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[REVIEW] Trüberbrook

Um homem ganha uma viagem em uma loteria (que ele não se lembra de ter jogado) para um vilarejo chamado Trüberbrook. Porém. será que é uma boa ideia visitar esse vilarejo? É o que veremos no review de hoje.


Ficha Técnica

Título: Trüberbrook

Plataforma: Nintendo Switch

Valor: 29.99 dólares

Tamanho: 6.1 GB

Desenvolvedora: btf

Publicadora: Headup Games

Jogadores: 1

Em português: Não

Gênero: Point-and-Click, aventura, puzzle

Save na Nuvem: Sim


No vídeo que fizemos sobre os jogos para prestar atenção em abril de 2019, citei este jogo indie que, desde o início, deu-me vontade de jogá-lo. Seja pela premissa, pela qualidade gráfica ou pela própria jogabilidade, havia algo nele que me trazia à tona um sentimento nostálgico, mas ao mesmo tempo moderno. E estou aqui hoje para falar sobre ele.

História

Alemanha, 1967. O jogo se passa na cidade de Trüberbrook, cidade fictícia da Alemanha. No melhor estilo Luigi’s Mansion, nosso protagonista, um estudioso de física quântica chamado Hans Tannhauser, ganhou na loteria (que não se lembra de ter jogado) uma viagem para este pequeno vilarejo.

Pensando que seria uma viagem para descansar e colocar a cabeça no lugar, ele arruma as malas e parte para a cidade. Já na primeira noite em que chega, acontecem alguns eventos estranhos, suas anotações somem, e logo ele percebe que aquilo não será uma viagem normal de lazer.

Inspirado em séries sci-fi, como Arquivo X, você irá investigar os mistérios por trás desta cidade. E posso dizer que a história foi uma das coisas que mais me chamou a atenção no jogo. Porém, como dito anteriormente, trata-se de uma ficção-científica, por isso não espere que ela mude a sua vida com alguma lição de moral valiosa e também não exija realismo e explicações embasadas para as situações apresentadas. Se criar esta expectativa a chance de se frustrar é imensa.

Contudo, apesar de ter gostado da história, é importante salientar que percebi uma certa correria com o desenrolar da trama. Na minha opinião, no final da história os eventos acabam se atropelando e isso contrapôs o ritmo cadenciado que permeou toda a trama.

Outro ponto a se destacar é um certo evento próximo ao final do jogo em que leva-se muito tempo em uma cutscene específica, que não é possível pular e que não movimenta a história. São longos minutos parado esperando, tempo que poderia ser melhor aproveitado pelo jogador.

Jogabilidade

O jogo começa com um tutorial em que você deve ajudar a personagem Gretchen a consertar a sua moto. Eu gostei da forma proposta pelos desenvolvedores, pois foi uma boa introdução e familiarização com os comandos básicos do jogo.

Após o rápido tutorial, a sua aventura com Hans finalmente começa. Aqui cabe um aviso: por ser point-and-click, este é um jogo mais “parado”, focado na percepção do cenário e nas entrevistas com os NPCs.

Por falar em NPCs, cada habitante de Trüberbrook possui uma personalidade e carisma únicos. Alguns mais turrões, outros mais ressabiados… enfim, cada um tem seu jeito de ser e de viver. Conversando com eles você consegue entender um pouco da história da cidade e como ela chegou até ali.

Além disso, o próprio Tannhauser é um caso à parte, pois ele é um tanto quanto irônico e sarcástico. Existem faixas de diálogo em que é possível dar uma alfinetada em outros personagens que, por sua vez, também dão suas alfinetadas. E todo esse bom humor traz uma leveza para o jogo que é muito interessante.

Outras ações possíveis, além dos diálogos supracitados, são: a) a interação com os itens do cenário (ex: pegar algo no chão; apertar um botão); b) examinar um objeto ou personagem (ex: saber o que/quem é; qual sua história); c) associar um item com outro do cenário (ex: usar chave em porta; juntar um objeto em outro para consertá-lo).

Um aspecto positivo é que o jogo facilita um pouco nossa vida ao permitir que a vejamos os pontos de clique. Isso faz com que o jogador não tenha que ficar passando o cursor por toda a tela para descobrir onde ele pode ou não interagir.

Um ponto negativo a se destacar no quesito jogabilidade é que encontrei alguns problemas com a movimentação do personagem que muitas vezes ficava travada. Entretanto, conversei com a publicadora que informou que a equipe de desenvolvimento está trabalhando em uma correção.

Puzzles

Ainda com relação à jogabilidade, Trüberbrook é focado em puzzles, que em alguns casos são bem triviais, envolvendo a boa e velha observação do cenário e do problema apresentado para, assim, chegar à solução.

Todavia, alguns deles exigem que você teça uma lógica contextual para sua resolução, o que para algumas pessoas pode se tornar um problema. Por exemplo: teve um desafio específico em que gastei vários minutos tentando entender o que o jogo queria, utilizando conhecimentos pessoais e deduções do mundo real para tentar resolvê-lo. Neste caso, a resolução do quebra-cabeça foi algo muito simples quando se vê a solução como um todo, porém muito complexa para se chegar até ela.

Há outros, porém, em que eu realmente não consegui achar uma lógica viável e fiquei perdido, andando a esmo pelas ruas da cidade tentando achar uma solução. E há alguns quebra-cabeças que te fazem ficar indo e voltando nos cenários de forma que fica bastante cansativo.

Além disso, é uma pena que, em sua maioria, os quebra-cabeças não sejam relacionados à história em si, de forma a movimentá-la, o que favoreceria a experiência como um todo.

Beleza Gráfica

O jogo chama a atenção por conta de seu visual. São cenários diversificados que incluem o vilarejo, o lago, o pântano, caverna, manicômio e outros, todos muito detalhados e bem feitos.

A equipe de desenvolvimento optou por construir cada cenário à mão, utilizando-se de modelos reais (maquetes) de forma a trazer o máximo de iluminação natural e real para o ambiente. Os personagens, entretanto, são feitos por computador, mas de maneira alguma isso fica esquisito durante o gameplay. Cenário e personagens convivem em harmonia e não se atrapalham.

Todo esse empenho dos desenvolvedores traz uma beleza para o jogo que, na minha opinião, é o seu grande diferencial. Tanto que durante toda a aventura você consegue sentir o cuidado que eles tiveram com cada cenário que lhe é apresentado, deixando-o maravilhado e isto é simplesmente magnífico.

Não tirem as crianças da sala

Há várias cenas em que os personagens conversam fumando ou conversando/apresentando objetos fálicos. Há uma opção nas configurações em que essa cenas são adaptadas para que toda a família possa ver e jogar.

Experiência auditiva

Eu gostei da trilha sonora como um todo. As músicas são marcantes, mas não há nada excepcional nelas, apenas cumprem seu papel.

Já as dublagens são interessantíssimas e estão disponíveis apenas nos idiomas inglês e alemão. Mesmo a dublagem em inglês vem com as vozes carregadas com um sotaque germânico, o que é divertidíssimo. Eu não sei se foi proposital (até pelo fato de os dubladores serem os mesmos em ambos os idiomas), mas de qualuqer forma esse aspecto dá um charme todo especial ao jogo.

Além disso, é possível selecionar legendas em inglês e em outros idiomas europeus. Infelizmente este jogo não está em português, o que pode atrapalhar alguns jogadores a entender o enredo caso não estejam familiarizados com alguma das línguas disponíveis para seleção. O jogo é composto em sua essência por conversas, entrevistas com NPCs e por descrições de objetos e o entendimento das falas é essencial.

Veredito

Trüberbrook é um point-and-click que te levará para uma aventura de ficção científica bem divertida. Seus personagens são carismáticos e sua história é cativante. Sua jogabilidade é simples, porém há que se ressaltar que este estilo de jogo é para um nicho muito específico.

O jogo é curto e levei pouco mais de 5 horas para finalizá-lo. Contudo, acredito que o empenho que a equipe de desenvolvimento colocou neste título faz com que sua beleza, sua história e seus personagens sejam um diferencial e tornem este um game interessante.

Todavia, este é um jogo longe de ser perfeito e alguns dos problemas acima citados podem atrapalhar a experiência e até desmotivar alguns jogadores a continuar. A barreira linguística ocasionada pela ausência do português como idioma selecionável é um desses fatores que podem afastar muitos jogadores.

No geral, acredito que este jogo é indicado para os fãs do gênero point-and-click, ou para aqueles que gostem de este estilo de narrativa contada por meio de uma jogabilidade mais cadenciada. No entanto, o jogo tem um valor de 29.99 dólares, o que é bem alto considerando jogos indies. Se vale a pena ou não? Aí vai de cada um analisar o custo com a proposta do jogo e considerar os problemas neste review elencados!

E aí? Interessou no jogo? Espero que tenham gostado deste review. Até o próximo post.


Trailer do Jogo


Este review foi feito utilizando uma cópia enviada pelos produtores.

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Tovar

Nintendista desde os 8-bits, pulei somente a geração GameCube (que recuperei com o Wii). Jogo em qualquer plataforma. Um fã de The Legend of Zelda, Donkey Kong, Mario, Mega Man, e de outros grandes nomes da indústria.

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