[REVIEW] Wonder Boy: Asha in the Monster World – Remake com poucos tropeços
Wonder Boy: Asha in the Monster World é o remake 2.5D tão aguardado de Monster World IV, um jogo originalmente lançado para Mega Drive no longínquo ano de 1994. Nele, controlamos a destemida Asha, uma garota sensitiva a espíritos que sente um pedido de ajuda deles através do vento e sai para uma jornada em busca de socorrê-los.
Ficha Técnica
Título: Wonder Boy: Asha in the Monster World
Plataforma: Nintendo Switch
Data de lançamento: 28/5/2021
Tamanho: 2.9 GB
Desenvolvedora: MONKEY CRAFT
Publicadora: STUDIOARTDINK
Jogadores: 1
Em Português: Não
Gênero: Aventura, Ação, Plataforma
Tempo de Jogo (em média): 5 horas
Save na Nuvem: Sim
Classificação: Livre
Não é o Metroidvania que conhecemos
Ao contrário de alguns jogos da franquia, Wonder Boy: Asha in the Monster World vai na contramão e apresenta-se como um plataforma bastante linear – com algum certo nível de liberdade. Asha consegue pular, atacar, realizar um ataque mais potente e utilizar seu escudo para defender-se de inimigos e projéteis. A jogabilidade é muito daquilo que costumávamos ver na época em que Monster World IV foi lançado, seguindo uma linha de exploração rasa, desafios de plataforma de dificuldade média e inimigos para enfrentar pelo caminho.
Porém, nada disso citado acima é um problema, pois Wonder Boy: Asha in the Monster World consegue ainda se sustentar com elementos tão simples de eras passadas. Alguns cenários exigem um certo nível de backtracking, enquanto procuramos por itens chaves que podem ser usados para destrancar portas, liberar obstáculos ou interagir com outros objetos do ambiente. Além da progressão horizontal, existe uma grande quantidade de progressão vertical, e momentos nos quais precisamos pular em plataformas, subir em cipós ou cordas, usar um pulo duplo para alcançar locais mais altos e afins.
Apesar da exploração não ser o foco principal do jogo, ela é um elemento bem recompensador por aqui. Se você for do tipo de pessoa que procura segredos e itens escondidos em cada canto do mapa, será bastante recompensado com montantes de dinheiro colocados em locais menos “na cara” e até mesmo itens que podem ser guardados no inventário para serem usados depois. Alguns desses itens podem, literalmente, salvar a sua vida, como o Elixir que revive Asha assim que recebemos um game over.
Outro fator bastante importante são os coletáveis, que realmente fazem sentido por aqui: colecionando 10 joias, você expande um coração em sua “barra” de saúde. Além de conseguir este feito através da coleta destes itens, também é possível comprar braceletes equipáveis em mercadores nos centros comerciais. Esse equipamento pode até custar caro, dependendo da sua eficácia, porém vale totalmente a pena por aumentar exponencialmente a sua quantidade de corações e, consequentemente, o quanto de dano que Asha consegue aguentar.
Quando pensamos em batalha, certamente a franquia Wonder Boy nunca decepcionou. Todos os conflitos aqui são prazerosos de serem resolvidos com a espada de Asha, e não ficam trazendo de volta inimigos já derrotados. As lutas contra chefes também são satisfatórias e relativamente desafiadoras, apesar de que, uma vez identificado o padrão de qualquer um deles, torna-se um pouco mais fácil de vencer a batalha. Mesmo assim, esses momentos exigem bons reflexos por parte do jogador.
Tirando o fato de Asha não adquirir novas habilidades de forma direta durante sua aventura, a garota recebe um companheiro para ajudá-la, o Pepelogoo. O animalzinho flutuante consegue fazer com que a protagonista plane por alguns segundos, além de servir também para interagir com alguns elementos do cenários como uma espécie de mini-vulcão dentro de cavernas, focos de luz que podem ser assoprados, alavancas que liberam passagens, entre outros. Porém, quando o bichano aumenta de tamanho comendo uma fruta especial para crescer, não conseguimos mais nos movimentar enquanto o seguramos, por causa de seu tamanho, o que achei um baita retrocesso. Antes disso, é possível correr e andar com ele em mãos.
Alguns problemas perdoáveis, mas existentes
As batalhas são bem executadas, como dito anteriormente, mas possuem um pequeno deslize em termos de hitbox. Algumas vezes fica difícil saber o quão perto de um inimigo precisamos nos posicionar para poder acertá-lo em cheio sem levar um dano, e em vários momentos senti como se estivesse próximo o suficiente sendo que não estava. Talvez isso seja uma consequência do aspecto 2.5D que o jogo recebeu nessa revitalização, já que na versão original essa sensação não existia.
O fator hitbox impreciso se agrava um pouco mais nas batalhas com chefes, em que um deles possui um formato esférico em algumas partes de seu corpo, dificultando o entendimento de onde começa e onde termina a caixa de colisão do inimigo. Porém, a protagonista gira em pleno ar caso não acertemos um ataque e acabemos colidindo com ele, resultando em zero dano- penso eu que isso foi uma forma de prevenir essa deficiência.
Tratando-se do maior pecado de Wonder Boy: Asha in the Monster World, certamente eu preciso culpar a falta de um mapa – existe em lugares específicos, mas para tarefas pontuais. É fácil se perder em alguns cenários, já que eles agem praticamente como um labirinto para te deixar confuso e voltar várias vezes no mesmo lugar. Perdi algumas boas horas tentando lembrar onde eu estava e onde queria chegar, já que não há forma alguma de se localizar através de um GPS ou qualquer recurso que faça esse trabalho.
Em menor escala, temos a falta de save automático, o que obriga o jogador a salvar antes de uma sala de luta contra algum chefe. E isso não é avisado e você nem sempre sabe quando vai ser esse embate, por isso acaba trazendo aquele sentimento de ser necessário salvar a todo instante. Não digo que deveriam abolir o save manual, mas precisam muito implementar uma forma de guardar o progresso automaticamente – ao menos – em momentos importantes da aventura.
Um momento que preciso muito citar por causa de tão negativamente espantoso que foi, é o quiz da esfinge. Ele é necessário para o progresso e, aqui, uma esfinge começa a fazer cerca de 8 perguntas sobre coisas aleatórias, relacionadas a sua jornada até aquele momento. Porém, o maior problema é que os questionamentos vão desde “seu pai tem barba?” até “qual a comida preferida de fulano?”. São coisas que ninguém normalmente prestará atenção, já que são apenas falas indiferentes de NPCs e características sutis de personagens. Caso você erre uma única resposta, será jogado em um buraco para subir uma corda e arriscar novamente no quiz. Mas, calma, piora: as perguntas são todas alteradas. Vê se pode um negócio desses?
Um remake que valeu a pena em todos os aspectos
Muita gente torceu o nariz quando viu a nova abordagem artística que Wonder Boy: Asha in the Monster World estava tomando para si, já que o original era composto por belíssimos gráficos 2D da era 16-bit. Apesar de algumas animações serem um pouco duras e alguns modelos 3D serem um tanto quanto feios quando a câmera se aproxima demais, os visuais como um todo são bem coloridos e lindos a ponto de encher os olhos.
Já em termos de jogabilidade, o único “problema” mesmo é a parte de combate e o backtracking (vai e volta) excessivo em algumas partes, porém vale ressaltar tamanha qualidade que todo o resto do jogo esbanja. Wonder Boy: Asha in the Monster World, apesar de ter essa carinha, não é algo para crianças. Digo isso porque, apesar de ter um aspecto mais infantilizado por causa da direção de arte, é realmente um game que dará um certo trabalho mesmo para aqueles mais experientes em títulos de plataforma das antigas, além de não estar disponível o português brasileiro como idioma, e alguns trechos exigirem leitura para entender o que se passa. Ah, e alguém precisa chamar a atenção urgentemente de quem criou o quiz da esfinge. É sério.
Obs.: a versão física de Asha in Monster World, segundo informações cedidas pelos produtores, acompanha exclusivamente a cópia do jogo original Monster World IV. Infelizmente, a versão digital não oferece esse mesmo fator extra.
Trailer do Jogo
* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pelos produtores
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