[REVIEW] Astral Chain – Duas mentes lutam melhor do que uma
Depois de Splatoon, Arms, Super Mario Maker, Super Mario Odyssey, Zelda BOTW e até projetos mais inesperados como Cadence of Hyrule, Astral Chain é mais uma franquia que mostra essa nova cara da Nintendo.
A comparação entre esses títulos não é feita, necessariamente, da perspectiva de qualidade, mas sim pelo fato de arriscarem em trazer algo diferente. Para concretizar isso em Astral Chain, a Nintendo contou com o desenvolvimento da Platinum Games, com direção de Takahisa Taura (NieR Automata) e supervisão de Hideki Kamiya (DMC e Bayonetta). E o ponto alto do jogo está em toda essa mistura.
Ficha Técnica
Título: Astral Chain
Plataforma: Nintendo Switch
Tamanho: 9.6 GB
Desenvolvedora/Publicadora: Platinum Games / Nintendo
Jogadores: até 2 jogadores
Em Português: Não
Gênero: Ação
Save na Nuvem: Sim
Classificação: 13+
Anunciado em fevereiro de 2019, Astral Chain ganhou muita notoriedade por causa de suas mecânicas de batalha. Isso também despertou algumas dúvidas, já que é preciso se preocupar com o personagem principal e controlar o seu Legion, uma ferramenta tecnológica que é manuseada através de uma corrente. Acrescente todas essas características a um combate com inspirações em NieR Automata e Bayonetta, títulos que dividem opiniões quando o assunto é qualidade nas batalhas.
Além disso, o jogo não parecia explorar muitas mecânicas de RPG ou abordar assuntos mais profundos na história. Todos esses elementos formaram uma interrogação na cabeça dos jogadores, mas bastam algumas horas de Astral Chain para perceber que ele reverte isso muito bem.
Desmistificando o combate
A grande novidade do combate de Astral Chain é a interação com o Legion. O seu personagem segue o padrão de jogos de ação: ataca (com espada ou pistola) e esquiva. O personagem principal não pula.
O Legion é controlado por alguns comandos: ZL serve para avançar ou recuar no combate; L ativa um ataque em conjunto que é único para cada Legion; para controlar a entidade basta segurar o ZL e usar o analógico direito. Tudo isso deve ser feito com atenção à energia do seu Legion, ele ficará indisponível por um tempo se essa energia se esgotar em batalha. Por isso há o momento certo para invocá-lo (ZL) e para desativá-lo (R).
Acostumar a batalhar com todos esses comandos pode parecer complicado, mas o jogo prepara muito bem o jogador para isso. Há uma sala de treinamento onde é possível aprender desde o básico até combos mais complexos. Conforme a história vai avançando, novas lições são desbloqueadas, mas o local fica sempre disponível para aqueles que desejam exercitar um pouco mais.
Para facilitar ainda mais e justificar a presença do Legion, o jogo foge um pouco do tradicional hack ‘n slash de afundar botão. Apesar de toda essa tecnologia e recursos que você possui, o seu personagem continua sendo um humano, então não é possível executar as piruetas malucas ou as magias de jogos como Bayonetta e DMC. Essa limitação aumenta a necessidade de um combate combinado com o Legion e nem sempre isso vai se tratar só de porrada.
Algumas batalhas, principalmente as Boss Battles, possuem um puzzle por trás ou um ponto fraco do oponente a ser desvendado, por isso o Legion é tão importante. É possível prender os inimigos, preparar armadilhas, quebrar escudos, entre outros. Em alguns momentos, o Legion é usado para carregar alguma fonte de energia ou levantar escombros, enquanto o seu personagem tem a missão de protegê-lo. Também há batalhas em que é preciso ficar trocando entre os Legion’s em diferentes momentos – algo que pode incomodar algumas pessoas.
Essas variações deixam o combate muito mais profundo em Astral Chain. É preciso pensar em uma forma para derrotar o inimigo, enquanto você usa seu reflexo para executar os combos e gerencia o melhor momento para usar seu Legion. E tudo isso acontece de uma forma orgânica, apesar de alguns problemas com a câmera e o tempo necessário para se acostumar com essas combinações.
A câmera pode ser um fator capaz de afastar alguns jogadores. Uma referência pode simplificar a explicação: se você não se acostumou com a câmera de combate em Bayonetta 2, onde tudo parece mais rápido e frenético, provavelmente vai mais se irritar do que desfrutar do combate de Astral Chain. Assim como acontece no jogo da bruxona, em diversos momentos seu personagem “some” com a movimentação, mas em Astral Chain a atenção deve ser dividida com o Legion, o que torna tudo um pouco mais caótico.
Porém, se você já está acostumado com esse tipo de situação e, o principal, aprecia combates frenéticos, prepare-se para uma experiência satisfatória em Astral Chain. Além dos puzzles e de todas as possibilidades diferentes que surgem ao batalhar com o Legion, o jogo acerta muito bem nos combos em dupla. É possível realizar um ataque em conjunto ao executar uma esquiva perfeita ou quando despertar o seu Legion no momento em que será atacado; servem como um counter no inimigo. O ataque combinado também aparece ao conseguir encaixar um combo e, pelo fato da esquiva não zerar a sequência de golpes, é possível começar um combo, esquivar, finalizá-lo e usar o ataque com o Legion. São muitas combinações para derrotar seus inimigos da forma mais estilosa possível.
Conforme o jogo vai te ensinando sobre o combate, é possível desbloquear essas funções do Legion através de uma árvore de habilidades.
Evoluir seu Legion é tão importante quanto aprender a lidar com o combate. Há opções para aumentar atributos de ataque, defesa, aprender habilidades especiais e desbloquear combos. Esse fator serve de motivação para conseguir aquela sequência perfeita – que rende mais pontos de experiência – e também permite explorar novas formas de combate.
Quanto ao personagem, a evolução é bem mais discreta. É possível aprimorar ou adquirir armas e a cada capítulo são computados pontos de experiência. Dependendo do desempenho do jogador, é possível conseguir mais pontos para subir mais rápido nas patentes do jogo – que não influenciam na história.
História
Acostumados com jogos grandes que preferem não abordar assuntos mais profundos, a expectativa geral do público com Astral Chain era de uma história clichê. Porém, o jogo muda isso nos primeiros 5 minutos, introduzindo assuntos mais profundos que o esperado. A trama consegue trazer acontecimentos que trazem surpresa ao jogador, então vale a pena ir até o final.
Você é colocado na pele de um dos gêmeos Akira, podendo escolher entre os gêneros masculino ou feminino e alterar o cabelo, olhos e voz. O seu personagem é um prodígio na Polícia e filho do Capitão da divisão Neural. O jogo não é mundo aberto e a história é dividida em capítulos, que são chamados de Files.
O mais interessante da história de Astral Chain é o envolvimento que você tem com outros personagens. Em cada diálogo solto é possível entender a personalidade de cada NPC. As missões secundárias só nos aproximam mais desses personagens. Apesar de ser um tanto clichê, há variações interessantes a cada interação com os seus companheiros de Polícia. A interação com o Legion também fica mais interessante a cada capítulo, tanto pela evolução no combate quanto no caminho que a narrativa percorre.
É o tipo de jogo em que vale mais o caminho percorrido do que o final da história.
Direção de Arte e Desempenho
Astral Chain é um dos jogos mais bonitos já lançados para o Nintendo Switch – quiçá o mais belo de todos. A beleza dos personagens, que lembram animes, ajuda, mas o poder gráfico é mostrado nos momentos de batalha. Lembrando um pouco o Cell Shading que é usado em Breath of the Wild, o jogo consegue passar a sensação de um combate frenético, ao mesmo tempo que é possível apreciar a beleza de cada movimento dos personagens. Ambientes como a delegacia ou a cidade também são bem feitos, mas nada impressiona tanto como as lutas contra os inimigos.
O desempenho no portátil é algo de cair o queixo. Em nenhum momento das minhas 20 horas de jogatina percebi qualquer queda de framerates. Para quem estava preocupado com problemas que ocorreram em jogos como Xenoblade 2 e Crash Bandicoot N Sane Trilogy, pode ficar tranquilo que Astral Chain é totalmente diferente em desempenho.
A trilha sonora tem a cara de jogo com todo estereótipo japonês, lembrando um pouco Xenoblade Chronicles X. Um rock mais pesado nas batalhas e as músicas chicletes e repetitivas para cada área do jogo. São canções excelentes para ouvir fora do jogo.
Veredito
Astral Chain é aquele tipo de jogo que você ama ou você odeia, o que é uma pena para uma franquia nova criada a partir de uma parceria entre Platinum e Nintendo. Para aquilo que ele se propõe, o trabalho é primoroso, porém sua proposta não atrai todo tipo de jogador. Além da experiência da Platinum em jogos de ação, devemos lembrar o quanto a Nintendo é rigorosa com suas franquias exclusivas.
Há um cuidado em tudo que é novo em Astral Chain, desde a história e apresentação de um novo mundo até a jogabilidade diferente. O jogo acerta muito bem no modo de incluir essas novidades, sem deixar o jogador perdido e conseguindo transmitir importância nesses elementos.
Astral Chain está saindo por U$ 59.99 na eShop americana; no Brasil o jogo custa R$ 250. A história principal pode ser completada em 20 horas, mas, segundo o site How Long to Beat, é possível desfrutar de até 40h do jogo.
Talvez o grande problema de Astral Chain seja não conseguir atrair todos os públicos. Então, se você é privilegiado e consigue se familiarizar com todas as mecânicas do jogo, pode ter certeza que Astral Chain é diversão na certa.
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