Historia ativa vs passiva
Existem basicamente duas formas de se contar uma história, seja em um jogo, um filme ou livro. A primeira e a mais comum é a história passiva: o consumidor recebe toda a informação necessária para compreender a história conforme o jogo (vamos focar em jogos, ok?) avança. Muitas vezes é possível encontrar novas informações sobre o mundo ou a história do jogo em alguns itens ou diálogos, mas o grosso da coisa é entregue ao jogador para que ele entenda o que esta acontecendo e sinta-se satisfeito em ter fechado algo sabendo que ajudou o mundo.
O segundo modelo, mais famoso na série Dark Souls, é a historia ativa. Diferente da passiva, o jogo irá oferecer pouquíssimas informações conforme se avança, apenas para que você entenda um pouco do que está acontecendo. Para entender bem a história, é preciso explorar cada canto do mapa, coletar itens e prestar atenção em todas as descrições e diálogos possíveis, afinal, a história está escondida no mundo.
O jogo Moon Hunters, como é divertido descobrir sua historia com os amigos =) podia sair pro switch… À primeira vista pode parecer um pouco chato e demandar um grande esforço, mas gosto de pensar que a história ativa é um jogo dentro de um jogo. É interessante procurar elementos, trocar informações e tecer teorias malucas para explicar o que esta acontecendo. Esse modelo foi aplicado muito bem em outros jogos além de Dark, como no já citado jogo indie: Moon Hunters. Nele, você tem cinco dias do jogo para zerá-lo e todas as suas ações impactam o mundo a sua volta e o que você irá descobrir sobre o problema que está enfrentando. Para compreendê-lo como um todo, é preciso fechar muitas e muitas vezes, buscando sempre fazer algo diferente. E vai por mim, o jogo é muito divertido!
Diferente do passado, a Nintendo parece ter resolvido entrar nessa onda e de uma forma inesperada: colocou Link sem memórias, em um mundo devastado e cabe a você tentar entender o que raios está acontecendo por meio de quests, caça às memórias e horas e mais horas de diálogos. Tenho certeza que muitos aqui responderiam há cerca de um ano atrás que isso nunca teria dado certo, mas ela provou que dá.
A pergunta que fica é: Será que para por aí?
Creio que não! Se ela fez dar certo uma vez, pode fazer de novo, e ela ainda possui alguns jogos que são propícios para isso: Metroid tem uma certa semelhança em sua exploração com Dark Souls (Ok, dark é um metroidvania, então é meio obvio) e, por tratar-se de exploração de planetas, seria extremamente simples criar uma historia onde a Samus e você precisam ralar para descobrir o que está acontecendo e (por que não?) o motivo da nossa loira favorita estar presa nele.
Por mais estranho que pareça, ainda consigo ver essa fórmula aplicada ao Fire Emblem com algumas pequenas mudanças. O jogo é basicamente sobre grupos de pessoas lutando por uma causa em comum, seria até simples criar uma trama onde por exemplo os personagens não sabem onde estão e não possuem memórias. A interação entre eles, diálogos entre inimigos e talvez até escolhas poderiam dar ao jogador pistas sobre a verdade por trás dos eventos.
Resta então esperar para ver o que irá acontecer de agora em diante e torcermos para termos ao menos outro jogo nesse modelo. Ele é, afinal, interessante e a Nintendo provou que sabe usá-lo quando quer.
Espero ver mais jogos assim, até o mercado se favorece, pois guias seria lançados depois, além de dar muito conteúdo para sites e “ao vivo” já muitos vão querer ver os outros jogando para saber cada detalhe. Além de fazer o jogo “durar mais tempo”, porém é preciso balancear dificuldade de avançar a história com a jogabilidade, se for muito complicado entender coisas simples vai ser frustante. E também como se joga pode indicar parte de história, não só ao vencer um desafio se receber parte da história.
Muito obrigado pela participação! Jogos assim são interessantíssimos, especialmente quando bem equilibrados. Dark prova que que a dificuldade de avançar até é interessante, mas ele é um tanto quando nicho, no geral acho que um balanceamento é melhor mesmo. Zelda fez isso muito bem =)
verdade