[REVIEW] Fire Emblem: Three Houses – Uma Hogwarts da Guerra
Bem vindo a Hogwarts, onde irá passar os melhores anos de sua vida… Pera… Correção, bem vindo a Garreg Mach, onde irá assumir o papel de um professor e treinar seus alunos para se tornarem futuros guerreiros e governantes de suas respectivas nações.
Ficha Técnica
Título: Fire Emblem: Three Houses
Plataforma: Nintendo Switch
Tamanho: 11,84 GB
Desenvolvedora/Publicadora: Nintendo
Jogadores: 1
Em Português: Não
Gênero: Estratégia, RPG
Save na Nuvem: Sim
Classificação: 12
História
Um dia, Byleth, e seu pai Jerald são surpreendidos por três alunos da academia Garreg Mach. Os três estão sendo atacados por bandidos e, ao salva-los, lhe é dada a oportunidade de servir a igreja-escola como um professor.
Obviamente, a vida acadêmica de Byleth será colocada à prova quando forças ocultas ameaçam a igreja e todo reino, fazendo o protagonista aprender cada vez mais sobre seu passado e o seu destino. Infelizmente, ser mais detalhista renderia muitos spoilers, mas posso afirmar que a história do jogo é uma das melhores da série. A cada novo mistério, a trama te faz querer chegar ao fim para descobrir toda a verdade sobre Byleth e seus inimigos.
Jogabilidade
Fire Emblem evoluiu muito ao longo dos anos e Three Houses traz ainda mais novidades. Como professor(a), Byleth deve escolher uma das três casas disponíveis no jogo e treinar seus alunos.
Cada casa tem seus personagens com histórias próprias, de forma que é interessante fechar o jogo nas três agremiações para entender toda a complexidade desses reinos. As visões de mundo e ideologia de cada casa também são diferentes:
The Black Eagles representa o Imperio Adestrian, uma monarquia militar que existe há mais de mil anos. Os alunos desta casa favorecem machados e magia negra para lutar contra seus inimigos.
The Blue Lions representam o Sagrado Reino de Faerghus, que é formado por diversas ordens de cavalaria. Seus alunos favorecem a lança e montaria para lutar no campo de batalha.
Por fim, os Golden Dear representam a Aliança Leicester, um governo mais democrático que é formado por famílias ricas e comerciantes que se recusaram a servir um único monarca. Seus alunos favorecem a luta a distância com o arco.
Diferente de outros jogos da franquia, no qual você avançava de batalha em batalha ou explorava um mapa, em Three Houses você passará boa parte de seu tempo dentro da academia. O jogo é dividido em meses, cada qual com quatro semanas.
Durante o meio da semana sua responsabilidade será instruir seus alunos, escolhendo qual habilidade eles devem focar seu treinamento. Dessa forma, é possível melhorar a habilidade de espada de um personagem, de cavalaria de outro ou alterar completamente seus atributos iniciais.
Nos finais de semana você deverá escolher uma atividade específica. Uma delas é o Seminário, onde Byleth e alguns de seus alunos são instruídos por um professor de uma determinada habilidade. Esse evento concede mais experiência do que as aulas.
As batalhas livres permitem que você leve seus alunos para o campo e combata monstros, bandidos e outros inimigos, ganhando exp e tornado-os mais poderosos.
Descansar aumenta a motivação de seus alunos, fazendo com que eles se saiam melhores durante as aulas.
Por fim, você poderá andar livremente pela academia. Há atividades como pesca, colheita, torneios, entre outros. É possível também conversar com as pessoas, comprar itens e aprender mais sobre o mundo. A exploração é o grande diferencial do jogo, ao mesmo tempo que pode ser um fator que afaste alguns jogadores, já que a repetição e a busca por itens em todos os cantos pode ser maçante.
Fire Emblem sempre focou na história e na relação de seus personagens, mas em Three Houses a mecânica de academia permite que a série amplie esses elementos, criando vínculos muito mais profundos e interessantes. É possível se relacionar com todo o corpo docente e observar como alunos de casas diferentes reagem entre si.
Combate
O combate mantém a fórmula clássica da franquia. Realizado em turnos, sua equipe e oponentes alternam entre fases de combate, onde podem se mover pelo mapa e atacar inimigos. As vantagens e desvantagens continuam iguais aos jogos anteriores: machados causam mais dano em unidades com lança, arcos causam mais dano em unidades voadoras e armaduras pesadas praticamente anulam qualquer ataque de flecha.
Existe, porém, um novo atributo em Three Houses. A Liderança é a capacidade de uma unidade em comandar uma tropa. Dependendo do nível de liderança do personagem, é possível equipar uma tropa que lhe auxilia no combate e que pode ser usada para desferir golpes especiais, como invocar uma grande magia ou investir contra inimigos para paralisá-los por um turno.
Há outras duas novidades interessantes no novo Fire Emblem. Em algumas fases, é preciso enfrentar dois exércitos inimigos, que também lutam entre si e possibilitam novas estratégias de combate. Já o Sistema de Ajudantes traz a possibilidade de escolher um parceiro para determinado personagem. Esse “suporte” fica fora do combate, mas auxilia curando ou dando boost nos atributos do personagem em batalha.
Os combates de Fire Emblem: Three Houses ficaram ainda melhores, algo que parecia ser muito difícil de acontecer. A franquia já tinha consolidado esse sistema de combate como, para muitos, um dos melhores do gênero.
Direção de Arte e Desempenho
Os gráficos do jogo são um charme à parte, ele está muito bonito tanto no modo dock, que conta com uma paleta de cores mais vivas, quanto no modo handheld, que perde apenas um pouco das cores e fica mais serrilhado, porém nada que atrapalhe.
O tom mais realista, que é refletido no design dos personagens, se destoa muito dos últimos títulos de 3DS, que puxavam mais para um anime cômico. Ao meu ver, esse é um ponto positivo do jogo, pois ajuda (e muito!) a dar um “sentido sério” à jogatina.
Porém, existem algumas texturas muito simples que servem apenas para compor o cenário, como as frutas do mercado. Não vejo isso como um problema, pois ajuda a economizar processamento, mas os mais detalhistas podem se incomodar com esse recurso.
Veredito
Como fã de longa data da série e de jogos de estratégia, posso afirmar que Three Houses é, de longe, o melhor Fire Emblem já produzido. Apenas em Path of Radiance / Radiant Down, que leva o conflito de guerra a um patamar épico, vemos uma história que consegue competir com a trama de Fire Emblem: Three Houses.
Acredito que qualquer amante da franquia Fire Emblem, ou até de combates estratégicos, irá encontrar em Three Houses um prato cheio (com direito a varias repetições) do melhor que o gênero pode oferecer. Porem, como mencionei antes, a exploração do jogo pode ser repetitiva para alguns.
Trailer do Jogo