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[REVIEW] Road 96 – Petria, ame-a ou deixe-a

Road 96 traz uma viagem de fuga pelas estradas de um país autoritário, mostrando histórias de outras pessoas e uma realidade presente em vários países do mundo: a emigração. Porém, será que o jogo é bom? Veremos nas linhas abaixo.


Ficha Técnica

Título: Road 96

Plataforma: Nintendo Switch

Data de Lançamento: 16/08/2021

Tamanho: 3.2 GB

Desenvolvedores: Digixart

Publicadora: Digixart

Jogadores: 1

Save na nuvem: Sim

Em português: Sim

Gênero: Aventura

Preço no Lançamento (BR): R$ 59,96

Preço no Lançamento (US): US$ 19,96


História

Se você morasse em um país em que o presidente é um tirano e a única opção plausível para você é fugir? E se correr os riscos de atravessar a fronteira estando sujeito à morte ou à prisão fosse a sua melhor perspectiva de vida?

Assim é Petria: um país fictício dominado por um ditador chamado Tyrak. Os eventos se passam em pleno verão de 1996, durante o período eleitoral disputado por dois candidatos: o atual presidente Tyrak e a opositora Florres. Petria não respeita os direitos dos cidadãos; opositores ao regime são perseguidos por policiais que deveriam proteger a sociedade; imprensa que fornece a informação da maneira que o governo deseja; e toda a sorte de desrespeito à democracia que podemos imaginar. Aliás, não é preciso imaginar, pois temos notícias de países assim nos nossos noticiários ao longo de vários e vários anos.

E no meio dessa “disputa eleitoral” (coloco entre aspas, pois sabemos como são os processos eleitorais em regimes autoritários, né?), estão os adolescentes que fogem de casa buscando por uma nova vida atravessando a fronteira, sendo essas histórias a que nós, jogadores, escrevemos.

Uma jornada de esperança e medo.

Seja pegando uma carona com um desconhecido, seja de ônibus, táxi, ou – até mesmo – a pé, interagimos com diversos personagens ao longo de quilômetros e mais quilômetros de estrada, até chegar a derradeira hora de atravessar a fronteira.

São alguns personagens principais que encontramos ao longo da aventura, cada qual com sua própria história de vida, um dilema pessoal e uma motivação para sua própria existência. Encontramos também alguns personagens secundários, alguns com atitudes reprováveis, outros mais gentis, e essa mistura trouxe, pelo menos para mim, consistência à história.

Uma das opções de diálogos

E vários questionamentos serão feitos a você e posicionamentos seus serão cobrados. Afinal, você lutaria contra o regime? Há como uma única pessoa lutar contra o sistema atual? A eleição de um novo candidato resolveria todos os problemas? Há alguma possibilidade de uma candidata opositora ao regime atual vencer uma eleição com tamanha perseguição aos seus eleitores? A melhor solução é realmente fugir?

Fugir! Essa é a opção escolhida pelos diversos personagens que você controla, cada um em sua viagem única e pessoal. Cada jornada é montada de forma procedural, o que faz com que as cadeias de eventos que encontramos ao longo do caminho sejam diferentes. Além disso, nossas escolhas têm um peso e refletem diretamente na nossa história pessoal e na sociedade como um todo.

Há a possibilidade de alguns jogadores terminarem toda a história com êxito na fuga de todos os personagens; outros podem ter alguns mortos pelo caminho… Tudo dependerá de suas escolhas. Saber quando gastar energia e quando poupá-la; quando comprar algo e quando economizar seu dinheiro; quando responder de forma mais ríspida a um determinado questionamento e quando ser mais complacente. Tudo isso traz um tom de responsabilidade e consequência para as suas atitudes que dão um charme e pessoalidade a este jogo.

Jogabilidade

A jogabilidade se assemelha ao que vemos em walking simulators ou em jogos da Telltale. Cada adolescente é um episódio contado e basicamente suas ações são andar, responder aos questionamentos dos NPCs, comer/beber/descansar para recuperar energia e, de vez em quando, jogar algum minigame situacional presente na aventura (ex: atirar em carro perseguidor durante uma fuga).

Lista de episódios de sua história.

Como dito, o jogo é dividido em episódios. Porém, quantos episódios são? Isso dependerá de cada jogador. Cada aventura é diferente, sendo que algumas pessoas podem encerrar com 6 episódios, outras com 10, 12 ou até mais.

No início de cada jornada temos uma seleção randomicamente gerada de três adolescentes, cada um com uma idade, quantidade de dinheiro, energia e distância da fronteira.

Além disso, cada episódio é dividido em subcapítulos em que podemos interagir e conhecer um pouco mais sobre os NPCs principais e como suas histórias estão relacionadas. Cada vez que o jogador encontra um desses personagens é contado mais um trecho de sua história, sendo necessário encontrá-los em vários momentos distintos para conhecer a história completa.

Podemos, ainda, ganhar habilidades específicas de cada um dos personagens que encontramos pelo caminho, como – por exemplo – a habilidade de hackear dispositivos eletrônicos. Cada habilidade dessa libera interações com objetos que não estavam antes disponíveis. E tais benefícios estarão disponíveis para os outros adolescentes que por ventura viermos a controlar.

Como cada jornada é randomicamente gerada, isso garante uma pessoalidade à história. Questionei a alguns amigos que já possuem o jogo sobre suas experiências e a forma com que cada um abordou as situações apresentadas acabou sendo diferente da forma como eu lidei tais circunstâncias.

Um dos momentos em que encontrei um de meus personagens preferidos.

Os gráficos, músicas e efeitos sonoros são muito bem feitos, tanto no portátil quanto no dock. A única consideração negativa é a seleção de diálogos que, por diversas vezes, estão “presas” ao personagem com quem você está conversando e se movimenta de acordo com o movimento dele. Isso acaba atrapalhando na seleção, fazendo com que você escolha uma opção que não era a desejada e isso gere algum impacto na sua aventura.

Outro ponto que pode gerar um pouco de estranhamento é a repetição de locais e personagens secundários, mesmo em pontos distintos do país, mas não é nada que tenha comprometido a história ou o jogo para mim, sendo apenas algo que pode chamar a atenção dos jogadores mais atentos.

Veredito

Road 96 é um jogo sobre jornada. E essas histórias que vivi jogando-o me fez refletir sobre as inúmeras histórias de vidas reais que temos, dia após dia, de pessoas que – buscando fugir em busca de uma vida melhor e mais digna – arriscam-se por esse mundo afora. Histórias vividas e muitas delas jamais serão contadas.

É um jogo com a temática de viagem, mas não uma viagem de lazer em que nos programamos para visitar um determinado lugar e nos divertir; é uma viagem sem volta (para o bem e, possivelmente, para o mal).  É um jogo sobre a política mundial e a situação de refugiados. É sobre entender o sofrimento alheio e o que eles passam para fugir de sua triste realidade. É um jogo que, infelizmente, acaba sendo bastante realista em sua abordagem, apesar de tentar não dar um tom tão pesado à sua narrativa.

Importante ressaltar que o jogo está em português e a compreensão da história fica um pouco mais acessível.

Por fim, recomendo esse jogo a todos que gostam de um jogo mais focado na narrativa e que discute temas mais politizados.

Ficou com vontade de jogar? Deixe suas impressões nos comentários.


Trailer


*Esta análise foi escrita utilizando uma chave fornecida pelos produtores

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Tovar

Nintendista desde os 8-bits, pulei somente a geração GameCube (que recuperei com o Wii). Jogo em qualquer plataforma. Um fã de The Legend of Zelda, Donkey Kong, Mario, Mega Man, e de outros grandes nomes da indústria.

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