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[REVIEW] Neversong – Uma viagem sinistra em busca de uma linda amizade

Desenvolvido pela Atmos Games e publicado pela Serenity Forge, Neversong é um jogo de plataforma com elementos de exploração e puzzles fortemente inspirado em jogos mais intimistas como Limbo e Inside.

Neversong é um projeto indie que foi totalmente financiado pelo Kickstarter, atraindo o interesse de muitos apoiadores prometendo uma atmosfera assustadora e abordando temas mais maduros como a depressão, morte e culpa como pontos chaves do enredo.

Será que Neversong possui personalidade própria e, apesar das inspirações, consegue se destacar e garantir o seu lugar em meio a tantos bons jogos indies? Ou será apenas uma cópia barata de suas inspirações? Isso é o que vamos descobrir nas próximas linhas deste Review.


Ficha Técnica

Título: Neversong

Plataforma: Nintendo Switch

Data de Lançamento: 16/07/2020

Tamanho: 3.1 GB

Desenvolvedora / Publicadora: Atmos Games / Serenity Forge

Jogadores: 1

Em Português: Sim (Legendas)

Gênero: Plataforma / Puzzle

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 10 Anos

Preço no Lançamento: USD 14.99

Tempo de Jogo (em média): 4 horas


Uma infância complicada

Peet é um garoto órfão e aparentemente depressivo que encontrou em sua amiga Wren a motivação e felicidade que lhe faltava no orfanato.

Wren é uma linda garota cheia de vida que adora tocar piano, atividade essa que acabou ensinando à Peet. Os dois estavam sempre juntos, seja se aventurando pela cidade ou se divertindo na casa de Wren.

Contudo em uma dessas aventuras pela floresta, Wren é sequestrada por um ser conhecido como Dr. Smile. Sem conseguir ajudar sua grande amiga, Peet desmaia e acaba entrando em coma, e é exatamente aqui que nossa história começa.

Tocando piano desbloqueamos novas habilidades

Ao retomar a consciência Peet parte em busca de Wren pela cidade, mas acaba descobrindo que algumas coisas estranhas aconteceram enquanto ele estava se recuperando. Todos os adultos da cidade desapareceram e alguns monstros adormecidos estão espalhados pela vizinhança.

Todo o enredo do jogo é subjetivo e quase não temos cenas de transição. Se você quer saber mais sobre o curioso universo de Neversong é importante conversar com todos os personagens e explorar as diversas linhas de diálogos.

Plataforma, Puzzle, um pouquinho de Metroidvania e “HEY LISTEN!”

Apesar do enredo complexo, a jogabilidade de Neversong é bastante simples. Peet possui inicialmente a habilidade de pular e, após poucos minutos de jogo, ganha a habilidade de atacar utilizando um bastão de Baseball.

Focado em algumas sessões de plataformas, Neversong propõe ao jogador a resolução de quebra cabeças para avançar pelo cenário e encontrar o chefe adormecido para a batalha.

Derrotando o chefe Peet aprende uma nova canção que deve ser tocada no piano dentro da casa de Wren para ganhar uma nova habilidade para poder alcançar uma nova parte do cenário e repetir a dose novamente (plataforma, puzzle, Boss Battle, música e nova habilidade).

Essa estrutura de jogo lembra muito o clássico Wonder Boy III: The Dragon’s Trap ou, aqui no Brasil, Turma da Mônica em o Resgate, onde temos uma cidade principal que funciona como hub e interliga diversas sessões que só ficam disponíveis conforme ganhamos novas habilidades.

O desafio apresentado ao jogador é muito maior para identificar qual caminho a seguir e como resolver os Puzzles do que com as batalhas propriamente ditas. Mas nosso herói não está sozinho na jornada. Após alguns poucos minutos de jogo Peet encontra um companheiro que ele chama de Pássaro. Pássaro é uma cópia idêntica da nossa querida Navy de The Legendo of Zelda – Ocarina Of Time. Navy… Ops, digo, Pássaro é responsável pelos diálogos mais divertidos do jogo e auxilia Peet quando é necessário carregar algum item.

Pequenas Cutscenes que contam um pouco sore o enredo

Vale dizer que Neversong também exige do jogador uma boa dose de exploração já que não deixa claro em momento nenhum qual o caminho deve ser percorrido e qual é a área que deve ser explorada primeiro. A proposta é que o caminho seja deduzido pelo jogador de maneira natural e orgânica, por eliminação, uma vez que nem todos os setores estão acessíveis logo de cara.

Backtrack aqui é inevitável e por isso faz falta um mapa ou mesmo uma opção para viagem rápida, já que precisamos visitar a cidade com frequência.

Peet ganha novas habilidades, mas ele não possui evolução por nível. O único atributo que pode ser melhorado é a sua quantidade de vida, os famosos corações que indicam quanto dano podemos receber. Cada vez que derrotamos um inimigo eles fornecem pequenos pontos brilhantes que podem ser coletados e a cada 100 ganhamos um novo coração permanente em nossa barra.

Boss Battle? A gente vê por aqui

Neversong também disponibiliza ao jogador alguns colecionáveis em forma de cartões que são chamados de: Cartões do Coma (Sugestivo não). Alguns cartões permitem mudar a aparência do nosso personagem e outros trazem pequenas informações sobre elementos ou inimigos do jogo, mas nada que garanta uma nova habilidade ou melhoria.

Outro elemento importante da jogabilidade é que Neversong não possui auto-save, diferente do que é informado no início da jogatina. Para salvar é necessário encontrar lareiras em pontos específicos e o jogo só faz o salvamento nestes pontos.


Gráficos e Sons

A direção de arte é o grande chamariz para Neversong. Não tem como não se impressionar com a familiaridade com outros jogos independentes de sucesso. Como eu mencionei no começo do Review, as principais inspirações são Limbo e Inside, dois jogos que eu adoro.

A ambientação do jogo é realmente muito caprichada e assustadora em diversos momentos. A paleta de cores mais sóbrias contribui para criar essa atmosfera.

A Hud é simples e quase não mostra nada tela. Temos apenas a barra de vidas e o contador para o upgrade dos corações.

O design de personagens também é outro ponto que merece ser destacado. Com traços simples nos desenhos, mas cheios de personalidades é muito fácil identificar cada um dos personagens quando encontramos com eles pelo cenário.

Direção de arte fantástica

Como não podia deixar de ser, a música é outro fator de destaque positivo. Boa parte delas é tocada somente no Piano e acaba auxiliando na imersão do jogador.

Os personagens possuem dublagem em inglês e as vozes são bastante caricatas e carregam nos traços de cada personalidade. O trabalho de dublagem é bem executado, se bem que a própria direção de arte não exige nada muito detalhado.

O ponto negativo aqui fica por conta da tradução para o português. O jogo conta com diversos erros de tradução. A palavra Bat que no contexto do jogo deveria ser traduzida como bastão (Arama utilizada por Peet) em diversos momentos aparece traduzida como Morcego e aí a frase perde totalmente o sentido. Trocas de artigos masculinos pelo feminino e vice-versa são frequentes. Parece que simplesmente pegaram todos os textos, jogaram no Google tradutor e copiaram para o código do jogo, sem ao menos revisar.


Veredito

Neversong merece atenção no cenário indie porque é um baita jogo. Com desafios inteligentes, uma ótima trilha sonora e uma bela direção de arte é capaz de garantir ao jogador muitas horas de diversão. Apesar de curto, os colecionáveis e a busca por mais informações sobre a história garantem um bom fator Replay. Ao terminar o jogo pela primeira vez o jogador recebe uma “Chave Safira”que abre algumas portas antes trancadas durante a primeira jogatina, o que também adiciona mais algum tempinho de Gameplay.

Contudo Nersong não é um jogo perfeito. Os Loadings são demorados, os erros de tradução precisam ser corrigidos e talvez um ajuste ou outro na física de pulo que muitas vezes é impreciso.

Entretanto colocando na balança, Neversong tem muito mais qualidades do que defeitos e o preço que está sendo cobrado no lançamento é mais do que justo por esse ótimo título.


Trailer do Jogo


* Esta análise foi escrita usando uma chave fornecida pela produtora.

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Rodrigo Reche

Oi, eu sou o Rodrigo Reche. Roreche para os íntimos! Sou completamente apaixonado por Videogames. Ganhei meu primeiro console, um Atari 2600, do meu pai em 1984 quando eu ainda tinha 3 anos de idade. Foi paixão a primeira jogada. Nintendista de coração e fã inveterado dos Engenheiros do Hawaii, passei por diversos consoles de todas as gerações, mas ainda guardo um carinho especial pelos consoles antigos.

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