotify.
Veredito
Ruiner entra em um pacote de jogos que usam de elementos já batidos para tentar criar algo novo, e é nessa “criação” que Ruiner decepciona. Você tem apenas um gostinho do “mundo aberto” na cidade, uma prévia do que poderia ser uma história profunda e percebe durante toda a gameplay como a jogabilidade deveria ser mais leve.
Essas escolhas não tiram os méritos do jogo. É divertido derrotar vários inimigos com as suas habilidades extremamente exageradas e a adaptação da dificuldade deixa esse combate mais acessível. Além disso, há o balanceamento entre estratégia e reflexo que Ruiner exige em algumas batalhas.
Porém, quantos outros jogos já oferecem essa mesma ação? Alguns com uma jogabilidade ainda mais refinada e até com um preço melhor.
Os diálogos (com uma excelente localização para o português), todo o visual do jogo e a personalidade dos NPCs conseguem entreter mais do que eu esperava, mas os elementos principais de Ruiner, como a jogabilidade, deixam um pouco a desejar.
O fato de Ruiner ficar no “quase” na maioria daquilo que ele se propõe pode decepcionar alguns jogadores. Porém, ainda é possível ter uma experiência agradável se você estiver em busca de um jogo bonito, com temática cyberpunk e um combate frenético, mas não tão difícil.
Trailer do Jogo
*Esta análise foi escrita usando uma chave fornecida pelos produtores.
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