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[REVIEW] Darksiders III – A ascenção e queda de uma franquia

Darksiders é uma série que desde sempre pega bastante inspiração em Zelda e, de certa forma, God of War. O primeiro nome trouxe as famosas dungeons e elementos de puzzle para a série, com quebra-cabeças bem bacanas e relativamente criativos. O segundo é por conta dos combos, upgrades e jogabilidade bastante focada no hack ‘n slash que acompanha a franquia desde o primeiro título. Depois de jogarmos com War e Death, finalmente tomamos o controle de um outro Cavaleiro (ou seria “cavaleira”?) do Apocalipse: Fury.


Ficha Técnica

Título: Darksiders III

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 30/09/2021

Tamanho: 6.7 GB

Desenvolvedora: Gunfire Games

Publicadora: THQ Nordic

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: Ação, Aventura

Tempo de Jogo (em média): 14 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: Livre

Preço no Lançamento (BR): R$ 203,95

Preço no Lançamento (EUA): US$ 9,99


O cavaleiro egocêntrico

Uma obrigação em troca de um favor

Depois do conselho ter usado War e Death para cumprir seus próprios objetivos, chega a vez de Fury, a moça do grupo, de ser a enviada para cumprir os interesses do grupo. Mas ela não estará sozinha, pois contará com sua companheira Watcher a montaria Rampage em sua jornada atrás da destruição dos Sete Pecados Capitais, tendo, em troca, a promessa de tomar a liderança dos Cavaleiros do Apocalipse.

O terceiro Darksiders traz mais uma vez inspirações provenientes de franquias famosas, e a bola da vez é Dark Souls. O jogo foi bastante criticado na época em que foi originalmente lançado, e o maior motivo disso foi seu afastamento daquilo que fez Darksiders conquistar uma legião de fãs no mundo todo, além de tornar tudo mais básico se comparado ao antecessor.

Agora, no lugar de puzzles elaborados e um combate viciante como principal foco, o game design acaba mirando completamente na fórmula da From Software e, em alguns sentidos, até acerta, como na questão dos upgrades e almas coletáveis. Porém, verdade seja dita: a frustração é bem maior do que a diversão.

Combate bagunçado

A sequência de Darksiders me deixou com a pulga atrás da orelha, e isso ocorreu logo em seus primeiros minutos de jogabilidade. O combate é desengonçado e bagunçado (com uma câmera bem ruim), e agora exige um controle de multidão bem mais acirrado, em que inimigos te atacam o tempo todo (na dificuldade normal) e não dão sorte ao azar. Mesmo no modo easy, eliminar inimigos em Darksiders III é bem monótono, e nada parece mudar em relação ao normal.

Fury não é tão ágil, mas possui ataques relativamente poderosos que podem ser melhorados na loja do Vulgrim, o mercador demônio presente desde sempre na série. Com uma certa quantidade de almas coletadas, basta conversar com Vulgrim e subir de nível, sendo que cada um concede pontos de atributos para serem distribuídos entre Saúde, Força e Poder Arcano.

Inicialmente, os únicos combos disponíveis são executados com o botão Y, o que deixa o combate bem repetitivo durante boas horas, tendo apenas a esquiva como variação. Isso chateia até que, finalmente, liberamos o comando X para golpes mais fortes com o elemento fogo, através da nova arma da protagonista que é recebida depois de uma luta com um chefe. Porém, até lá, já se passaram cerca de 3 horas.

Morrer, morrer e morrer

Vulgrim agradece pelas almas
Vulgrim agradece pelas almas

Apesar de tudo ficar um pouco mais agradável depois de um tempo, prepare-se para morrer diversas vezes e ver a longa e demorada tela de loading na sua frente até poder regressar. O que antes era uma consequência de seus atos e descuidos em Darksiders I e II, agora faz parte do game design. E isso não é nem um pouco sutil, já que é necessário voltar ao ponto onde deixamos todas as nossas almas (usadas para upgrades) para as recuperar, novamente, como em Dark Souls. Definitivamente, não é algo que precisava ser implementado na série.

Não pense também que será possível sair correndo dos inimigos para despistá-los, pois todos irão te seguir até onde for possível. Alguns obstáculos os eliminam por completo, felizmente, o que pode ser um alívio para quem, assim como eu, se cansar do combate logo de início.

E falando em Dark Souls mais uma vez, temos os Estus Flas… digo, o Nephilim’s Respite que, felizmente, não faz a personagem parar assim como a franquia da From Software. No lugar disso, podemos simplesmente pressionar o atalho para “baixo”, depois ativar o item pelo comando “cima” no D-pad, utilizando rapidamente o item apenas com uma animação que não congela a ação. Assim como em sua inspiração, também é possível obter upgrades para este elemento, encontrando o item necessário que fica caído por aí em corpos e locais diversos do game.

Fury recebe novas habilidades

Fora isso, na parte esquerda inferior do HUD ficam todos os itens consumíveis que podemos utilizar. Entre eles, estão os Shards de cura, os que preenchem a barra da forma mais poderosa de Fury e outros itens que podem se transformar em almas coletáveis.

A melhor parte do combate é poder se transformar em Havoc, o que aumenta bastante a quantidade de dano que a protagonista causa, além de torná-la imortal por alguns poucos segundos. Também dá para guardar o restante que sobrar desta barra com o mesmo comando de transformação, criando um gerenciamento voluntário do recurso.

Além desses problemas citados, temos ainda os elementos de plataformas, que consistem basicamente em pular sobre buracos e precipícios, além de nós balançarmos em tocos de madeira utilizando nossas correntes. Esse último é o mais frustrante, já que o framerate do jogo é bem afetado pelo port sofrido de Darksiders III, rodando em 30 fps quase nunca constantes. Quando muitos inimigos se juntam na tela, então, acontece uma apresentação de slides, de tão ruim que a performance fica. Também não é nada incomum ver texturas surgindo na sua frente.

A parte que se destaca

Puzzles são a parte divertida

De longe, a parte mais legal de todo o jogo são os puzzles. Alguns requerem um pouco de raciocínio para serem solucionados, como insetos que se alimentam de uma substância luminosa e se tornam explosivos após ingerirem tal substância. Eles servem como coquetéis molotovs para queimarem teias de aranha que bloqueiam passagens.

Mais à frente, as próprias habilidades de Fury também acionam dispositivos que ativam pontos e abrem portas levadiças. Além disso, a moça do Apocalipse também recebe uma resistência ao fogo, o que abre um novo leque de possibilidades e passagens cobertas por lava. Porém, nenhum quebra-cabeça traz exigências de outro mundo, algo que teria acrescentado bem mais à jogabilidade do que a constante inundação de combates monótonos.

Os diálogos de Darksiders também são um ponto de destaque que, além de uma atuação muito boa por parte do elenco de dubladores, também trazem uma boa história e um objetivo bem definido, que me deixou curioso para saber onde tudo iria dar. As conversas entre Fury e sua companheira Watcher também são interessantes, e algumas até brincam com a questão de certos clichês utilizados nos videogames, além de brincadeiras com o nome da companion. Ouvir a forma como Fury fala e observar seus diálogos também serve para vender mais profundamente a ideia da personalidade egocêntrica da protagonista.

Um port sofrido, uma jogabilidade mediana e uma história curiosa

Darksiders III é um jogo de muitos altos e baixos. Definitivamente, o combate é a pior parte de toda a experiência, já que é constantemente empurrado no jogador, utiliza uma câmera deveras ruim e é o maior culpado pela performance do port de Switch – que deixa demais a desejar. A história é o ponto mais alto de todo o game, além dos puzzles que divertem e desafiam o nosso intelecto (mas nem tanto assim, também). Os trechos de plataformas são bem esquecíveis e às vezes parecem bastante subutilizados, resumindo-se em se balançar com suas correntes, alcançar lugares mais altos e evitar cair em buracos, o que é atrapalhado pelo framerate.

Se você é fã da série e sempre teve a vontade de jogar a franquia toda de forma portátil, agora é a chance de obter os três títulos no Switch, já que todos estão presentes na plataforma. Porém, não consigo recomendar Darksiders III no híbrido da Nintendo assim como seus antecessores, já que este é o único que sofre por ser um port bastante prejudicado por uma performance bem ruim. Até o momento desta publicação, a última atualização é a 1.0.1.


Trailer do Jogo


* Esta análise foi feita utilizando uma chave enviada pelos produtores

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

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