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[REVIEW] Rise Eterna – O arroz com feijão sem a mistura

Em um mundo com vários RPGs táticos de qualidade, principalmente tratando-se do Nintendo Switch, a dev indie Makee resolveu fazer a sua estreia no gênero com Rise Eterna. Em um console com títulos de peso da própria Nintendo, como Fire Emblem Three Houses, fica difícil competir caso você lance um produto que não se destaque em algo que faça. Ou seja, ou você faz tudo muito bem feito, ou ficará vivendo à sombra da concorrência. Mas qual o segredo para que isso venha a acontecer?

Tenho um passado não muito profundo com títulos do gênero, sendo que meu preferido, e talvez seja até um clichê dizer isso, é Final Fantasy Tactics. Sim, uma série spin-off dentro da franquia Final Fantasy que há muito tempo não dá as caras e nos apresenta uma sequência. Porém, essa minha ânsia com games táticos com elementos de RPG vem sendo suprida por meio de outros produtos do mercado independente.


Ficha Técnica

Título: Rise Eterna

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 13/5/2021

Tamanho: 1.5 GB

Desenvolvedora: Makee Games

Publicadora: Forever Entertainment

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: RPG, Estratégia

Tempo de Jogo (em média): 10 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: Livre


A velha história medieval

Uma invasão repentina

Rise Eterna nos apresenta uma história intrigante sobre uma invasão, porém, mal explorada e também não muito bem desenvolvida por conta de seus diálogos sem muitos detalhes e cenas estáticas para ilustrar alguns acontecimentos – sem mencionar alguns diálogos bastante vergonhosos e amadores. O mesmo serve para o elenco de personagens, cuja composição soma mais de 10 selecionáveis para integrar sua equipe, ao todo. Porém, para conhecer todos eles, é necessário descobrir como desbloqueá-los – um deles é liberado após jogar uma missão novamente, por exemplo.

Em termos de jogabilidade, muito daquilo que é visto em RPGs táticos é aplicado aqui: posicionamento de sua tropa, movimentação, ataque e defesa. Cada membro da sua equipe possui uma distância de movimentação própria, sendo possível movê-lo dentro do grid desenhado no chão. Porém, o maior problema é que, por mais óbvia que seja a existência desse elemento, não podemos sequer atacar na direção diagonal. Isso limita muito a estratégia, e não faz o menor sentido impedir o jogador de realizar esse tipo de investida com personagens que possuem ataques corpo-a-corpo.

As batalhas são sempre resolvidas eliminando todos os inimigos do mapa, porém não existe um indicador. Isso complica um pouco as coisas, já que precisamos vasculhar onde restou uma ameaça viva. Os gráficos também não ajudam tanto nessa tarefa, já que cheguei até ao ponto de confundir um inimigo com parte do cenário, por isso levei um tempo extra para finalizar a batalha.

Progressão por meio de batalhas e cenários mal aproveitados

Batalhas táticas

Já no mapa, tudo o que podemos fazer é nos mover de um ponto para o outro. Porém, não se engane, já que não há qualquer tipo de exploração, lojas, locais para visitar e coisas do gênero. Rise Eterna limita-se a migrar de batalha para batalha, trazendo à tona um sentimento de bastante linearidade. O que modifica um pouco as coisas são as gemas que podemos equipar em membros da equipe, que adicionam atributos como aumento de saúde, defesa, ataque, entre outros, o que amplia um pouco a estratégia. Também é possível fazer crafting de itens, coletando materiais dentro dos mapas das batalhas em pontos luminosos, indicando que há um item ali.

Em termos de visuais, música e trilha sonora dentro de batalhas – elementos importantes em jogos do gênero -, muitas das vezes tudo passa a impressão de não combinar 100% e uma sensação de “algo sem personalidade”, ou de assets comprados aqui e ali, criados por diferentes artistas. Os cenários são bem mal aproveitados, e podiam ter investido bem mais na interação com eles. Em locais de floresta densa, por exemplo, eu esperava poder usar como vantagem para esconder um personagem, mas tudo não passa de uma imagem colocada ali só para ilustrar o cenário pelo qual estamos andando sobre.

O mapa

Os retratos dos personagens durante os menus e conversas são muito bem feitos, porém não posso dizer o mesmo sobre suas animações e visuais dentro de batalhas. É uma pixel art “ok”, que cumpre seu papel de forma mínima, mas os movimentos dos personagens não são tão bacanas e apresentam poucos quadros de animação – exceto os momentos de ataque ou defesa, caso você deixe ativado estas cenas.

Já os efeitos sonoros são bem fracos, e até mesmo ausentes quando erramos um ataque: simplesmente não há nada avisando isso, o que passa a impressão de um glitch. As músicas em batalhas são extremamente repetitivas, limitadas e cansativas, tornando a jogabilidade ainda mais enfadonha. Realmente, é possível se aproveitar pouco da direção de arte.

Boas mecânicas, jogabilidade linear e um pequena falta de capricho

Rise Eterna pode ser resumido conforme esse título acima. É um jogo que consegue divertir, mas, falha em tantos pontos que aqueles mais habituados com títulos do gênero RPG tático ,certamente, farão uma análise mais profunda da jogabilidade. Não costumo me ligar tanto em histórias, mas a narrativa aqui é tão esquecível que não consegui ter interesse em ler tantas linhas de diálogo ou me preocupar com qualquer personagem. O fato de pularmos de batalha em batalha de maneira linear é também desanimador, e passa a impressão de que tudo já está pré-definido e que estamos só dançando conforme a música.

Porém, o fator mais decepcionante mesmo são os conflitos em si. Os gráficos e animações não ajudam tanto e passam a impressão de estar jogando um jogo de Xadrez com personagens, e a trilha sonora repetitiva dentro de batalhas colabora para isso agravar-se. Já o cenário, como dito anteriormente, é subutilizado e age basicamente como um grande bloco de imagem posicionado atrás dos personagens, como um papel de parede comprado a parte de todo o resto. No conjunto da obra, Rise Eterna fica devendo – e muito. Mesmo assim, ainda há de se dar uma chance para o indie da Makee caso você seja um amante de RPGs táticos, porém, recomendo aguardar uma promoção generosa já que o preço de lançamento é R$ 99,99.


Trailer do Jogo


* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pelos produtores

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

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