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[REVIEW] Mother Russia Bleeds – Tava bom, ficou ruim e parece que piorou

Mother Russia Bleeds é um daqueles jogos que te prende bastante no começo por mostrar várias mecânicas que parecem promissoras, além de ter uma história com foco total em política e tráfico de drogas. Mas será que só isso faz dele um jogo bom? Ou será que é uma “droga” (badum tsss)?


Ficha Técnica

Título: Mother Russia Bleeds

Plataforma: Nintendo Switch

Tamanho: 3.3 GB

Desenvolvedora/Publicadora: Le Cartel Studio/Devolver Digital

Jogadores: 1-4

Em Português: Sim

Gênero: Luta, Arcade, Ação

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 18+ anos


Uma droga para todos governar

Desenvolvido pela parisiense Le Cartel Studio, temos aqui um título de beat ‘em up, o famoso briga de rua, extremamente sangrento, violento, com belos gráficos e que te faz sentir uma mistura de amor e ódio enquanto joga.

Quando iniciei a campanha de Mother Russia Bleeds, tive boas expectativas para o que estava por vir. O jogo me apresentou várias mecânicas bem legais através da Nekro – a droga em foque no jogo -, como reviver companheiros através das seringas, recuperar sua vida, sugar Nekro de inimigos com convulsão para aumentar a dose em sua seringa, e um modo Berseck que te coloca em momentos de fúria com uma pancada extremamente poderosa.

Você precisa de um certo nível de estratégia para realizar os elementos acima, já que, por exemplo, para adquirir a dose de Nekro em todo o jogo é necessário derrubar inimigos (sem destruir suas cabeças) e observar se estes entram em convulsão. Caso sim, você tem um certo tempo para utilizar seus restos mortais para aumentar a quantidade da droga em sua seringa. Quanto mais rápido você agir, maior a dose recolhida. São mecânicas que tornam o jogo menos “esmaga botões” e te vendem a ideia de uma jogabilidade diferenciada.

Apesar do jogo sustentar bastante sua inovação através da Nekro, parece que, em algumas coisas básicas do gênero, ele faz abaixo do esperado ou não soube maneirar. Acredito que o maior pecado de Mother Russia Bleeds fica justamente a cargo das hordas exageradas que o jogo insiste em ter.

Invariavelmente você perceberá que está gastando alguns longos momentos para derrotar um simples grupo de inimigos, e logo em seguida você anda poucos centímetros e precisa enfrentar mais uma grande quantidade de gente querendo sua cabeça. Sei que os jogos do gênero costumam ter grandes hordas, mas aqui todos os adversários parecem te uma vida fora do normal. Fora os que ficam caindo para fora da tela caso você use um ataque que os lance para longe – muitos jogos atuais do gênero abandonaram essa prática -, aí vira aquele ciclo de esperar que eles entrem no campo de visão para aí sim atacar, o que acaba com o ritmo do jogo. Prefiro muito mais encurralar um inimigo na parede ou no canto da tela e aproveitar este momento para bater nele até dizer chega.

Bots, uma ideia bem-vinda

O recurso mais legal do jogo, e que me deixou sinceramente muito animado, foi a possibilidade de adicionar bots – o que é uma boa, já que aqui não temos o recurso de multiplayer online. Voltando àquela velha história de que nos dias de hoje é difícil de reunirmos amigos para jogar em um mesmo local, Mother Russia Bleeds resolveu fazer diferente ao permitir jogar com mais 3 personagens controlados pelo computador em seu time.

A intenção certamente é das melhores… até que você começa o jogo e percebe que seus companheiros dotados de inteligência artificial são completamente estúpidos. Eles costumam andar muito juntos em vários momentos, o que atrapalha sua visão em meio a bagunça completa que começa a surgir na tela. Também não é difícil de ver algum deles tentando te levantar e acabar virando um sprite que fica tremendo no lugar enquanto não consegue realizar a ação.

Eu acredito que os piores momentos envolvendo os bots foram dois: o primeiro deles quando eu precisava ser revivido e havia uma boa quantidade de inimigos na tela, então a inteligência artificial dos outros personagens simplesmente fazia com que eles ficassem tentando me reviver sem sucesso enquanto apanhavam dos inimigos.

O segundo momento foi quando se fez necessário destruir um maquinário – uma espécie de “chefão” daquela fase – no canto da tela, e para isso você precisava usar uma das marretas que estavam no chão. Só que os bots ficavam O TEMPO TODO pegando as marretas para bater em inimigos comuns e não me deixavam segurar uma delas para destruir o objetivo. E quando o chefe dava uma brecha para o ataque, eles simplesmente ficavam parados assistindo eu fazer o trabalho sozinho.

Sem falar que, mais uma vez, tive a frustração de vê-los tentar me reviver mas se queimar em meio a um fogo no cenário. Aqui vai uma dica: use companheiros de inteligência artificial apenas como iscas ou distrações durante as fases. O jogo funciona bem sozinho, mas fica à sua escolha querer uma dificuldade relativamente menor ao utilizar bots com uma I.A. ruim, ou então jogar um single player um pouco mais punitivo sem passar tanta raiva com companheiros que te atrapalham.

Problemas técnicos e de jogabilidade

Um grande problema aqui é a queda de performance. Em momentos de muitos elementos na tela, o jogo começa a pedir água e joga os quadros por segundo lá embaixo. E isso é bizarro demais, porque se trata de um jogo com gráficos 2d. O pior é que isso impacta muito nos comandos, porque o delay nos ataques e movimentação vai pra casa do chapéu. Não sou um expert em programação, mas creio eu que o jogo não deve exigir tanto graficamente.

Modo arena duvidoso

Existe um modo adicional do jogo chamado Arena. Nele você desbloqueia novas drogas para serem usadas durante a jogatina, mas só depois de vencer um certo número de hordas. Porém, é extremamente maçante você ficar trancafiado num cubículo matando uma quantidade absurda de inimigos – é um belo de um grinding. E neste modo você não pode escolher a dificuldade, então se contente com momentos de frustração que não ligam para seu nível de experiência com o jogo ou sua falta de tempo para ficar tentando várias vezes.

Pontos em que o jogo brilha

Algo que Mother Russia Bleeds faz, e que eu gostaria de ver aprimorado em jogos de beat ‘em up daqui para frente, é a possibilidade de dar uma investida com um botão, o R. Porém, seria muito bom se além disso o comando dentro do jogo também permitisse correr enquanto o segura. Muitas vezes não é tão precisa a sequência de dois toques em uma direção para fazer o personagem correr, muito menos quando estamos no Switch em modo portátil e dependemos do analógico para uma movimentação mais natural. Por isso, se este botão fosse feito aqui com esta dupla função – ou se ao menos me dessem esta opção de desligar e ligar essa facilitação -, seria tudo muito mais fluído.

Além disso, o recurso de adicionar bots foi o mais bacana pra mim em todo o jogo, apesar de ser também seu “calcanhar de Aquiles”. E o combate te permite sentir o peso a cada ataque na fuça de alguém. Algo satisfatório que vem a calhar mais ainda com o recurso de vibração HD dos controles. E a jogabilidade é bem misericordiosa, te permitindo voltar ao último checkpoint com a vida cheia e o medidor de Nekro no máximo.

Um outro aspecto a se destacar é a trilha sonora que também te coloca no clima e aposta num estilo mais eletrônico e sombrio, com toques que demonstram que o jogo não é algo mágico feito para crianças.

Veredito

A história talvez seja o maior chamariz do título, envolvendo um esquema de sequestro, cobaias científicas, viciados em Nekro e sede doentia pelo poder. Infelizmente, o jogo possui diversos problemas que elenquei ao longo dos parágrafos acima e que podem comprometer a experiência do jogador.

Todavia, se você é amante do gênero beat ‘em up com mecânicas mais clássicas e se importa mais com a trama do que com jogabilidade, Mother Russia Bleeds é o jogo para você.


 

Trailer


*Esta análise foi feita com uma cópia disponibilizada pela produtora.

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

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