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[REVIEW] SUPERHOT – Um Jogo Super Quente!

Bullet Time, ou “tempo da bala”, é um tipo de efeito especial muito usado, por exemplo, em cinema para mostrar o quão rápida é uma situação, seus personagens ou para gerar algum tipo de impacto no público. Para isso, utiliza uma câmera extremamente lenta de modo a exibir uma visão mais detalhada de um determinado evento. Um dos exemplos mais clássicos de utilização do efeito no cinema é, com certeza, aquela cena do filme Matrix em que Neo desvia de uma chuva de balas.

E Superhot se baseia nesse tempo da bala (até de maneira literal) para tentar trazer algo novo para os jogadores. Contudo, será que o jogo se sustenta só com essa jogabilidade? Nas próximas linhas deste review eu contarei como foi a minha experiência.


Ficha Técnica

Título: SUPERHOT

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 19/08/2019

Tamanho: 2.9GB

Desenvolvedora/Publicadora: Superhot Team

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Save na nuvem: Sim

Gênero: Tiro em Primeira Pessoa, Puzzle, Ação

Classificação: 13 Anos

Preço no Lançamento (US): US$ 24,99

Tempo de Jogo (média): 3 horas


Um Jogo Diferente

Muitas vezes a forma de contar uma história é tão boa que acaba minimizando a falta de uma trama mais rebuscada. É como, por exemplo, um humorista “contador de histórias” que pode contar aquelas piadas super antigas e de domínio popular, mas a forma com a qual ele consegue trazer isso para o público supera a falta de novidade e faz as pessoas rirem. E SUPERHOT é exatamente esse contador de histórias.

Não espere algo rebuscado ou refinado de seu enredo, nem espere uma grande discussão filosófica sobre a vida, tempo e espaço, pois SUPERHOT não é este tipo de jogo. Porém, mesmo com tamanha simplicidade eu me vi entretido e querendo saber mais e mais das próximas linhas de diálogo. Porém, nesse aspecto extremamente subjetivo, é muito difícil saber se todos os jogadores terão o mesmo interesse na história ou se ela se tornará algo dispensável.

Sem entrar em spoilers, posso dizer que o jogo se passa em um computador antigo, com sistema operacional oferecendo apenas a interface de texto, lembrando muito os computadores que rodavam, por exemplo, o MS-DOS. Você recebe uma mensagem de um amigo nesse terminal que te apresenta um novo jogo chamado Superhot.exe, enviando o arquivo para você instalar no PC. A trama passa a se desenrolar a partir daí.

Menu principal do jogo

Importante ressaltar, ainda, que o jogo todo roda nesta tela do computador e o sistema operacional textual funciona também como o menu do jogo, tendo minigames, protetores de tela e as configurações. Isso é interessante, pois traz um retrato de uma época, mas que deve impactar apenas quem vivenciou ou vivencia, de alguma forma, este tipo de interface, sendo algo que não deve gerar tanto impacto nas novas gerações que não têm acesso ou contato com esse tipo de tecnologia.

Um outro aspecto interessante é que todo o jogo está traduzido para o português, o que torna o entendimento da história e a navegação pelos menus bastantes acessíveis.

Jogabilidade

O jogo se baseia, como dito na introdução deste review, no bullet time. A ideia central deste game é que o tempo se move muito lentamente enquanto você está parado, voltando a correr em velocidade normal quando você realiza alguma ação (andar, pegar um objeto, atirar nos inimigos, socar etc). Como na maioria das vezes estamos imóveis analisando uma situação e todas as nossas possibilidades, podemos dizer que em SUPERHOT o efeito do “tempo da bala” é a regra e não a exceção (diferentemente de sua aplicação em outras mídias).

Suas ações básicas são andar, atirar (armas de fogo ou objetos) e golpear (com os punhos ou com as armas brancas). Como dito no parágrafo anterior, a realização dessas ações fazem o tempo correr em velocidade normal enquanto são realizadas. Exemplificando: você socou um inimigo? O tempo corre enquanto sua mão vai para frente e retorna para junto ao corpo. Atirou com um revólver? Enquanto você se recupera do coice da arma, o tempo também corre normalmente. Interessante dizer que toda arma de fogo no jogo tem um período de cooldown para você poder dar o próximo tiro (é bem rápido, mas como o tempo fica desacelerando e a ação é frenética, parece que demora uma eternidade).

Uma das ações é pegar armas e objetos dando sopa no cenário.

Ainda falando das ações, após alguns estágios completos você recebe uma outra habilidade que é bem interessante, mas que não darei spoilers aqui.

Além disso, esta mecânica de fazer o tempo “parar” traz um efeito positivo que é permitir ao jogador analisar uma situação e pensar em como deve sair dela, bem como avaliar qual será o seu próximo passo.

Um outro aspecto a se ressaltar é que um único tiro ou um golpe dos inimigos te mata (e o mesmo vale para eles), então não há espaço para erros neste jogo. Apesar dessa punição pelo erro, este não é um jogo extremamente difícil. Diria até que ele é bastante acessível, pois uma vez que você aprende o comportamento dos inimigos (ou memoriza os locais de onde eles surgem) em uma fase, se torna simples e natural a execução das suas ações.

Aliás, ir para campo aberto nem sempre é a melhor opção, sendo que, muitas vezes, o jogador poderá encontrar no próprio cenário alguns pontos para utilizar a seu favor, seja com o intuito de proteção, seja com o intuito de melhorar suas chances de ataque. Porém, se mesmo assim você cometeu um erro e morreu, o estágio é reiniciado quase que instantaneamente, o que contribui muito para não irritar o jogador em caso de falhas.

E se tem uma coisa que posso dizer sobre esse jogo é que, mesmo com os sucessivos erros que cometi em várias das missões, o looping de gameplay foi extremamente gratificante. É recompensador você conseguir pegar um objeto no cenário, desviar da bala que vem em sua direção, jogar o objeto no seu inimigo, pegar no ar a arma que ele perdeu com o impacto, mirar e atirar no oponente… e assim por diante.

Acertou o inimigo, pegou a arma, mirou no próximo……..

Ao final, tendo completado o estágio, você vê toda a sua ação em tempo real (como acontece, por exemplo, no fenomenal Katana ZERO). Infelizmente os desenvolvedores colocaram uma mensagem SUPER e HOT na tela e isso atrapalha a visualização e empolgação com o replay, além de prejudicar o compartilhamento da façanha. Contudo, mesmo com este problema na decisão, é divertido ver que aquele 1 minuto que você gastou para passar do estágio, não passaram de 10 segundos se considerarmos o tempo correndo em velocidade normal.

Uma pena que optaram por uma mensagem tão grande, prejudicando o compartilhamento dos replays.

Gráficos e Sons

Os gráficos, em uma primeira vista, podem causar certa repulsão aos jogadores. Digo isso por experiência própria.

Porém, ao jogá-lo é possível perceber que, na verdade, a simplicidade é seu maior trunfo. Sendo bastante minimalista, sem trazer texturas muito detalhadas ou um mundo realista, o jogo permite que o jogador tenha foco total na ação, o que é importante em uma jogabilidade em que cada erro é fatal.

Arma no chão, arma nas mãos dos inimigos, trajetória da bala… Tudo bem visualizável.

Além disso, a seleção de cores utilizada pelos desenvolvedores permitem identificar claramente armas/objetos/balas (cor preta) e inimigos (cor vermelha). As balas com rastro na cor vermelha também são importantes para dar a direção dos projéteis, permitindo que o jogador se programe para desviar deles. Todos esses elementos com cores fortes que contrastam com o cenário em tons de branco ajudam demais ao jogador a calcular seus passos com cuidado, pois ele saberá o que esperar do ambiente como um todo.

Quanto à trilha sonora, o jogo também não conta com músicas. E isso foi importante para minha experiência, uma vez que eu conseguia ouvir quando um tiro era disparado ou se meu disparo matou o inimigo (o jogo apresenta o som de vidro sendo quebrado). Em resumo: gráficos e sons estão em completa harmonia para dar foco total à ação do jogo.

Inimigo sendo estilhaçado e o som reproduz exatamente isso.

Veredito

Não tenho receio nenhum em dizer que SUPERHOT consegue trazer uma experiência única de tiro em primeira pessoa. É um jogo que te recompensa muito a todo momento, fazendo você se sentir simultaneamente super poderoso e frágil. É um jogo que eu recomendo a todos que procuram um título que ofereça algo diferente e que seja bastante gratificante.

Além disso, como o jogo está completamente em português, isso facilitará a interação do jogador com os menus do jogo e o entendimento da história.

Infelizmente a campanha principal é um bem curta, levando em média umas 3 horas para ser completada. Porém, sem sombras de dúvidas a experiência que eu tive com o jogo foi satisfatória o suficiente para justificar sua compra. Mesmo assim, é interessante destacar que, para aqueles que quiserem dar uma sobrevida ao game, após o término do jogo são oferecidas novas opções, como o modo “infinito” e os “desafios”.

E você? Interessou? Já jogou? Deixe suas opiniões nos comentários.


Trailer do Jogo

 

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Tovar

Nintendista desde os 8-bits, pulei somente a geração GameCube (que recuperei com o Wii). Jogo em qualquer plataforma. Um fã de The Legend of Zelda, Donkey Kong, Mario, Mega Man, e de outros grandes nomes da indústria.

2 thoughts on “[REVIEW] SUPERHOT – Um Jogo Super Quente!

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