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[REVIEW] Xenoblade Chronicles: Definitive Edition – A Inovação e a Renovação

Existem poucos jogos que, de fato, estou em débito. Entre eles, posso citar Resident Evil 0, Donkey Kong Country: Tropical Freeze, The Legend of Zelda: Ocarina of Time e sua sequência, Majora’s Mask -peço perdão pelo vacilo- e o mais recente (re)lançamento da Monolith Soft, Xenoblade Chronicles: Definitive Edition. É sobre ele, seu significado para indústria e para mim que irei falar aqui.


Ficha Técnica

Título: Xenoblade Chronicles: Definitive Edition

Plataforma: Nintendo Switch

Desenvolvedora/Publicadora: Monolith Soft / Nintendo

Jogadores: 1

Em Português: Não

Gênero: RPG/Ação

Classificação: 12 Anos

Preço no Lançamento (BR): R$ 250,79

Preço no Lançamento (US): US$ 59.99


Grandiosidade Histórica

Xenoblade Chronicles é um jogo grande. Enormemente grande, em praticamente todos os aspectos. É difícil citar algum ponto negativo dele que não seja proveniente de seus exageros, mas, da mesma maneira, todos os pontos positivos partem de seus exageros. E um dos aspectos que comprovam sua grandiosidade está em sua história.

Como redator, revisor e podcaster, sou, acima de tudo, um consumidor do entretenimento, e posso dizer que é realmente difícil fugir dos padrões que essa indústria tem criado desde que teve início. Dificilmente existe originalidade nos conceitos mais básicos dos roteiros, pois praticamente tudo já foi explorado uma vez. Algo original geralmente ocorre durante os caminhos que levam esse roteiro, mas é realmente difícil inovar.

Entretanto, a Monolith Soft conseguiu fazer isso em 2010, criando um universo totalmente original, com eventos e personagens também inovadores. Talvez a narrativa básica ainda esteja dentro dos clichês da indústria -veja bem, isso não é um ponto negativo-, mas o que a rodeia é algo novo.

Eras e eras atrás, no mundo de Xenoblade Chronicles, dois titãs do tamanho de um mundo cada um, estavam em uma eterna luta. Bionis e Mechonis estavam sobre um mar infinito e, ao desferirem o último golpe simultaneamente, ambos sucumbiram e permaneceram parados com suas espadas cravadas no outro.

Assim, mais eras e eras passam, fazendo com que novas criaturas e tipos de vida surgissem a partir de seus corpos, tanto orgânicas e inorgânicas, para Bionis e Mechonis, respectivamente. Tais criaturas perpetuaram a luta dos titãs, fazendo com que houvessem guerras constantes dos Homs contra os Mechons.

Os Mechons, por sua vez, possuiam uma vantagem muito grande: eles são imunes à grande maioria das armas. Então, a opção dos Homs foi criar colônias em lugares distantes, como nas pernas do Bionis. Mas, mesmo assim eles eram constantemente atacados e rechaçados pelos seres inorgânicos.

Entretanto, em um momento chave do jogo, os Homs encontram uma espada lendária capaz de infrigir danos reais e efetivos nos Mechos, capacitando-os a liderarem avanços nessa eterna guerra. Mas, como grandes poderes demandam grandes riscos, só havia um homem capaz de empunhar essa espada lendária, que ainda assim consumia suas energias, machucando seu braço e gerando dores intensas só de mexê-lo.

Um ano se passou após o último avanço dos Homs, e foi um ano de paz que possibilitou o estudo aprofundado dessa espada lendária, a Monado. Nisso somos apresentados ao protagonista do jogo, Shulk, um rapaz de origem misteriosa que participa das pesquisas com a Monado.

Depois de alguns momentos, ocorre uma grande invasão de Mechons na colônia, fazendo com que Shulk tenha um profundo sentimento de vingança por um Mechon imune à Monado, chamado Metal Face, devido a primeira de muitas reviravoltas do jogo. Assim, Shulk percebe que consegue empunhar a Monado sem prejuízos ao seu corpo, além de destravar algumas de suas habilidades ocultas.

Depois do chamado ao heroismo que o protagonista recebe, ele percebe os poderes primordiais que a Monado possui no decorrer de sua jornada, gerando momentos épicos de união, auto-conhecimento, amizade, muita empatia, sacrifícios e lágrimas.

Basicamente essa é a sinopse do jogo. Mas, mais importante que isso é a forma com que a história acontece. A história principal é contada conforme os eventos do jogo vão acontecendo. Personagens, locais e incidentes chaves ocorrem e avançam o enredo, fazendo com que mais pessoas se juntem à equipe, ativa ou passivamente, ajudando não somente na vingança pessoal de Shulk, mas ao problema central do mundo. Além disso, as missões secundárias aprofundam a história do universo do jogo, de alguns personagens e localidades.

Xenoblade Chronicles, em todas as suas versões, prova que um jogo pode ser sustentado com uma história sólida e rica, mas ao mesmo tempo mostra que não são todos que podem gostar dela em um primeiro momento, devido a seu tamanho e até mesmo demora em ser contada.

Eu sou uma dessas pessoas. É a terceira vez que jogo essa aventura, mas a primeira que sou tocado profundamente pela sua históra. Resumindo, joguei pela primeira vez cerca de 50 horas, no Wii, e depois umas 70 horas no New 3DS, mas foi agora, no Switch, que percebi o quanto que sua história é épica, inovadora e magnífica. Isso tem a ver com os momentos diferentes de idade e maturidade em que joguei anteriormente. Agora, com mais experiência de vida do que antes, fui fisgado pela história, pelos personagens e quero ver o desfecho e reviravoltas que me esperam no jogo.

A inovação do JRPG

Lançado em 2010, Xenoblade Chronicles veio em um tempo em que os RPGs japoneses estavam estagnados em um padrão, sem avanço nenhum. Assim, utilizando mecânicas de RPGs anteriores de uma forma totalmente nova, o jogo iniciou a atual geração de JRPGs em questão de jogabilidade, agradando tanto os novos e antigos jogadores.

Xenoblade Chronicles foi importantíssimo para o gênero de JRPGs, pois inovou em aspectos de jogabilidade e deu um ânimo aos jogadores, sabendo que coisas boas estavam por vir. E vieram! De 2010 pra cá, muitos novos JRPGs se basearam em sua jogabilidade. Tanto que rejogá-lo, hoje, parece ser a cópia de muitos jogos, mas, na verdade, foi a origem deles.

Mas então, o que tem essa jogabilidade de tão boa e inovadora? Aqui é outra grandiosidade do jogo: sua jogabilidade é EXTREMAMENTE complexa, mas equivalentemente natural.

É difícil explicar cada elemento sem chegar a uma descrição longa e tediosa, mas o game design do jogo é tão genial, que cada novidade do combate é explicada com detalhes de uma forma a não parecer tão complexa, fluindo conforme o jogo e dando espaço para o jogador aprender no seu tempo. Ou simplesmente ignorar algumas coisas, pois também há espaço para quem quer apenas usufruir da história.

De forma não tão detalhada, a jogabilidade é uma soma de combate em turnos e action RPG. Os protagonistas atacam de forma automática, com o auto-attack e, enquanto isso, o jogador decide quando utilizar uma Art, que é uma espécie de habilidade especial, quando deve curar alguém, quando deve buffar ou debuffar, incapacitar, combar, realizar Chain Attack, utilizar o Talent, considerando alguns elementos como Party Gauge, os cooldown das Arts, a Tension, se o inimigo é Mechon ou não, e milhares de outras possibilidades.

Pode parecer que o fato do personagem estar atacando automaticamente deixa a jogabilidade mais fácil, mas aqui é o contrário. Isso faz com que o jogo delegue ao jogador muitas outras decisões, e a forma de fazer cada escolha varia de acordo com o personagem que está como líder da equipe, pois cada um possui especialidades que variam ativamente a forma de se jogar. E isso tudo é acompanhado de tutoriais claros e objetivos que podem ser consultados a qualquer momento. Então, com umas 5 horas de jogo, já é esperado que um jogador com domínio médio de inglês já esteja se divertindo muito com o combate.

Fora dos combates existem outros elementos de jogabilidade, e um deles é a Afinidade entre os personagens. Isso é medido em um gráfico de afinidade, que aumenta conforme as missões secundárias são feitas, os personagens dão presentes um ao outro, de acordo com a interação nos combates e outras maneiras. A Afinidade afeta a produção de Gemas equipáveis nas peças de armadura (outro elemento que afeta ativamente os combates), na barra de Party Gauge, no acúmulo de Tension e, principalmente, nas conexões de habilidades passivas, as Skill Link, que são conexões que um personagem pode fazer com a árvore de habilidades de outro; e tudo isso conforme a Afinidade. Além disso tudo, com afinidade alta é possível participar de pequenos eventos chamados Heart-to-heart, que mostra um momento especial de interação entre dois personagens, aprofundando sua amizade.

Fora tudo isso, ainda existe Aggro, a árvore de Skills, Break, Topple, Daze, Ether, a própria Monado, cores para cada tipo de Art, e por aí vai. Parece muita coisa né!? Mas fique tranquilo, por causa do game design genial, tudo isso ocorre de uma forma tão natural que o jogador nem percebe que é o jogo é tão complexo assim.

Mas nem tudo são flores. Por mais que a jogabilidade consiga se sustentar por muito tempo, chega uma hora que cansa um pouco. Não por ser ruim ou repetitiva, mas simplesmente cansa pois o jogo é muito comprido. Uma maneira de driblar isso é trocando ocasionalmente de personagem jogável, pois isso afeta ativamente a jogabilidade.

Visual, um show a parte

Outro aspecto grandioso do jogo? Todo seu visual é também magnífico. São cenários vivos, começando com uma pegada mais natural e verde, até chegar em locais alienígenas e inexplicáveis, mas mais belos ainda. Não importa o lado em que o jogador coloque a câmera, é surpreendido com uma visão magnífica do que o jogo oferece. Sabem aquelas fotos panorâmicas que são tiradas de cima de um ponto alto? O jogo inteiro passa essa sensação, pois todos os mapas são pensados detalhadamente.

Um único ponto negativo está no design dos personagens. Eles melhoraram muito optando por um visual mais cartunesco, mas ainda não está tão polido. Os desensolvedores poderiam ter optado em fazer o design dos personagens mantendo os padrões do Xenoblade Chronicles 2. Mas isso não chega a ser um problema, pois é um jogo de 2010 que ainda continua lindo.

Trilha Sonora

Se é surpreendente nos aspectos acima, não é na trilha sonora que ele decepciona. Talvez a Trilha Sonora até mereça uma pontuação 11 em uma escala de 0 a 10. As músicas são magníficas, orquestradas, com ritmo e dinâmicas que encaixam perfeitamente com a situação e os locais em que tocam. Elas são tão memoráveis, que só de pensar em Bionis’ Legs é possível lembrar da trilha sonora que acompanha as planícies e os desafios. Além disso, o loop delas são grandes, e em momento nenhum elas cansam pela repetitividade, mas constantemente motivam e passam a sensação a que se propõem.

Um pouco fora das músicas, os efeitos sonoros também são muito bons, bem como as vozes, sons de impacto e dublagem. Aqui, o ponto negativo vai para as dublagens de Shulk e Reyn, pois passam uma sensação de irrelevância ao que está acontecendo, além de terem um tom engraçado que chega a cansar um pouco. Fora isso, os gritos em momentos de tensão transmitem muito bem o sentimento que estão passando, ajudando a serem mais memoráveis ainda.

Veredito

Xenoblade Chronicles: Definitive Edition é maravilhoso. Não tenho outras formas de encerrar esse post que não sejam enaltecendo esse brilhantismo de 2010 que foi remasterizado em 2020, duas gerações depois. Sua grandiosidade merece todos os méritos da indústria, considerando tanto o ano de seu lançamento como relançamentos posteriores. Seus maiores e únicos problemas também são decorrentes de sua grandiosidade, pois sua história, por mais que engrene rápido, demora a ser contada e a jogabilidade tende a ser enjoativa caso o jogador permaneça com o mesmo personagem.

Em relação à edição remasterizada, todo o design dos menus foram refeitos, melhorando a usabilidade. Além disso, a resolução e os detalhes do cenário foram melhorados, e, talvez o melhor ponto, agora aparecem ícones de todos os locais, criaturas e itens de missão secundária, facilitando muito resolvê-las.

Indico Xenoblade Chronicles: Definitive Edition não somente para quem gosta de JRPGs, mas também para quem gosta de histórias bem elaboradas e não quer um desafio tão grande. Recomendo rejogá-lo para quem já jogou suas versões anteriores, pois há também um epílogo que se passa depois da história principal.

Bom, agora todos concordamos que Xenoblade Chronicles é um jogo perfeito, correto? Deixe seu veredito também nos comentários e participe conosco!!


Trailer do Jogo

 


* Esta análise foi feita com uma cópia fornecida pela Nintendo.

 

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Kiefer Kawakami

Sobre mim: Amante dos games, acredito que eles podem mudar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes, bem como aconteceu comigo. Possuo um amor incondicional pela Nintendo desde Donkey Kong Country e Super Metroid. Sou multidisciplinar e sei pouco sobre muita coisa, mas o suficiente para relacionar assuntos distintos. Além disso, quero divulgar os games para que as pessoas vejam a maravilha que são e podem ser.

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