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[REVIEW] Streets of Rogue – Tiro, porrada e muitas ressalvas

Depois de 2 anos em Early Access e muitas atualizações com feedbacks da comunidade, Streets of Rogue enfim foi lançado e com uma versão para Nintendo Switch. Desenvolvido por Matt Dabrowsky, esse “Indie de um homem só” tenta unir a liberdade de um RPG com elementos de um Roguelike. Será que essa mistura foi uma boa ideia?


Ficha Técnica

Título: Streets of Rogue

Plataforma: Nintendo Switch

Tamanho: 325 MB

Desenvolvedora/Publicadora: Matt Dabrowsky / TinyBuild Games

Jogadores: até 4

Em Português: Sim

Gênero: Ação, Roguelike, Multiplayer

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 10 anos


História

Primeiro é importante situar o ambiente onde o jogo se passa: o prefeito da cidade iniciou uma tirania e você controla membros da Resistência. Os mapas do jogo, inclusive, são nomeados conforme a narrativa, já que você começa na Favela, passa pela Indústria, Parque e pelo Centro da Cidade para, enfim, terminar no Bairro Classe A. Fazendo referência às diferenças sociais de uma sociedade.

O seu objetivo principal é chegar ao “topo da pirâmide” para acabar com esse regime. O jogo também carrega diversas histórias alternativas e paralelas, quase como easter egg’s. Cada personagem tem o seu próprio background e é divertido perceber as diferenças nas diversas Runs que você precisa fazer.

Além de curta e simples, a trama também é prejudicada pela repetição que o jogo exige. Isso já era algo esperado, já que em nenhum momento Streets of Rogue promete um roteiro bem elaborado e profundo. Fica claro que o foco é na jogabilidade e repetição.

Jogabilidade (e repetição)

Em um primeiro momento, Streets of Rogue parece só mais um Roguelike com visão top down, onde é possível andar, atirar/bater e usar itens. Aos poucos nos são apresentados os diversos caminhos para resolver as missões de cada fase. É possível chegar atirando, ir no stealth, destravar as armadilhas, montar emboscadas, ameaçar seus alvos e tantas outras formas que você vai descobrindo enquanto joga.

São três fases (andares) em cada uma das 5 áreas do jogo e é preciso cumprir as missões de cada andar para prosseguir. As regras acabam aí, a forma como essas quests serão resolvidas cabe a você decidir. Também há missões secundárias e opcionais em cada andar que você passa.

Tudo isso parece muito legal e dá vontade de experimentar toda essa variedade, né? Mas, como em muitos jogos indies, Streets of Rogue acaba tropeçando na própria ambição. Isso porque repetição, aleatoriedade, morte permanente e liberdade precisam estar precisamente alinhadas para dar certo em um jogo.

Pode parecer estranho enfatizar o termo “repetição” ao falar de um Roguelike, mas basta jogar por algumas horinhas para perceber o quanto essa característica é ainda mais explorada em Streets of Rogue. O primeiro exemplo está no “atalho” para acessar outras áreas logo ao iniciar o jogo, em que é preciso terminar a área anterior com pelo menos 5 personagens diferentes. Exemplo: para começar um jogo diretamente na Indústria, é preciso completar a Favela com 5 personagens distintos. Obviamente, esse looping não é prazeroso de ser feito, já que cada personagem tem sua característica e dificilmente conseguiremos nos familiarizar com 5 deles.

A liberdade em Streets of Rogue também é um tanto controversa. Ao mesmo tempo que você tem opções quase infinitas de combinações de personagens, características e modificadores, também é preciso ter muita cautela para não morrer “permanentemente”. Essa morte, inclusive, pode acontecer por um acaso: desde as missões geradas aleatoriamente, que podem ser difíceis para o personagem escolhido, até um alvo que tenha uma arma que você não consegue lidar. A sorte é uma importante aliada na sua jogatina.

Por outro lado, o trabalho que foi feito para criar essas combinações é de se elogiar. Ao todo são 24 “profissões”, cada uma com os seus atributos específicos. O Soldado carrega um arsenal de armas logo no começo; o Ladrão tem habilidade para roubar os NPCs; o Hacker consegue invadir todos os computadores; o Gângster pode recrutar membros da sua gangue, porém atrai os membros da gangue rival. São muitas possibilidades logo na escolha inicial.

Os itens então são incontáveis, sendo possível comprar, vender, recarregar, roubar, pegar ao matar um inimigo. Não só itens de combate, mas também de cura e que podem auxiliar no seu gameplay, como a “caixa stealth” de Metal Gear Solid ou vacinas com substâncias que podem envenenar vários inimigos de uma só vez.

Quanto à física em Streets of Rogue, não há o que reclamar. A movimentação é muito fluida, com um combate bem feito e uma diferença crucial para cada objeto selecionado. A dificuldade fica por conta das armas à distância, já que não existe uma mira e o seu personagem sempre estará atirando para frente. Porém, a adaptação com esse tipo de jogabilidade é rápida, uma vez que outros jogos também utilizam essa mecânica.

Direção de Arte e Desempenho

A parte visual e sonora de Streets of Rogue é totalmente o inverso da complexidade que há na jogabilidade: normal até demais. Os cenários não dizem nada, mas funcionam muito bem; as músicas só mudam ao mudar uma área, o que torna a trilha um pouco enjoativa. O pixel-art dos personagens é o suficiente para diferenciar uma profissão da outra logo ao bater o olho, mas não há nada de deslumbrante nesses traços.

Os poucos momentos em que o visual chama a atenção acontecem em explosões ou em mortes exageradas e com muitos NPCs.

A crítica na parte visual vai para a HUD do jogo, ou seja, em como os elementos que precisam de uma visão rápida são organizados na tela. É muita bagunça, com textos mal localizados ou pequenos demais – principalmente na tela do Switch.

Como o jogo esteve em Early Access por algum tempo, os problemas de desempenho foram minimizados nesse lançamento. Não foi possível perceber nada de anormal quanto a gráficos ou tempo de loading.

Veredito

Enquanto jogava Streets of Rogue eu tentava classificar o jogo de alguma forma. Apesar de sentir muita frustração sempre que chegava no último andar de uma área e morria de forma idiota, o jogo também me reservou alguns momentos interessantes.

O grande problema é que esses momentos não são garantidos ou esperados – talvez por isso a grandiosidade deles. Vários destes bons momentos apenas foram satisfatórios pelo fato do jogo, na maior parte do tempo, transmitir um sentimento de apreensão e medo de perder o progresso até ali.

Por isso minha experiência ficou marcada por elementos interessantes, porém com diversas ressalvas. Foi como correr apreciando uma exposição de arte ou tentar cantar debaixo da água. Sempre parecia haver algo de errado.

Ainda assim, Streets of Rogue encontra seu público. Para aqueles que gostam de Roguelike e não se importam com a repetição exagerada, esse jogo pode ser um prato cheio, principalmente com as inúmeras possibilidades de gameplay. A curta história, de no máximo 3h, também não é um problema, já que o desafio é terminar as fases de diferentes formas. O jogo está saindo U$ 20 na eShop americana e ainda não está disponível na loja brasileira.

Se tem uma coisa que podemos dizer de Streets of Rogue é que ele é original e isso facilita na hora de decidir pelo jogo ou não. Caso esteja buscando um Roguelike onde tudo é incerto e inesperado, ao mesmo tempo em que há possibilidades de “criar” o seu próprio gameplay, com certeza Streets of Rogue é o título certo para você.


Trailer do Jogo


Este review foi feito utilizando uma cópia enviada pelos produtores.

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Jonatas Marques

De RPG japonês até Candy Crush genérico, se me prende a atenção, estou jogando! Essa paixão transcendeu para a internet, onde escrevo sobre games na NL e no Medium.

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