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[REVIEW] Kingdoms of Amalur: Re-reckoning – Um RPG fruto de sua época

Vindo diretamente da geração Xbox 360 e PS3, Kingdoms of Amalur: Reckoning foi um game que pulei completamente, porque na época estávamos inundados por títulos de qualidade do gênero RPG ou similar. Com isso, consigo me lembrar claramente de Skyrim e Dark Souls, o primeiro me cativando por causa de sua grandiosidade, músicas fantásticas e uma história interessantíssima; já o jogo da From Software me fisgava por conta de seu desafio altíssimo e jogabilidade muito acima da média – apesar de ser bem exigente.

Em 2020, a THQ Nordic trouxe para o Xbox One, PC e PS4 a versão remasterizada intitulada Kingdoms of Amalur: Re-reckoning, chegando somente em 2021 para o Switch muito provavelmente por conta dos ajustes necessários para adequar ao hardware da Nintendo. Aliás, vale dizer que Kingdoms of Amalur é fruto de mentes como R.A. Salvatore, Todd McFarlane, e Ken Rolston (lead designer de Elder Scrolls IV: Oblivion). Bom, valeu essa espera de tantos anos para ter este meu primeiro contato?


Ficha Técnica

Título: Kingdoms of Amalur: Re-reckoning

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 16/3/2021

Tamanho: 12.4 GB

Desenvolvedora/Publicadora: Inverge Studios/Kaiko, THQ Nordic

Jogadores: 1

Em Português: Não

Gênero: RPG, Ação

Tempo de Jogo (em média): 19 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 16 anos

Preço no Lançamento (BR): R$ 112,45


Uma história de “Sessão da Tarde”

História "mais ou menos"Kingdoms of Amalur: Re-reckoning possui uma história que você, provavelmente, já viu em algum filme de médio orçamento feito para o público televisivo. Nele, incorporamos um herói sem nome, referido como The Fateless One, o único capaz de mudar o curso dos eventos do destino para o bem ou mal.

O protagonista então acabara de ser trazido de volta à vida em um experimento científico para combater o grande mal, representado por uma figura vilanesca típica de filmes de Idade Média. Isso tudo é contado por meio da cutscene que antecede os primeiros momentos de ação real, até que o personagem principal surge sendo carregado por uma carroça, prestes a ser lançado no “lixo”, mas acaba acordando e retornando à vida depois de ser descartado em uma pilha de corpos.

Criação de personagemJá na criação daquele que será nosso personagem, a ferramenta de personalização se mostra bastante competente, rivalizando até mesmo com jogos da mesma idade. Podemos escolher dentre uma boa quantidade de rostos, características faciais, tamanho e distância de olhos, nariz, boca, sobrancelhas, cor de cabelo, olhos, estilos de barba, sexo, entre outros elementos para a criação de algo único. 

Também é possível optar pela raça derivada de humanos e elfos, cada qual com suas características próprias e atributos maiores em determinados pontos:

  • Almain: são uma raça nobre de construtores, provenientes de uma longa tradição militar, e possuintes de vantagens em forja de equipamentos, alquimia (criação de poções) e persuasão.
  • Varani: é uma raça mais “bárbara” e mercenária, não tão culturalmente refinada quanto os Almain, e vivem em locais mais isolados como o alto mar e vilarejos. Essa opção apresenta vantagens em encontrar objetos escondidos, abertura de fechaduras e negociações.
  • Dokkalfar: são elfos escuros, respeitados e sofisticados estudantes de magia, que preferem resolver seus problemas na surdina – ao mesmo tempo que não fogem de conflitos. Como esperado, esta raça tem vantagens em furtividade, persuasão e crafting de gemas mágicas que servem para acoplar em slots de equipamentos.
  • Ljosalfar: são primos dos Dokkalfar e elfos de terras gélidas, além de protetores da natureza e defensores da justiça, que lutam contra o caos e a escuridão para defender o reino de Amalur. Esta raça possui vantagens em abertura de fechaduras mágicas, alquimia e crafting de gemas mágicas.

Prepara-se para… ler bastante

Diálogos excessivosInfelizmente, Kingdoms of Amalur: Re-reckoning sofre de um mal em que muitos RPGs ocidentais acabam caindo, na minha opinião: diálogos em excesso e sem vida. A sensação que estas várias perguntas “extras” disponíveis em uma conversa colabora para esse efeito de cansaço mental e inchaço, já que existem sempre muitas linhas de diálogos apáticos e opções que não vão levar a lugar nenhum ou que não contarão algo relevante para a história.

Adicionalmente, a personalidade é “moldada” de acordo com a vertente das respostas escolhidas, fazendo com que o protagonista se torne alguém mais hostil ou simpático, o que resulta em reações diversas por parte dos NPCs. Apesar disso, não consegui notar consequências reais ou mudanças no decorrer da história por causa das escolhas que fiz, mas apenas uma facilidade de convencer personagens em certas opções por causa do meu atributo de persuasão ser alto, por exemplo.

MapaAlguns elementos existentes em jogos como Skyrim e Fable também se fazem presentes por aqui. Vamos dizer que você queira roubar um item raro de uma loja ou abrir algum recipiente que esteja dentro de uma casa: seu personagem pode ser preso caso seja pego em flagrante realizando qualquer um destes atos.

Já em termos de missões principais e secundárias, ambas se mostram bem parecidas, e muitas vezes se resumem em ir de um ponto a outro, falar com um NPC e destruir monstros pelo caminho ou no ponto de destino. Algumas lutas com chefes são relativamente memoráveis, e exigem bastante esquiva, reconhecimento de padrões, e o uso do parry para aparar e repelir ataques inimigos depois da abertura de uma brecha.

Normalmente fico bastante cansado e sem vontade de ler tanto texto ou ouvir diálogos em um RPG, e prefiro focar na história principal quando ela apresenta uma boa narrativa. Kingdoms of Amalur também não é um grande exemplo de incentivo em te fazer querer conhecer sua história, já que os diálogos são bem maçantes e monótonos. É difícil existir em escopos de mundos grandiosos assim alguma história secundária que prenda a atenção, justamente pelo tamanho do universo existente dentro do jogo que, inevitavelmente, faz com que coisas fora do arco principal recebam menos atenção.

Jogabilidade salvadora

Combate excelenteA jogabilidade de Action RPG, sem dúvidas, é o ponto alto de Kingdoms of Amalur: Re-reckoning, pois seu estilo de combate mistura bastante agilidade e estratégia. Se por um lado é necessário atacar os inimigos para fazer com que eles percam o equilíbrio e abaixem a guarda, por outro é preciso que o jogador fique atento para utilizar o botão de esquiva ou bloqueio a qualquer momento. Caso você consiga defender um golpe inimigo, ele será repelido fazendo com que seja possível contra-atacar com um dano mais potente. Os monstros também não seguem o infeliz estilo Assassin ‘s Creed de cercar o personagem, e sim todos atacam sem dó nem piedade – sem esperar, educadamente, cada um a sua vez.

A parte mais bacana, ainda neste quesito, é a possibilidade de equipar dois tipos de arma ao mesmo tempo. Isso diversifica muito mais as batalhas, já que a qualquer momento podemos alternar entre espadas e arcos, por exemplo. O personagem possui slots disponíveis para colocar equipamentos de ataque, e neles é possível equipar espadas duplas, espadas gigantes, arcos, cajados, varinhas, Chakrams (armas asiáticas de arremesso feitas com lâminas) e afins. Isso evita um esmagamento constante de botões e até mesmo a necessidade de ter que abrir o menu para trocar qualquer equipamento.

Mudanças de armasComo de costume em RPGs, pontos de atributos são recebidos a cada nível atingido do personagem, o que acontece ao preencher a barra de experiência que surge no HUD abaixo. É possível distribuir esses pontos entre Alchemy, Blacksmithing, Detect Hidden, Dispelling, Lockpicking, Mercantile, Persuasion, Sagecraft e Stealth. Além disso, também existe a árvore de habilidades passivas e agressivas, divididas entre a seção Might, Finesse e Sorcery. Graças a este sistema de distribuição de pontos, a sensação de liberdade e de que podemos criar um personagem único é predominante, algo que vem se ausentando de alguns RPGs que tentam simplificar mais as coisas – Diablo 3, por exemplo. Mesmo com a opção de escolha de classe, existe a possibilidade de focar em builds mágicas, física, ou a mistura de ambas.

Fora isso, realizando upgrades de um caminho específico no menu de habilidades – armas de lâmina, sem lâmina, arcos, cajados, etc – libera uma versão mais poderosa do ataque de cada tipo de armamento específico. Espadas gigantes recebem um ataque giratório, enquanto que cajados mágicos desbloqueiam uma versão da magia que atinge inimigos ao seu redor em um diâmetro bastante amplo, por exemplo, entre outros tipos de golpes mais poderosos disponíveis.

O mais problemático talvez seja o inventário do personagem. Não há muita capacidade inicialmente para carregar as coisas, pois o limite é de 70 espaços em sua bolsa. Existe como comprar itens que expandem este número, mas em quantidades esdrúxulas por um preço bem alto. Mesmo havendo uma opção de enviar um item em específico ao menu de lixos, isso não alivia sua carga e o item sacrificado continuará contando como peso no inventário. É necessário destruir os objetos adicionados ao lixo para liberar espaços, o que elimina o item de vez impedindo com que você o venda. Jogos parecidos já tem uma solução inteligente para esse tipo de situação, como Torchlight 2 que envia seu animal de auxílio à cidade para vender os itens desnecessários.

Mudanças em relação à versão original e o port para Switch

Gráficos em alta definiçãoKingdoms of Amalur: Re-reckoning traz visuais em alta definição, mas basicamente o mesmo gráfico do jogo original sem grandes mudanças ou modelos refeitos. Fora isso, melhorias na câmera foram feitas, missões foram adicionadas, além dos DLCs vendidos separadamente na época: The Legend of Dead Kel, que habilita uma ilha chamada Gallows End, com novas missões secundárias e itens inéditos; e Teeth of Naros, lançado em 2012, que libera um local chamado de, justamente, Teeth of Naros, que se trata de uma montanha ao sul de Dalentarth habitada por uma raça de gigantes chamada Kollossae; além de Fatesworn, um conteúdo adicional planejado para este ano que expandirá cerca de 5 horas do jogo.

Já falando sobre a versão para Switch, curiosamente não possuímos várias opções – como a Fate Edition – existentes para os outros consoles e PC. Isso é bom, já que não é necessário ficar indeciso por qual edição comprar e ter receio de receber menos conteúdo. Por outro lado, no console da Nintendo o jogo roda em 30 fps e não apresenta tanta beleza gráfica quanto no Xbox One e PlayStation 4. Mesmo assim, o framerate é constante, e a distância de renderização faz um bom trabalho em não deixar objetos pipocando na tela à medida que nos aproximamos deles.

Uma história nada contagiante, compensada pela jogabilidade

É normal a sensação de que em Kingdoms of Amalur: Re-reckoning estamos apenas andando de um ponto ao outro e eliminando inimigos. Se isso for um problema para você, são grandes as chances de que tudo se tornará uma experiência bastante monótona após algumas poucas horas. Porém, se a habilidade de ignorar uma história medíocre estiver entre seus principais dotes, provavelmente vale a pena dar uma chance à essa “nova” versão de um jogo que, apesar de divertido, mostra vários sinais de sua idade. Já se você for alguém que teve contato com Kingdoms of Amalur lá em 2012 e o finalizou, defintivamente não vale uma segunda visita, pois é basicamente o exatamente o mesmo produto.


Trailer do Jogo


* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pelos produtores

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

2 thoughts on “[REVIEW] Kingdoms of Amalur: Re-reckoning – Um RPG fruto de sua época

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