[REVIEW] Vagante – Você morreu!
Entre Roguelites e Roguelikes, surge Vagante em meios às sombras, através das mãos da excelente Blitworks, responsável por publicar incríveis beat ‘em up como Fight ‘N’ Rage, e Roguelites como Spelunky 1 e 2. O indie Roguelite, expressão dada aos títulos provenientes do subgênero Roguelike com menos exigências, traz uma proposta de plataforma com elementos de RPG. Além disso, há um inesperado modo online para apimentar mais as coisas e trazer até 3 amigos para sofrerem junto com você.
Ficha Técnica
Título: Vagante
Plataforma: Nintendo Switch
Data de lançamento: 27/01/2022
Tamanho: 127 MB
Desenvolvedora: Nuke Nine
Publicadora: Blitworks
Jogadores: 1-4
Em Português: Sim
Gênero: Ação, Plataforma, RPG, Multiplayer
Tempo de Jogo (em média): 20 horas
Save na Nuvem: Sim
Classificação: Livre
Preço no Lançamento (BR): R$ 63,99
Preço no Lançamento (EUA): US$ 11,74
O cavaleiro, o ladrão e o mago saem numa jornada
Em Vagante, podemos escolher entre três classes bastante clichês: Knight, Rogue e Mage. O Knight é o cavaleiro padrão, com alta taxa de dano e uma arma de velocidade normal em seus ataques, a qual consegue abater inimigos mais brutos com menor quantidade de golpes.O Rogue é o famoso bandido no estilo Robin Hood, que é armado com uma adaga de alta velocidade e dano mediano, além de seu arco e flecha que pode acertar inimigos em todas as direções. O Mage é um mago dotado de seu cajado e um feitiço que precisa ser carregado para ser utilizado. Apesar de leves diferenças entre as classes, todos os personagens podem usar ataques de curta e longa distância, como também adquirir feitiços ao longo da sessão, armas diversas e arcos mais fortes.
Outro elemento interessante é a skin (roupagem), já que cada classe possui 4 opções de aparência que não afetam a jogabilidade em nada, variando entre o sexo masculino e feminino. Também existem as vantagens iniciais chamadas Backgrounds, das quais podemos escolher apenas uma para começar a sessão (ou run), a fim de receber uma vantagem de status logo no início.
As fases são todas geradas proceduralmente, e isso significa que você nunca verá o mesmo ambiente cada vez que morrer, ao menos dentro do tema estabelecido para aquele cenário. Dentre as opções visuais, desbravamos as icônicas cavernas e locais com elementos mais puxados para uma floresta. Dentro de cada andar das dungeons existe um inimigo mais forte, o qual podemos considerar como um sub-chefe – mas sem barra de vida. Esse inimigo tira grandes quantidades de dano do personagem, mas, em contrapartida, concede itens bem valiosos ao ser eliminado, como poções, pergaminhos e principalmente uma chave para abrir um baú da dungeon. Nesse baú trancado são encontrados itens relevantes e valiosos.
Itens serão seus melhores amigos
E por falar em itens, sem eles não seríamos nada em Vagante. Como dito anteriormente, é possível encontrar as mais diversas armas pelo game, sejam elas de curto ou longo alcance. Também há a chance dessas armas virem abençoadas com efeitos, como um porrete que encontrei certa vez que congelava inimigos – bastante útil, aliás. Fora isso, certos pergaminhos contêm efeitos aplicáveis nas armas, criando espadas, e afins, completamente únicas. Esses pergaminhos podem ser perigosos, por outro lado, concedendo efeitos ruins no personagem como um ponto de atributo negativo ou então envenenamento. O mesmo serve para poções que contêm apenas uma descrição duvidosa sobre seu efeito.
Entretanto, itens de vestimenta, como botas, capuzes e luvas podem trazer habilidades interessantes consigo, como um pulo duplo e até um efeito de pairar no ar, que faz com que o personagem flutue no ar em uma queda, evitando qualquer dano por causa da altura. E por falar nisso, habilidade também podem ser obtidas ao subirmos de nível, o que acontece ao preenchermos a barra amarela localizada no canto inferior da tela. Quando isso ocorre, um ponto é obtido para ser distribuído entre os diversos atributos existentes na aba de stats dentro do menu do personagem. Infelizmente, muito cuidado com a sua sobrevivência é necessário para manter a vida do personagem intacta e os atributos elevados, já que a perda da vida resulta em todos os itens da mochila destruídos, assim como seu progresso até aquele momento.
O maior problema dos Roguelite
Vagante sofre de um mal que assombra a maioria dos títulos pertencentes ao subgênero Roguelite: falta de misericórdia. Não existe aqui uma possibilidade de personalizar a forma como a pessoa deseja jogar, muito menos diminuir qualquer tipo de dificuldade ou ativar um modo invencível. Com a ascensão do subgênero no mundo dos games, muitos títulos indies já entenderam que precisam tornar seus jogos mais acessíveis ao público geral, o qual muitas vezes não possui tanta paciência para morrer várias e várias vezes seguidas em um mesmo jogo. O resultado é frustração, ainda mais por causa do progresso que é destruído. Um dos poucos elementos que restam após o final de uma run são as vantagens liberadas na tela de seleção de classe, o que infelizmente não transforma a jogabilidade radicalmente como esperado.
A mais surpreendente característica de Vagante também é um tanto quanto decepcionante. O modo online funciona bem e sem travamentos, porém, é apenas um mínimo daquilo que ele poderia ter sido. Caso um jogador morra, ele vira esqueleto e não consegue mais voltar à sua forma normal – como em Dark Souls, por exemplo. Com isso, só lhe resta uma vida extra e, após isso, sua forma será um espectro que fica pairando por aí até que o último jogador também desfaleça. Isso não é nada instigante dado o fato de que não podemos ressuscitar nosso parceiro em momento algum, o que pra mim soa muito mais como uma oportunidade perdida do que um elemento bem planejado. Com isso, o multiplayer perde um pouco do sentido de sua existência.
Outro fator que me deixou de cabelo em pé são as armadilhas espalhadas pelas fases. Muitas vezes, pisar em um botão causará uma grande rocha caindo em sua cabeça, te esmagando fatalmente e encerrando a partida alí mesmo. Isso é bastante frustrante, contando que qualquer erro mínimo pode causar sua morte. Por isso, é difícil recomendar Vagante para a maioria das pessoas por conta de sua falta de consideração em várias situações. Tudo isso é uma pena, já que a jogabilidade em termos de plataforma e RPG são excelentes. Porém, todo o resto acaba restringindo o público a uma minoria mais insistente.
Além disso, mas não menos importante, não há um mapeamento mais amplo de botões, o que limita o uso dos feitiços. Existe um atalho para trocar entre eles, mas isso não traz agilidade o suficiente num combate. Muitos comandos ficam sobrando e sem uso sem motivo algum. Também há o vendedor de itens dentro das dungeons, mas que se mostra ser meio inútil devido a baixa quantidade de moedas que ganhamos dos inimigos. Compensa mais conseguir itens destruíndo elementos do cenário e abrindo baús que não requerem chaves.
Em suma
Vagante é um jogo para fãs assíduos de Roguelite e pessoas corajosas, as quais precisam ter uma paciência de Jó para avançar nas perigosas dungeons recheadas de armadilhas.
Por fim, Vagante acaba se mostrando um produto extremamente polido no quesito jogabilidade, mecânicas e sistemas de RPG. Porém, ele deixa completamente a desejar na questão da acessibilidade, sendo possível de considerá-lo, por mim, um dos Roguelite com o fator “esforço e recompensa” mais baixos que já vi no subgênero.
Trailer do Jogo
* Esta análise foi feita utilizando uma chave enviada pelos produtores
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