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[REVIEW] Children of Morta – Um árduo caminho em família

Segundo a desenvolvedora Dead Mage, Children of Morta é muito mais sobre Família do que qualquer outra coisa. Um RPG de ação, com elementos de Hack ‘n’ Slash e Roguelike, seu maior diferencial está entre os vínculos familiares. Com uma premissa tão diferente, será que vale a pena?


Ficha Técnica

Título: Children of Morta

Plataforma: Nintendo Switch

Tamanho: 1,9 GB

Desenvolvedora/Publicadora: Dead Mage/Dead Mage

Jogadores: 1-2

Em Português: Sim

Gênero: Ação/RPG

Save na Nuvem: Sim

Classificação: Teen


Antes de mais nada, quero deixar claro que não terminei este jogo (mais a frente eu direi o motivo), mas joguei suficientemente para poder dar o meu parecer para vocês até o momento exato em que parei. Nas linhas abaixo relatarei minha experiência, e este texto é uma tentativa de ajudar jogadores que querem comprar este título.

História

A família dos Bergson tem sido guardiã da Montanha Morta por muitas e muitas gerações. Porém, por alguns infortúnios que ainda vão descobrir, a misteriosa Corrupção começou a se espalhar na montanha e seus arredores, e cabe aos Bergson impedir que isso aconteça investigando a origem desse mal.

Basicamente, a história de Children of Morta começa assim. Mas, aos poucos, o jogo começa a mostrar a complexa teia familiar entre os membros e a criar novos elementos, aumentando a variedade de histórias a serem contadas. Parafraseando os desenvolvedores, Children of Morta é, na verdade, uma história sobre histórias, focando em crescimento, maturidade, aceitação e, principalmente, laços de amor entre familiares.

Cada avanço no jogo, mesmo que seja um avanço parco para o objetivo final, mostra um pouco da intrincada relação entre cada membro dos Bergson. Ao retornar para a lobby do jogo, coisa que acontece frequentemente, muitas vezes aparece alguma animação com uma nova interação familiar. A obtenção de novos itens e personagens jogáveis acontece desta mesma maneira, bem como as missões secundárias e outras coisas paralelas.

Assim, a história da família Bergson é contada lentamente, com um grande foco nos personagens. É importante destacar a individualidade de cada um, escrita na Biblioteca do jogo e narrada nas cenas. É mostrada a importância de cada membro da família, cada um cumprindo um papel na narrativa, enfatizando – mas também se afastando – a família tradicional.

A narrativa se desenvolve tanto na vitória quanto na derrota. As vitórias avançam a história principal do jogo, os Bergson contra a Corrupção. Nas derrotas, a família está em foco, e nesses momentos aparecem vários diálogos, mostrando as relações entre cada membro da família, suas individualidades e seu caráter.

Kevin, por exemplo, é o mais corajoso de todos, tanto que essa coragem beira a imprudência, o que faz com que seus pais, John e Mary, tentem impedi-lo de explorar. A história dele é contada paulatinamente, sendo que cada run mostra um pequeno pedaço, até um ponto em que ele estará disponível como personagem jogável.

E isso acontece com cada novo personagem jogável, cada missão secundária e muitos outros momentos, aumentando a intrincada teia de relacionamentos na família e trazendo-os para mais perto do jogador, sendo possível se identificar com vários momentos das narrativas.

Jogabilidade

Children of Morta é um Diablolike. Visão isométrica, espadas, arcos e magias,  mobs de inimigos, mini-chefes e seus minions, evolução de personagens e classes diferentes; tem tudo isso. Sua jogabilidade é agradável e simples, mesmo para quem nunca jogou algo parecido com Diablo.

Acontece que Children of Morta se diferencia na relação entre os personagens jogáveis, que representam cada classe, pois todos fazem parte da mesma família. Além disso, conforme um personagem vai evoluindo, os outros também vão se beneficiando, assim como os avanços fixos que são feitos na casa da família. Funciona mais ou menos assim: Joey é um personagem focado em danos massivos e acúmulo de fúria, então, alguns de seus upgrades dão chance a todos os membros da família de também dar um dano massivo em área, bem como aumentar sua fúria rapidamente.

O jogo é composto por 4 áreas. Cada área, com exceção da primeira que é o Tutorial do jogo, possui 3 mapas menores, e cada mapa tem 2 ou 3 andares, sendo que o último andar é sempre o chefão do mapa. Seu aspecto roguelike se dá nisso: ao morrer, o jogador perde o avanço no mapa menor, sendo necessário retornar ao primeiro andar e ir avançando até o final novamente; além de perder também os itens coletados até então. Porém, apesar das perdas citadas, ele mantém o nível, a experiência acumulada e o ouro conseguido.

Com o ouro, chamado de Morv, o jogador pode realizar os upgrades gerais, que afetam todos os personagens. É possível aumentar a vida, o dano, a esquiva, experiência e ouro obtidos, e muitos outros, sendo avanços definitivos.

Apesar de sua jogabilidade ser muito semelhante a de Diablo, Children of Morta possui um nível intenso de dificuldade. A crescente evolução dos personagens e da família não acompanha o mesmo ritmo de desafio nas dungeons do jogo, obrigando o jogador a grindar muito além do que eu considero que seria divertido.

Lembra que eu mencionei que eu parei na parte final do jogo? A dificuldade e a necessidade de ficar grindando me fizeram perder o prazer de jogá-lo, pois eu não percebia um avanço real de minhas habilidades e não tinha a famosa sensação de ser recompensado pelo meu esforço. Por outro lado, classificar um aspecto subjetivo como esse como ponto negativo não refleteria a realidade. Porém, está feito o alerta para os que, assim como eu, não gostam desta mecânica.

Esse problema, talvez, pode ser suprimido jogando em multiplayer, com os personagens trabalhando em equipe para o sucesso.

Arte

Design visual

O visual de Children of Morta é feito em pixel art realizado com imensa maestria. Cada personagem da família é único, distinguíveis em suas expressões faciais e outras reações, tanto que o jogo tem segurança o suficiente pra dar zoons em momentos de tensão.

Tive a oportunidade de experimentá-lo na BGS de 2017, e houve uma mudança notória no mapa. Cada área é viva, possuindo vários outros elementos jogados no chão, não passando aquela sensação de vazio que se passava anteriormente. Por serem áreas como cavernas e desertos tomados por criaturas, existe uma certa bagunça como, por exemplo, corpos no chão, carroças quebradas e entulho, ou seja, o cenário se encaixa com a situação fática em que se encontra.

O design das criaturas e dos chefões, bem como as magias e ataque, são excelentes e mostram que os desenvolvedores fizeram a escolha certa no estilo e na escolha dos profisionais. Todos os ataques passam a impressão de um impacto real, sejam explosões, animações de magias, ataques físicos e etc.

Trilha sonora

Já falei aqui que Children of Morta lembra muito Diablo? Bom, um outro aspecto que se assemelha ao clássico de 1996 é a parte sonora. O som das criaturas, das armas e principalmente a trilha sonora se remete a ele, não sendo um demérito mas uma homenagem à criação da Blizzard.

Apesar de ser semelhante, todo o trabalho de áudio é muito bem feito, sendo sons agradáveis e competentes. Mas, apesar disso, é um jogo que não é tão necessário o som em sua jogatina, sendo ótimo para ouvir podcast ou outras coisas. Entretanto, é bom pausar em momentos da história do jogo.

Veredito

Um fato para Children of Morta: ele é bom! É muito divertido, a evolução dos personagens e da história, seja paralela ou principal, é constante e equilibrada. Existem muitos outros pontos positivos, conforme informei aqui no texto, mas ele tem um problema: a dificuldade do jogo é elevada, muito elevada, obrigando o jogador, de certa forma, a ter que jogar em multiplayer para haver uma diversão real, pois em solo é necessário muitas e muitas tentativas para passar um nível.

Apesar disso, é um jogo que vale a pena obter, mesmo que seja somente para jogar com os amigos. Recomendo-o para quem gosta de jogos Twin-Stick-Shooter e Roguelikes, como Enter The Gungeon, The Binding of Isaac; e para os que tem apreço por jogos semelhantes a Diablo, assim como quem preza por jogos com uma boa história.

Quem já jogou, pode deixar seu veredito nos comentários também!


Trailer

 


Este Review foi feito utilizando uma cópia enviada pelos produtores.

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Kiefer Kawakami

Sobre mim: Amante dos games, acredito que eles podem mudar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes, bem como aconteceu comigo. Possuo um amor incondicional pela Nintendo desde Donkey Kong Country e Super Metroid. Sou multidisciplinar e sei pouco sobre muita coisa, mas o suficiente para relacionar assuntos distintos. Além disso, quero divulgar os games para que as pessoas vejam a maravilha que são e podem ser.

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