[REVIEW] DOGURAI – E se Megaman fosse um cachorro?
Lançado em Março de 2020, desenvolvido pela Hungry Bear e publicado pela QUByte, Dogurai aposta na nostalgia para fisgar os fãs de jogos de plataformas. É possível observar diversas referências à jogos clássicos da era 8 Bits, mas sem sombra de dúvidas o robozinho azul da Capcom serviu como a principal fonte de inspiração para os desenvolvedores.
Com uma direção de arte arriscada apostando em uma paleta de cores minimalista referenciando os primeiros modelos de Gameboy, Dogurai busca atrair o interesse dos jogadores justamente por esse estilo visual peculiar.
Entretanto será que uma boa dose de referências, um visual baseado em um portátil consagrado e uma dupla de protagonistas cheios de personalidade são suficientes para fazer de Dogurai uma boa opção para os donos de um Nintendo Switch?
Isso é o que vamos descobrir nas próximas linhas deste Review.
Ficha Técnica
Título: Dogurai
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 24/03/2020
Tamanho: 88Mb
Desenvolvedora / Publicadora: Hungry Bear / QUByte
Jogadores: 1
Em Português: Não
Gênero: Plataforma
Save na Nuvem: Sim
Classificação: Livre
Preço no Lançamento: USD 4.99
Tempo de Jogo (em média): 2,5 horas
Bones & Rider Uma Dupla da Pesada
Dogurai possui uma dupla de protagonistas muito carismática. São dois cachorros antropomórficos praticantes de artes marciais. Talvez seja uma versão canina das tartarugas ninja, ou até mesmo versões “Badass” do clássico Hong Kong Fu.
Bones é o cachorro com a pelagem clara e Rider o que possui os pelos mais escuro.
Inicialmente é possível jogar apenas com Bones que precisa resgatar o seu amigo que foi sequestrado. Fazendo o final bom e salvando Rider também é possível jogar com ele em campanhas futuras.
Dogurai possui dois finais, porém para conseguir o final bom e resgatar nosso amigo é necessário coletar 4 disquetes escondidos nas fases iniciais do jogo.
O jogo não apresenta o enredo para o jogador de início e só fica claro ao final da jornada, o que causa uma certa estranheza no começo da jogatina, porque não sabemos ao certo porque estamos lutando e qual nosso objetivo.
A Boa e Velha Jogabilidade Clássica
Dogurai é em sua essência um jogo de plataforma clássico muito inspirado em Megaman. As referências são diversas: temos a opção de escolher a ordem das fases iniciais (sendo todas elas temáticas), luta contra o chefe ao final de cada fase, a dificuldade elevada, enfrentar todos os chefes novamente no final do jogo e até mesmo uma versão menos assustadora do clássico Yellow Devil de Megaman está presente como chefe de uma das fases finais do jogo.
Os comandos são simples. Temos pulo duplo, ataque, dash e também um ataque especial que é disparado de maneira aleatória em alguns inimigos mais fortes iniciando um pequeno Quick Time Event que, se o jogador executar a sequência de maneira correta, causa um maior dano ao inimigo.
A jogabilidade entre os dois personagens é parecida, exceto por um detalhe: Bones possui a habilidade de cortar os projéteis dos inimigos ao meio utilizando a sua espada e Rider causa ataques a distância arremessando Shurikens.
Dogurai não apresenta nenhum tutorial, porém isso não é um problema quando o assunto é jogabilidade, uma vez que tudo é bastante simples. Contudo, essa ausência é sentida para explicar outros elementos do jogo. Quando coletei o primeiro disquete fiquei sem saber para que servia aquele item e sem ver utilidade para ele não fiquei interessado em buscar os demais nas outras fases. Fui descobrir que era um dos itens principais do jogo apenas na última fase quando já era tarde demais.
O jogo é dividido em 6 fases: Cidade (Que é visitada por duas vezes), 4 fases principais onde é possível escolher qual a ordem que deseja seguir, o laboratório e finalmente o Satélite onde acontece a batalha final.
Temos fases com lava, gelo que escorrega muito mais do que deveria, fases com temas espaciais e até mesmo fases com trechos em que percorremos pilotando uma moto.
Boa parte da dificuldade do jogo está em executar com perfeição os saltos evitando os abismos que causam morte imediata. O pulo duplo ajuda, mas em muitas vezes atrapalha porque não é bem implementado e falha em vários momentos decisivos. É um pouco frustrante passar por trechos que exigem do jogador saltos extremamente precisos e os controles não ajudam. Isso fica muito evidente na fase de gelo, que se tornou o meu pior pesadelo.
O jogo possui a opção de alterar a dificuldade no menu de opções, contudo isso não altera em nada a estrutura ou dificuldade das fases. A única alteração é no número de vidas. No nível Normal temos vidas infinitas e no difícil são apenas 5 para terminar todo o jogo.
Gráficos e Sons
A escolha de Dogurai pela direção de arte é bastante curiosa. Com gráficos e cores inspirados nos modelos Originais e Color do Gameboy todo o jogo é praticamente monocromático e com Pixel Art com o mesmo estilo e limitação dos 8 Bits.
O jogador tem a opção de escolher a cor que prefere jogar ou deixar que o jogo altere de maneira automática a cada fase. Eu particularmente gostei mais da opção de cores do Gameboy Original.
Como esperado os gráficos são extremamente simples e é difícil identificar muitas vezes o que está sendo mostrado no cenário. A opção por utilizar paletas monocromáticas também atrapalha um pouco por conta da falta de contraste. Jogando com Bones que possui a cor branca fica difícil identificar o Sprite do personagem quando está em ambientes abertos e o fundo também é branco. Essa sensação de estranheza melhora um pouco jogando no modo portátil em que a tela é menor, mas na TV realmente parece que faltou um pouco de polimento nos Sprites.
A música, juntamente com a jogabilidade são os pontos positivos. São marcantes e lembram muito os jogos de ação e plataformas antigos. As trilhas são bem encaixadas com os cenários e são muito bem executadas.
Veredito
Dogurai é um bom jogo de plataforma. Certamente fãs de Megaman vão curtir todas as referências e vibrar com a dificuldade do jogo.
Contudo, essa dificuldade elevada e os controles imprecisos podem afastar uma boa parte dos jogadores. Em determinados trechos fiquei com a sensação de que a dificuldade estava sendo aumentada de maneira artificial apenas para frustrar o jogador. Quase desisti de seguir adiante no trecho da moto onde os saltos beiram à insanidade e também na parte de gelo onde a física é estranha e o personagem desliza como se não houvesse atrito ou gravidade.
Como pontos positivos e bem implementados eu destaco a luta contra os chefes, que são desafiadores na medida certa.
Analisando com cuidados todos os pontos positivos e negativos Dogurai é uma boa escolha, principalmente se considerarmos o baixo preço. Entretanto é importante destacar que esse é um tipo de jogo que exige do jogador uma boa dose de treino, tal qual suas inspirações da década de 80. Levei aproximadamente 4 horas para terminar o jogo uma primeira vez, mas considerando a possibilidade de fazer dois finais diferentes e liberar um segundo personagem o fator Replay é bastante relevante.
Trailer do jogo
*Esse Review foi preparado com uma cópia disponibilizada pela publicadora.