[REVIEW] Rustler – Tocando o terror na idade média
Como um grande fã da fórmula clássica de GTA que sou, fiquei bastante impressionado que um indie conseguiu me trazer um sentimento parecido através de trailers na época em que foi divulgado. Assim, Rustler conseguiu chamar minha atenção, prometendo aquilo que a franquia Grand Theft Auto costumava ser em tempos vindouros do PS1 e games de PC em alta, cuja visão predominante era a de cima para baixo – ou top down view. Porém, o quanto é possível criar algo de qualidade simplesmente “copiando” um título de sucesso que tem o primeiro lugar no pódio de jogos de mundo aberto?
Ficha Técnica
Título: Rustler
Plataforma: Nintendo Switch
Data de lançamento: 31/08/2021
Tamanho: 1.8 GB
Desenvolvedora: Jutsu Games
Publicadora: Modus Games
Jogadores: 1
Em Português: Sim
Gênero: Estratégia, Puzzle, Aventura, Simulação
Tempo de Jogo (em média): 20 horas
Save na Nuvem: Sim
Classificação: Livre
Preço no Lançamento (BR): R$ 112,45
Preço no Lançamento (EUA): US$ 21,43
O grande roubo de cavalos na idade média
Rustler começa com uma bela apresentação, assim como os primeiros games da série GTA. Em uma breve cena gravada com pessoas de verdade, somos introduzidos ao que será o restante do jogo: comédia, roubo de cavalos e um protagonista metido a esperto. Aqui, incorporamos Guy, um rapaz com muito mais atitude do que inteligência, que se junta ao seu amigo Buddy (sim, o nome é esse mesmo) para entrar de penetra em um campeonato da realeza. Apesar da história bastante simples e sem tanta profundidade ou pano de fundo sobre as origens do nosso anti-herói careca, toda a jogabilidade consegue sustentar a falta de uma narrativa convincente. Porém, verdade seja dita: Grand Theft Auto, principalmente os clássicos, nunca possuiu uma história tão cativante assim.
A gameplay é muito daquilo que já vimos na clara inspiração de Rustler. Podemos andar livremente por aí, bater em pessoas, matar NPCs sem mais nem menos, roubar cavalos, carroças e ser perseguidos pela polícia montada. Esse último elemento possui um comportamento estranho, apesar da mecânica familiar. Como de praxe, caso cometamos um crime ou simplesmente encostemos no cavalo da guarda local, começamos a ser perseguidos e ícones de procurado começam a aumentar no topo da tela, somando no máximo 3 níveis de crime. Porém, existe uma dificuldade bem grande de entender como dar “o perdido” nos profissionais da lei, uma vez que distanciar-se deles não é o suficiente. Existe até mesmo uma forma secundária, escondendo-se em bosques, que também parece não funcionar muito bem.
Fora isso, os cavalos substituem os costumeiros carros, e também possuem um comando para correr com os bichanos de quatro patas. Apesar da velocidade ser razoavelmente grande e o fôlego do animal poder ser estendido através de upgrades, os controles não são tão bacanas quando nos chocamos com a parede. É uma luta imensa para fazer o cavalo “girar” em 180 graus, já que segurar o analógico para os lados faz com que ele anda para frente e, depois sim, gire em seu próprio eixo. As carroças também seguem a mesma teoria, e deixam bastante a desejar nos controles. Caso sua rota seja em uma linha reta e você evite acidentes, os transportes existentes aqui fazem um belo trabalho.
Missões secundárias nem tão secundárias assim
Como sempre vemos em títulos de mundo aberto, também temos as missões primárias e secundárias. Essas últimas nem sempre são, de fato, secundárias, mas acabam precisando ser feitas para que a missão primária seja liberada, o que me deixou um pouco frustrado por não ter informação nenhuma disso. As missões da história principal, de longe, são as mais divertidas, e apresentam as diversas mecânicas existentes em Rustler. Também são com elas que liberamos novos locais no mapa, pontos de viagem rápida, locais para comprarmos e utilizarmos como pontos de salvamento, além de desbloquearmos alguns minigames secundários como o Clube da Luta – a referência é essa mesma em que você pensou.
Também conseguimos habilitar algumas coisas divertidas e diferentes fazendo missões secundárias, como a coleta de corpos e alguns trajes que trazem uma jogabilidade um pouco diferente, como a roupa da Morte que permite com que assustemos pessoas. Apesar de não existirem tarefas tão variadas assim, é nítido o quanto os desenvolvedores conseguiram explorar toda sua criatividade criando missões engraçadas e bem boladas dentro das limitações do próprio jogo, como esmurrar pessoas para irem à missa de domingo e o disfarce de polícia local após emboscar um homem da lei em um dos becos.
A ambientação também é um show à parte, e o mundo de Rustler consegue passar uma boa sensação de estar vivo. Os Bardos são uma ótima solução para o famoso “rádio do GTA”, e tocam músicas assim que são contratados por nós, além de nos seguirem por aí como nossos parceiros. Infelizmente, a variedade de canções não é muito grande. Fora isso, existem pessoas brigando por aí, NPCs andando em plena madrugada em estradas escuras, pichações difamando o rei e até mesmo inimigos que podem ferir uns aos outros – o que é de se admirar. Porém, não me lembro de ter encontrado nenhuma missão secundária que surgiu no meio de meus trajetos, o que é uma pena e podia ter sido melhor aproveitado.
Por fim, temos as habilidades, que são um dos melhores pontos de Rustler. Através dela, é possível adquirir melhorias bastante interessantes, como maior fôlego para os cavalos, aumento de dano e saúde para o protagonista, impossibilidade de morrer com apenas um hit, fazer com que a polícia te perca de vista quando você está em ambiente com árvores, entre outras. O problema é que algumas passam a sensação de que deveriam ter sido incluídas logo no início, como a habilidade de coletar itens enquanto montamos um cavalo e a recarga de armas de longo alcance enquanto estamos andando (no começo, só podemos fazer isso parado). Felizmente, todas as missões costumam conceder pelo menos um ponto de upgrade, o que acelera bastante as coisas.
O grande roubo de cavalos no Switch
Apesar da Rockstar, até o momento, não ter trazido qualquer game da franquia GTA para o console da Nintendo, posso dizer que Rustler é a experiência mais próxima da franquia clássica que podemos ter no Switch. Concluo dizendo que Rustler é muito divertido, engraçado, traz várias referências bacanas e faz piada consigo mesmo. Além disso, o humor bobalhão é muito daquilo que existe em sua inspiração, então não dá muito para reclamar dizendo que é tosco, caso você seja fã de GTA. A jogabilidade também é bem feita, apesar de alguns controles ruins de cavalos e um combate que não apresenta tanta precisão assim.
Porém, é importante fazer algumas considerações: a versão para Switch possui alguns problemas de rasgos constantes na tela, além de framerate que varia bastante em certas áreas do mapa, fora uns dois crashes que precisei enfrentar. Não é nada tão grave, eu diria, mas que podia ter sido corrigido antes do lançamento. Atualmente, Rustler se encontra na versão 1.0.1.
Trailer do Jogo
* Este review foi feito utilizando uma chave fornecida pela Modus Games