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[REVIEW] Taxi Chaos – Quando uma inspiração não basta

Proveniente de forma bem clara e objetiva do famigerado Crazy Taxi da SEGA, Taxi Chaos chega para tentar criar um novo conceito para essa franquia que há muito tempo não vê a luz do dia. Porém, com uma abordagem muito mais arcade – aliás, muito é “apelido” -, Taxi Chaos derrapa em algumas curvas e acaba batendo no poste. Mesmo assim, há algum nível de diversão no título da Orange One.


Ficha Técnica

Título: Taxi Chaos

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 23/2/2021

Tamanho: 1.4 GB

Desenvolvedora/Publicadora: Team6 Game Studios, Orange One

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: Arcade, Corrida

Tempo de Jogo (em média): 2 horas

Save na Nuvem: Sim

Classificação: Livre

Preço no Lançamento (BR): R$ 174,45


Yeah, Yeah, Yeah, Yeah!

Personagens

De maneira curta e grossa, Taxi Chaos apresenta um menu principal com apenas três opções de jogo: Arcade, Profissional e Livre. Toda a interface, felizmente, está em português, exceto as linhas de diálogos internas durante a jogatina. O Arcade é a forma “correta” de se jogar, eu diria, e traz muito daquilo que sua inspiração oferece: passageiros pedindo uma corrida, ícones simbolizando a distância de seus destinos, setas do GPS para auxiliar na direção e o tempo que será concedido para finalizar o processo. Uma vez finalizada a corrida, mais tempo é adicionado para continuar pegando novos personagens pelas ruas.

Porém, se você nunca jogou Crazy Taxi ou então espera pelo menos alguma instrução sobre como funciona a jogabilidade de Taxi Chaos, pode esquecer. Os desenvolvedores infelizmente confiaram que o jogo seria intuitivo o suficiente para se auto explicar em relação a como se joga, mas isso certamente foi um tiro no pé. Os símbolos acima dos passageiros, apesar de estarem em cores diferentes, não são nada claros em relação ao significado que procuram ter. Por dedução, entendi que um ícone de localização vermelho dizia que aquele passageiro tem um destino bastante longe, e o relógio verde supostamente me daria um tempo maior para realizar o percurso.

Estrelas classificatórias sem critérios claros

Estrelas

A cada final de corrida, somos recompensados com uma quantia em dinheiro e até 5 estrelas de performance, e isso serve para liberar conquistas internas e novos carros – nada de personagens extras. Porém, a maior falha de Taxi Chaos está aqui, é impossível saber quais critérios são levados em consideração para elevar seus pontos e dinheiro recebido. Minha suspeita é de que ficar pulando sem parar é a receita para dobrar seus pontos, o que torna o jogo bastante quebrado e dependente disso.

Procurando na internet, notei alguns usuários relatando que dirigir perigosamente passando de “raspão” nos veículos das ruas e pulando por cima deles era uma forma de se conseguir mais pontos, porém em nenhum lugar isso foi dito nos menus ou dentro do jogo. Taxi Chaos comete um erro crasso ao não oferecer nenhum tipo de instrução básica sobre qual seu objetivo geral.

Modo profissional: mais chaos, no mau sentido

Falta de emoção

Indo agora para os outros dois modos, o Livre fala por si só e funciona quase como um treinamento, servindo para praticar tudo aquilo que não é explicado no jogo padrão. Entretanto, o Profissional – liberado após adquirir 4 estrelas no Arcade – é um modo que beira à falta de bom senso, pois ele traz aquilo que já existe no Arcade, mas remove o GPS e a distância que estamos do destino do passageiro, fornecendo apenas o nome do local e uma miniatura de sua foto.

Ou seja, este modo confia que o jogador vai memorizar todo o layout da cidade e saber onde exatamente se encontra cada lugar em que os passageiros precisam desembarcar. Isso é a receita para o desastre, já que nem mesmo sabemos a distância existente entre seu carro e o destino, então prepare-se para ficar igual uma barata tonta pela cidade. Isso poderia ser solucionado com a disponibilização de pelo menos um mini-mapa no canto da tela, com o nome dos locais para chegarmos até lá sem a ajuda das setas do GPS.

Por fim, a maior motivação existente por aqui depois de ter todos os carros liberados é o placar mundial online e cumprimento de conquistas internas, além de coletáveis baseados em passageiros “especiais”. Pois é, não existem cidades para serem liberadas ou qualquer coisa realmente instigante que dê uma boa longevidade à Taxi Chaos. Sinceramente, é um jogo que mostra tudo aquilo que tem a oferecer em menos de uma hora.

Para ter uma experiência mais comparativa, resolvi jogar novamente uma cópia de Crazy Taxi que possuo. A diferença entre ambos os jogos é muito clara, o título da SEGA é bem mais competente até mesmo no balanceamento entre sons e trilha sonora, traz faixas musicais bem mais empolgantes, tem clareza no requisito para pontuações altas, recompensa o jogador por dirigir perigosamente sem depender de “pulos”, os cenários possuem verticalidade, etc.

Defeitos

É, tá bom

Além dos bugs de colisão em muitos momentos que fazem seu táxi entrar em outros carros na rua e ficar travado, a versão para o console da Nintendo não é lá muito bonita, e isso acontece tanto na TV quanto no portátil. Com um downgrade nítido nos visuais em termos de resolução, sombra e distância de renderização, é incômodo ver a sombra se formando ao longo do trajeto em que percorremos com o carro. Um efeito similar existe nas outras plataformas em que o jogo se faz presente, mas de uma maneira bem menos agressiva.

Fora isso, Crazy Taxi sempre foi bastante notável por causa de sua trilha sonora incrível com várias músicas famosas da época, como a All I Want do The Offspring ou a 10 in 2010 do Bad Religion. Sei que é algo bastante custoso trazer canções licenciadas de bandas tão famosas no mundo da música para um jogo indie. Mesmo assim, a trilha sonora de Taxi Chaos é extremamente decepcionante e possui pouquíssimas músicas (bastante genéricas, por sinal), algo que deveria ser uma das principais características em um jogo de direção de veículos.

Por último e não menos importante, os controles do seu táxi são desconfortáveis, os freios são imprecisos e a queda após o pulo derruba muito a velocidade, tornando esse movimento praticamente inviável. Porém, uma atualização foi lançada para corrigir a física do veículo, o que de fato aconteceu. Músicas novas também foram lançadas, mas continuam apenas com instrumentais e sensação de algo genérico.

Precisa melhorar e muito

Taxi Chaos é um jogo que tem tudo para ser incrível, mas parece ter sido lançado bastante às pressas e transmite a sensação de que se trata de um produto ainda em fase de testes. A equipe responsável deveria ter medido melhor a recepção do público lançando uma versão demo ou algo similar, já que muitos erros básicos foram cometidos no lançamento. Ainda aguardo todas as melhorias e correções que foram prometidas, já que simpatizei bastante com os visuais e proposta de ser um novo Crazy Taxi no mundo dos games independentes. Por enquanto, é um jogo que decididamente não vale a pena adquirir, muito menos pelo seu preço base de R$ 174,45 na eShop BR, já que suas virtudes não conseguem superar seus defeitos.


Trailer do Jogo


* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pelos produtores

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Jason Ming Hong

Gamer desde o 1 ano de idade segundo meus pais. Jogo de tudo, porque o importante pra mim em um jogo é divertir. Gosto de jogos com uma boa história, investimento em gameplay sólido e, se rolar, um co-op de sofá. Também sou UX/UI designer, aquela galera moderninha que faz coisas pensando em quem vai usar. Aliás, agora edito o POWdcast, RÁ!

4 thoughts on “[REVIEW] Taxi Chaos – Quando uma inspiração não basta

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