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[REVIEW] Blasphemous – Religião com muita plataforma, um pouco de Metroidvania e quase nada de Darksouls

Desde o primeiro vídeo divulgado de Blasphemous, a sua temática me chamou a atenção por envolver elementos religiosos e também por apresentar mecânicas de dois estilos que eu gosto bastante: Plataforma e Metroidvania.

Enquanto eu assistia ao vídeo, a nostalgia bateu e me lembrei com carinho de boas horas em que eu passei jogando Castlevania: Symphony of The Night e também Dante’s Inferno. Blasphemous parecia uma mistura muito bem equilibrada entre esses dois jogos fantásticos.

Quando recebi a oportunidade de analisar o jogo e preparar este Review senti uma mistura de ansiedade e também um certo receio, uma vez que as minhas expectativas estavam muito altas.

Então se você, assim como eu, tem mais dúvidas do que certezas sobre essa pérola da Team 17, vem comigo para desbravar Blasphemous nas próximas linhas desta análise.


Ficha Técnica

Título: Blasphemous

Plataforma: Nintendo Switch

Tamanho: 3.6 GB

Desenvolvedora/Publicadora: Team 17 Digital Ltd

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: Ação, Aventura, Plataforma, RPG, Indie

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 18+


A essência

Justamente por ser um jogo com tantas inspirações é difícil definir com precisão qual é o estilo de Blasphemous e quais são as suas maiores fontes. Por conta disto vou iniciar essa análise pelo estilo de jogo.

Blasphemous é em sua essência um jogo de plataformas. Todos os elementos que consagram um bom jogo nesse estilo estão presentes: Saltos precisos, controles simples, cenários bem definidos com batalhas contra chefes etc. Mas não se engane, porque ele não tem nada de superficial. O jogador precisa estudar muito bem seus movimentos, “masterizar” algumas técnicas de combate e também é muito importante conhecer os padrões de movimentos dos inimigos.

Elementos de Metroidvania também estão presentes aqui, afinal o conceito de exploração de cenários é muito presente e importante para avançar no jogo. O estilo da tela do mapa inclusive lembra muito o já citado Castlevania Symphony Of The Night. Temos também algumas poucas situações de Backtracking onde é necessário passar por uma mesma parte do cenário por mais de uma vez em busca de novas habilidades, itens e colecionáveis.

Em algumas análises que eu li sobre o jogo antes de poder experimentar noticiavam que Blasphemous tinha fortes inspirações com o estilo Souls Like, ou, se preferir, nos jogos da franquia Darksouls. Eu particularmente discordo. A dificuldade do jogo é acima da média, mas isso não é exclusividade de Darksouls. Percebi uma inspiração sim na maneira como a estória do jogo é contada, que não entrega tudo de uma vez para o jogador e muito sobre o enredo acaba sendo descoberto nas explorações que jogador faz, ou seja, quanto mais explorar maior será o conhecimento sobre aquele universo. E também quando o personagem morre ele perde uma parte da sua barra de mana que pode ser recuperada quando o chegamos no local da morte.

Ambientação Dark

O Peregrino penitente

O enredo de Blasphemous é uma das suas melhores experiências e, como mencionado anteriormente, o jogador é quem vai determinar o quanto deseja ou não se aprofundar no universo de acordo com a exploração e a busca por colecionáveis. A temática religiosa é um atrativo a parte. Em todo o tempo, espere por encontros com personagens que fazem referências a passagens bíblicas.

De início o que podemos dizer é que o jogador controla um Peregrino em busca de redenção. O enredo é complexo e a tradução dos textos para português são indispensáveis para a total compreensão, além de facilitar muito a identificação dos itens coletados durante o jogo.

Os comandos são relativamente simples: Um botão de pular (não existem pulos duplos), ataque, dash e um botão para fazer aparas, que nada mais é do que o sistema de “Parry” onde o peregrino defende um ataque do oponente abrindo uma janela de tempo para o contra-ataque.

Comecei jogando com o controle analógico no Pro Controller do Nintendo Switch, mas percebi que o controle não era tão preciso quanto o jogo exigia. Em diversos momentos só de soltar a alavanca do controle analógico o meu personagem se virava para o lado oposto, como se o analógico estivesse fazendo um efeito de chicote e isso me causou algumas mortes. Testei com outros jogos e percebi que o problema não era com o meu controle e sim com a sensibilidade programada para Blasphemous. Por isso, optei por continuar a jogatina com o D-Pad e não tive mais problemas.

O Peregrino

O peregrino também conta com uma espécie de magia que em Blasphemous recebe o nome de “Orações” e que serve basicamente para eliminar os inimigos à frente seguindo uma linha de ataque pelo chão e subindo por paredes no cenário.

Ao abater cada um dos inimigos o peregrino acumula “Lágrimas” que funcionam como a moeda do jogo. Com elas é possível fazer upgrades nas técnicas de combates em santuários chamados “Mea Culpa” que estão espalhados por todo o mapa.

Também é possível coletar Contas do Rosário para equipar ao personagem e melhorar atributos do Peregrino, como a Defesa por exemplo.

Para melhorar o ataque da espada que acompanha o seu personagem durante todo o jogo, é necessário coletar “Corações Mea Culpa” que funcionam como runas e podem ser cravados na arma, aumentando assim os atributos de ataque.

Como colecionáveis e itens de estória temos as relíquias que apresentam uma descrição que sempre dá ao jogador um pedaço a mais do enredo.

Gráficos e Sons

Desenvolvido todo com o uso de Pixel Art, Blasphemous é o jogo com esse estilo mais bonito que eu já joguei. O carinho com cada elemento do cenário e em cada quadro de animação surpreende pela beleza. Tudo é muito bem detalhado, um bom exemplo disso são as animações de ataque. Os golpes transmitem a nítida sensação de peso e força.

Os cenários e inimigos são diversos e a cada novo encontro eu me pegava com um sorriso de satisfação ao me dar conta da variedade de personagens e da beleza de cada ambientação.

As Cutscenes que contam a história do jogo são lindas, com muitos detalhes e conseguem transmitir muito bem a atmosfera de aflição que o peregrino está sentindo. Os artistas realmente não economizaram esforços nas animações e desenhos dos Sprites.

As músicas são boas, lembram um pouco temas gregorianos, soam pesadas e ajudam a criar a atmosfera do jogo facilitando a imersão do jogador. São poucas faixas, mas muito bem executadas.

Outro destaque positivo fica por conta dos efeitos sonoros, tanto nos combates, nas ambientações com pássaros voando e gritos ao longo do caminho e, até mesmo, durante as Cutscenes. Tudo parece compor muito bem o ambiente e nada parece estranho aos ouvidos, pelo contrário, tudo parece se encaixar forma orgânica.

Primeira Boss Fight

Veredito

Blasphemous é um jogo de nicho. Sua dificuldade certamente vai afastar boa parte do público, mas em compensação deve agradar uma legião imensa de jogadores que se divertem muito com essa pegada mais Hardcore.

O jogo conta com mais de um final e pode ser terminado em pouco mais de 10 horas. Contudo, o fator replay é interessante, uma vez que dificilmente você vai conseguir explorar todos os lugares ou mesmo entender todo o enredo em apenas uma Run.

Não é o tipo do jogo onde é possível jogar com pressa. Pela dificuldade apresentada sair correndo como se não houvesse amanhã é receita certa para o fracasso. A Beleza do jogo está em aprender as suas mecânicas, apreciar tudo com calma, estudar os inimigos, traçar a melhor estratégia e melhorar as próprias habilidades como jogador.

Sendo assim, é necessário jogar algumas vezes para adquirir bagagem e saber qual parte do cenário é melhor explorar primeiro e quais as melhores habilidades para desbloquear no começo da jogatina.

Contudo, conseguir progressões, mesmo que pequenas, em Blasphemous é recompensador porque ficamos curiosos para entender melhor o enredo e saber mais sobre o Peregrino.

Tudo isso sem contar a maravilha gráfica e a beleza que o jogo apresenta ao jogador que assiste de um angulo privilegiado a busca do Peregrino pela redenção. Tem sim alguns momentos de Backtracking assim como qualquer jogo com inspirações em Metroidvania, mas tudo é tão bonito que não chega a incomodar.

Se você busca um bom jogo de plataforma, gosta de personalização de personagem, exploração de ambientes góticos e, acima de tudo, não se assusta com dificuldade, então Blasphemous é para você!


Trailer do jogo


*Essa análise foi feita com uma cópia disponibilizada pela produtora.

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Rodrigo Reche

Oi, eu sou o Rodrigo Reche. Roreche para os íntimos! Sou completamente apaixonado por Videogames. Ganhei meu primeiro console, um Atari 2600, do meu pai em 1984 quando eu ainda tinha 3 anos de idade. Foi paixão a primeira jogada. Nintendista de coração e fã inveterado dos Engenheiros do Hawaii, passei por diversos consoles de todas as gerações, mas ainda guardo um carinho especial pelos consoles antigos.

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