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[REVIEW] Oddworld: New ‘n’ Tasty – De escravo a herói

Oddworld é uma daquelas franquias que não são conhecidas por muitas pessoas, mas totalmente apreciada pelas que conhecem. Seu primeiro jogo, Abe’s Oddysee, é de 1997, mas recebeu muitas versões ao longo dos anos, até que recebeu um remake em 2014. Ele, Oddworld: New ‘n’ Tasty, faz jus à qualidade de seu primeiro jogo? Acompanhem essa análise.


Ficha Técnica

Título: Oddworld: New ‘n’ Tasty

Plataforma: Nintendo Switch

Data de Lançamento: 27/10/2020

Tamanho: 2.8Gb

Desenvolvedora/Publicadora: Oddworld Inhabitants / Oddworld Inhabitants

Jogadores: 1

Save na nuvem: Sim

Em português: Legendado em português

Gênero: Plataforma, Aventura, Puzzle

Preço no Lançamento (US): USD $ 19,99


Uma grande crítica social

Oddword: New ‘n’ Tasty é um jogo completamente novo. Diga-se de passagem, é um remake que chega perto do nível de Resident Evil Remake. Então é totalmente injusto compará-lo com seu antecessor, por isso essa análise foi feita considerando-o isoladamente, apesar do sentimento de nostalgia continuar imperando.

A história da franquia é, basicamente, sobre o planeta Oddworld e os males que vem sofrendo por causa da intensa industrialização, iniciada pela raça Glukkon. New ‘n’ Tasty não escapa disso, tendo seu foco na raça dos Mudokon e o quanto que estão sofrendo como escravos nas mãos invisíveis de Molluck.

Sendo o principal antagonista do jogo, Molluck é o CEO da RuptureFarms, a fábrica de alimentos onde Abe e muitos outros Mudokons trabalham. Em um dado momento, Abe está limpando o chão da indústria, até que se aproxima de uma reunião de planejamento que alguns Glukkons, entre eles o Molluck, estão fazendo. Nisso, ele vê qual é o próximo produto da empresa, a fim de obter lucros máximos: carne de Mudokon.

Assim, apavorado, nosso herói inicia uma fuga da fábrica, tentando salvar o máximo de mudokons no processo, momento em que o jogo se inicia. Quando consegue sair, ele percebe que estava destinado a algo muito maior do que acreditava ser capaz.

A história é contada por meio de pequenos vídeos que aparecem conforme o jogador avança e por algumas notas encontradas no caminho. Essas notas detalham um pouco mais o mundo de Oddworld, não se atentando tanto ao jogo, mas são úteis para compreender o comportamento de algumas coisas importantes.

New ‘n’ Tasty possui em sua história uma tremenda crítica social. A RuptureFarms, prezando apenas seus lucros, explora o meio ambiente e tudo que o envolve ao máximo, chegando até a extinção de uma raça. Seus produtos utilizavam criaturas que são consideradas sagradas entre os Mudokon, sendo que restam pouquíssimos santuários em que elas ainda são preservadas.

Olá, siga-me

É um pouco difícil explicar como funciona a jogabilidade de New ‘n’ Tasty. Tentando resumir, é um jogo de aventura com foco em furtividade e desafios de plataforma. Mas não é somente isso. Tem um pouco de estratégia e puzzle. Isso em um ambiente de 3 dimensões, mas jogável em apenas duas.

O jogo é bem linear, mas existem algumas áreas e caminhos diferentes para explorar, caso o jogador queira. Com a exploração, além de conseguir mais detalhes sobre o universo da franquia, Abe chega a novas áreas e pode salvar mais mudokons, o que impacta diretamente o final do jogo.

Os comandos do jogo são, à primeira vista, complexos, mas fáceis de se aprender conforme se joga. Abe anda para direita ou esquerda, podendo ir para plataformas acima ou abaixo, caso haja alguma fenda, nunca podendo passar entre elas a vontade, como é comum nos outros jogos. Ele pula, abaixa, rola, corre, anda na ponta dos pés, arremessa projéteis quando coleta algum, puxa alavanca, aperta botões. Além disso, ele pode também entoar um canto capaz de muitas funções, assoviar de duas formas diferentes, rir, soltar pum, e falar algumas frases. O mais impressionante é que somente o riso não possui nenhuma função, pois até o flato é contextual.

Quando entoa, Abe pode possuir e controlar os Sligs, que são os guardas da fábrica e inimigos mais básicos do jogo. Ao controlá-los, abre-se um novo leque de comandos, muitos deles sendo cruciais para avançar no jogo. Pode parecer complexo, mas, conforme o jogador avança, começa a compreender a jogabilidade e torna-se natural passar os desafios.

Abe é totalmente incapaz de bater de frente com os inimigos e morre com poucos ataques. O jogo não dispõe de nenhuma forma para lidar diretamente com os oponentes, então a melhor opção é sempre evitar encontros, sendo furtivo. Existem sempre algumas formas de se esconder deles, como fumaça, falta de luz ou estar em uma posição acima ou abaixo. Dessa forma, nosso herói pode usar o ambiente ao seu redor para aniquilar os guardas, seja com minas ativáveis, granadas, moedores de carnes e várias outras coisas. Mas é necessário ter cuidado, pois, muitas vezes, outros mudokons podem morrer caso estejam muito perto.

Em muitos casos também é possível possuir um Slig e utilizar sua arma para matar os outros ou dar comandos aos Slogs, os cachorros, para que façam isso. Entretanto, caso existam alguns mudokons na tela, o Slig possuído deve dar um comando para que eles abaixem, sendo possível atirar sem matá-los.

Além dos momentos de furtividade, o jogador também encontra fases com desafios de plataformas. Aqui a discrição não faz diferença, Abe necessita de precisão e bons reflexos para avançar. São alguns momentos de fuga, sempre no contexto do enredo do jogo, em que é necessário pressa para se safar de algumas criaturas ou situações.

Apesar de parecer difícil, o jogo abre espaço para erros. Sempre que morre, Abe volta imediatamente ao último checkpoint que, geralmente, está próximo do local da morte. Mas, em muitos pontos, principalmente nas telas de final de fase, os checkpoints são distantes, o que pode gerar uma certa frustração ao morrer. Apesar disso, o jogo possui um sistema de salvamento e carregamento rápido, semelhante ao famoso save state. Assim, o jogador pode avançar um ponto mais difícil, salvar e retornar rapidamente para lá caso venha a morrer.

É possível escolher o nível de dificuldade, sendo que o nível mais difícil é o modo comum na versão de PSone. Caso o jogador queira o desafio verdadeiro do jogo, basta escolher esse modo. Caso não queira, os novos modos de dificuldade são bem convidativos e tiram bastante a sensação de que o jogo é punitivo.

Arte

Visual

Como disse no começo, New ‘n’ Tasty fez escola com Resident Evil Remake. Então um dos vários pontos em que o novo jogo brilha é em relação ao seu visual. O jogo é um primor, e as primeiras impressões enchem os olhos com a qualidade dos gráficos, mesmo na resolução mais baixa do modo portátil do Switch.

Os efeitos de luz e sombra são fantásticos, tanto que o jogo possui muitos cenários em que a luz está no segundo plano, para que o primeiro plano fique todo escuro. E isso afeta a jogabilidade, pois os guardas não conseguem ver o Abe enquanto está escondido na sombra de alguma estrutura.

Os cenários mais selvagens também possuem ótimos efeitos visuais, com uma alta qualidade de texturas, além de existirem vários momentos em que a câmera varia para o 2.5D

Os seres do mundo também merecem destaque, pois, por causa de uma melhor qualidade de textura, perderam aquela estranheza que davam nas versões antigas, não dando uma sensação alienígena e fazendo com que o jogador tenha mais empatia com que está acontecendo no mundo.

Trilha sonora

O jogo consegue tornar os efeitos sonoros em elementos de jogabilidade, pois as falas e sons emitidos tanto pelo Abe como pelos Sligs possuídos são essenciais para se avançar no jogo. Além disso, os efeitos sonoros dos sons dentro da fábrica realmente passam a sensação de algo mais industrial e grave, mudando para sons mais selvagens quando o jogo vai para a floresta.

A dublagem dos personagens está fantástica. As vozes, assim com o tom e o timbre delas, são sempre cômicas e combinam perfeitamente com as criaturas, passando a agressividade de algumas, assim como a serenidade de outras.

Sobre as músicas, é triste dizer que achei elas meio irritantes. Procuram usar de instrumentos não convencionais, mas acabam caindo no tédio pela falta de ritmo e harmonia. Além disso, elas possuem um loop extremamente curto, sendo bem repetitivas, no geral. Claro, há exceções, mas as músicas mais comumente tocadas não são tão boas.

Veredito

Oddworld: New ‘n’ Tasty é um jogo brilhante. Merece ser lembrado como um dos melhores remakes já feitos, na mesma lista de Resident Evil Remake.

Sua história, além de ser rica e completa, possui críticas sociais pesadas e atuais. A jogabilidade, mantendo os mesmos traços nostálgicos, ganhou evoluções para os jogadores atuais, mas também permaneceu acessível aos mais hardcores apenas apenas aumentando a dificuldade.

Suas imagens ficaram belíssimas, com efeitos de luz e sombras de brilhar os olhos, além de um ótimo trato nas texturas. Sua trilha sonora peca pela repetição, mas é compensada pelo excelente trabalho com efeitos sonoros.

Recomendo-o para quem gosta de jogos com desafios de plataforma, furtivos ou puzzle. Recomendo também para quem gosta de uma boa e acessível história, com críticas sociais sem perder o humor. Não recomendo para quem gosta de ação desenfreada, pois aqui é necessário pensar muito bem antes de agir.

E você? É fã da franquia como eu? Interessou-se pelo jogo? Deixe sua opinião nos comentários!


Trailer do jogo


* Esta análise foi escrita usando uma chave fornecida pelos desenvolvedores.

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Kiefer Kawakami

Sobre mim: Amante dos games, acredito que eles podem mudar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes, bem como aconteceu comigo. Possuo um amor incondicional pela Nintendo desde Donkey Kong Country e Super Metroid. Sou multidisciplinar e sei pouco sobre muita coisa, mas o suficiente para relacionar assuntos distintos. Além disso, quero divulgar os games para que as pessoas vejam a maravilha que são e podem ser.

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