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[REVIEW] Lamentum – Survival Horror pixel-art feito da maneira certa

Tenho uma ideia bem clara de que nem todo jogo precisa ser original ou ter mecânicas nunca vistas antes na indústria. O “nada se cria, tudo se copia” é algo em que eu acredito bastante na eficácia, mas pessoalmente eu adicionaria “tudo se modifica e se melhora” nessa equação. Lamentum é um indie em pixel art com claríssimas inspirações em Resident Evil (os antigos) e Silent Hill, e fico extremamente contente quando os desenvolvedores entenderam o que fez essas duas franquias terem tanto sucesso no passado.


Ficha Técnica

Título: Lamentum

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 31/08/2021

Tamanho: 1.8 GB

Desenvolvedora: Obscure Tales

Publicadora: Neon Doctrine

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: Ação, Aventura, Puzzle, RPG

Tempo de Jogo (em média): 8 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 16 anos

Preço no Lançamento (BR): R$ 79,99

Preço no Lançamento (EUA): US$ 19,99


Tudo em nome do amor

Victor e Alissa

Estamos no meio do século 19, e Victor Hartwell está prestes a se casar com sua noiva, Alissa. Nos primeiros minutos de Lamentum, vemos o casal apaixonado sentado em uma pequena praça, comemorando a conquista do matrimônio que terão juntos por toda a vida. Porém, nem tudo são flores e, em menos de um ano, Alissa contrai uma doença terrível, aparentemente impossível de ser curada.

Tomado pelo desespero, Victor vai atrás de um famoso e renegado curandeiro, que utiliza “métodos nada convencionais”, chamado Earl Edmond Steinrot. Chegando ao local, conhecido como Grau Hill Mansion, tudo parece ir muito bem e as esperanças começam a ser reerguidas. Depois de várias perguntas estranhas da parte de Steinrot, como o quanto Victor estaria disposto a sacrificar para salvar sua esposa, o casal aproveita uma boa noite de sono. Mas, ao acordar, Victor percebe que sua decisão de pedir ajuda à estranha figura não foi das melhores. Fora isso, o rapaz não lembra do que aconteceu neste meio tempo, mas felizmente possui algumas anotações em seu caderninho, que servem também como um registro da história para o próprio jogador.

Tudo em nome do amor
A esposa adoece em pouco tempo depois do casamento

Lamentum nos coloca na pele de Victor, em sua jornada aterrorizante pela gigantesca e tenebrosa mansão Steinrot. A ambientação lembra bastante os títulos clássicos do gênero Survival Horror, principalmente Resident Evil, em que um lugar hostil e desconhecido eram seus principais inimigos. Como se não bastasse, criaturas grotescas habitam cada cômodo do local, representando um verdadeiro perigo ao protagonista. A boa notícia é que, ao contrário de muitos jogos de terror modernos, aqui podemos combater as ameaças com diversas armas, como uma faca, um machado, uma pistola e até uma escopeta.

A forma de salvar seu progresso também é inspirada em tempos antigos, tendo à nossa disposição um frasco de tinta com quantidade limitada que são usados para criar o save em mesas com penas nas salas seguras do jogo – que possuem, também, uma música que simboliza a segurança do local, clássico em títulos de terror antigos. Por isso, trate de gerenciar bem a quantidade de tinta que você possui, assim como nos velhos tempos.

Enfrentando ameaças, do jeito que eu gosto

Combate propositalmente cadenciado
Combate propositalmente cadenciado

Aliado à história desesperadora de Victor e sua luta para encontrar Alissa, que desapareceu na mansão durante a noite, temos um combate propositalmente cadenciado, com um hitbox programado exatamente para deixar aquele clima de vulnerabilidade, sem tirar completamente o controle da situação das mãos do jogador. Atacar inimigos exige uma noção de distância e velocidade, calculando o tempo que precisamos nos antecipar ao atacar para acertar as criaturas em cheio. Mas nenhum combate será um mar de rosas e fácil de ser resolvido.

Existem monstros de todos os tipos, que atacam das mais variadas formas, desde um confronto direto quase corpo-a-corpo até um veneno que impede nossa aproximação deles. Para te ajudar, existem frascos com uma substância que restaura a vitalidade, e que podem ser combinados quando encontrarmos dois destes frascos meio cheios, causando novamente uma comparação com as ervas existentes em Resident Evil.

Chefes aterrorizantes
Chefes aterrorizantes

Combate com chefes são os momentos mais desafiadores de todos, e recomendo muito guardar os itens de cura para essas ocasiões. O cuidado deve ser dobrado durante o enfrentamento desses inimigos fortes, como também um equilíbrio deve ser aplicado entre ataques e fuga.

Ah, não posso me esquecer de dizer que existe um botão de correr, mas a sanidade de Victor é afetada quando perto dessas criaturas, causando sua fadiga em alguns poucos segundos caso usemos demais a corrida, fazendo com que o personagem pare para tomar fôlego tempo suficiente para levar uma investida quase mortal. Por isso, equipe sua melhor arma e parta para o ataque, enquanto aprende os padrões dos chefes.

Os maravilhosos puzzles

Puzzles intuitivos
Puzzles intuitivos

Outro elemento principal e primoroso em Lamentum são os puzzles. Estes exigem, algumas vezes, que leiamos anotações e bilhetes deixados por outros personagens pelo cenário, contendo a solução de certos quebra-cabeças. Apesar de existir uma quantidade razoável desses itens por aí, não me senti em momento algum tendo que ler linhas e mais linhas incessantes de conversa furada. Muito pelo contrário: todas as anotações são interessantes, e contam bastante do que está acontecendo na mansão, e até mesmo eventos que antecedem a chegada de Victor ao local, atiçando a curiosidade enquanto faz ligação com NPCs que encontramos.

Algumas resoluções também pedem exploração do inventário, combinando itens para criar um terceiro, que possivelmente será a solução ou uma chave para continuarmos avançando. Nesse quesito, Lamentum é bem recompensador e me fez sentir bem esperto quando soube a resposta para algum problema.

Misturando substâncias para resolver um quebra-cabeça
Misturando substâncias para resolver um quebra-cabeça

Apenas o combate que às vezes passa a sensação de ser algo sem muito significado, já que a única coisa que fazemos é gastar munição de nossas armas e itens de cura caso sejamos acertados. Fora isso, os monstros não deixam cair nada de forma geral, nem mesmo uma simples munição para continuar enfrentando eles.

O mapa também é diferenciado e não mostra sua posição nele. Podemos apenas visualizar pontos de salvamento, escadarias, cômodos que podem conter algo para ainda ser resolvido, quais chaves devem ser usadas em certas fechaduras e etc. Isso resulta em um trabalho um pouco chato de verificar sempre onde estamos e para onde vamos, mas admito que aumenta um pouco a imersão e a ligação com a realidade. É uma faca de dois gumes, no final do dia. Porém, este elemento possui um bug chato, que pede para que utilizemos o B para fechar o mapa, ao mesmo tempo que reconhece como um atalho para equipar um item atrelado a esse comando no inventário.

Como nos velhos tempos

Como um grande fã do sub gênero Survival Horror, Lamentum é um presente para mim. É como se tivesse sido feito exatamente para os fãs das duas franquias citadas anteriormente: Silent Hill e Resident Evil. A exploração, o combate e os puzzles são bastante inspirados e deixam isso bem claro sem vergonha nenhuma, mas, como já falei, não há problema em pegar elementos emprestados de séries famosas quando se faz bem feito.

Não se engane, um game que traz arte em pixels como seu principal elemento é totalmente capaz de te deixar acuado e com o coração na mão, por isso Lamentum consegue trazer aquela excelente ambientação dos clássicos dos anos 90 e início dos anos 2000 com perfeição, sem abusar de sustos para “amedrontar” o jogador. O combate cadenciado aumenta essa sensação de vulnerabilidade em títulos como esse, em vez de nos colocar na pele de um soldado pronto para atirar em tudo que move. Por fim, se você é um amante de jogos de terror de sobrevivência e sente falta de algo de qualidade que represente o subgênero com maestria, definitivamente Lamentum é pra você, eu e todo mundo “se borrar” junto.


Trailer do Jogo


* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pela Neon Doctrine

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

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