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[REVIEW] Neo Cab – Quando o caminho é muito mais importante que o destino final

Digamos que os jogos indies trazem uma liberdade maior em narrativas e jogabilidades diferentes. Porém, juntar um táxi, um visual cyberpunk e uma narrativa construída através de conversas e escolhas é um pouco arrojado até pra um jogo independente. Será que Neo Cab se dá bem sendo diferentão assim?


Ficha Técnica

Título: Neo Cab

Plataforma: Nintendo Switch

Tamanho: 358 MB

Desenvolvedora/Publicadora: Chance Agency / Fellow Traveller

Jogadores: 1

Em Português: Sim

Gênero: Aventura

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 13+


Quem nunca deu 5 estrelas para aquela corrida silenciosa de Uber? Seria esse o motorista perfeito? Em Neo Cab não é assim que funciona. Desenvolvido pela Chance Agency, o jogo te coloca na pele de Lina, uma motorista que adora bater um papo com os seus passageiros – ou pax, como são nomeados nesse universo.

O jogo é distribuído pela Fellow Traveller, que é conhecida por publicar jogos com um visual artístico – característica que logo chama a atenção em Neo Cab.

Além dessa história que evolui a cada conversa, o jogo mistura diversas outras mecânicas de gerenciamento e escolhas. Tudo acaba sendo interligado de alguma forma. Assim, também, são os desafios de Lina em sua nova cidade, Los Ojos, e com sua velha amiga, Savy.

Percorrendo um caminho diferente

O jogo leva o nome da empresa que Lina trabalha, uma das últimas a utilizar um humano como motorista e a concorrer com a megacorporação que domina Los Ojos. Essa megacorporação chama-se Capra, que está em todo lugar, desde gadgets até a polícia local. Como se não bastasse, existe um passado entre Lina e Capra que não acabou muito bem.

Savy é outro nome importante nesse enredo. A melhor amiga de Lina é o motivo da mudança da motorista para Los Ojos, apesar do longo tempo que ficaram sem contato.

Com essas informações de introdução e tutorial, é possível começar a desvendar outras histórias desse mundo. A narrativa avança conforme vão passando as noites, ou seja, uma noite trabalhando como motorista significa um capítulo do jogo. Em cada noite é preciso fazer pelo menos 3 corridas ou alcançar o mínimo de créditos exigidos para avançar ao próximo capítulo.

É possível escolher os passageiros, que são apresentados em um mapa. Deve-se levar em consideração o seu perfil, o mínimo de estrelas exigidas e a quantidade de bateria necessária para a viagem. 

Parece muita coisa para se pensar, porém não há uma consequência drástica em cada escolha. O que mais vai pesar na sua decisão é qual história você quer ouvir naquele momento.

Durante a corrida, acontece o diálogo com o seu passageiro. Ele pode ser aliado ou combatente da Capra, morar ou não em Los Ojos, enfim, são diversas personalidades. O que há em comum nesse momento são as histórias interessantes de cada um deles, que te fazem imergir nos personagens e afasta aquela sensação de tédio por ser “só uma conversa”.

Na maioria das respostas há tem três opções: otimista, pessimista ou neutra. Também há respostas que podem direcionar a conversa para outro assunto do seu interesse. Cada história parece muito pessoal e a maioria dos NPCs te deixa com vontade de reencontrá-los. Esse momento é, sem dúvidas, a melhor coisa em Neo Cab, porém o jogo ainda tropeça quando tenta falar de assuntos mais sérios.

O problema dos assuntos sérios

Em quase toda a temática Cyberpunk vemos alguns problemas da sociedade atual retratados em um futuro distópico. É quase um aviso: “se nada for feito, esse será o nosso destino”. Em Neo Cab o assunto mais recorrente é a precarização do trabalho, inclusive passando pelo fenômeno da “Uberização”, e o domínio das máquinas. 

Outros temas importantes, como o culto da beleza exterior, a ressocialização de um ex-presidiário e o conflito em comprometer sua arte por dinheiro, são abordados em Neo Cab, mas a forma como isso é feito é o que incomoda.

Ainda assim, vale a pena acompanhar cada NPC e sua história única e original. Porém, não podemos dizer o mesmo da história principal.

Escolha (ou não) o seu destino 

Em um Adventure baseado em conversas como Neo Cab, o principal desafio para o jogador está em “escolher a resposta certa” para chegar ao melhor final. É frustrante quando, nesses jogos, fica claro que suas ações não mudam o destino dos personagens. É o que acontece em Neo Cab em alguns momentos.

Além das dinâmicas de gerenciar suas corridas, das conversas e da trama por trás de tudo isso, é preciso se atentar ao medidor de sentimentos de Lina. O Sensômetro aparece logo no início do jogo e está totalmente ligado às decisões e algumas respostas referentes à história principal. Através de cores, é possível saber se Lina está Feliz (amarelo), Triste (azul), Calma (verde) ou Zangada (vermelho). 

Esses estados podem bloquear ou liberar respostas em determinados diálogos, e o jogador não tem muito controle sobre isso. Exemplo: qualquer assunto sobre a Capra deixa Lina com raiva, então todas as respostas disponíveis serão negativas. Esse fator torna alguns momentos do jogo muito frustrantes, já que não é possível expressar o sentimento real do jogador em certas respostas.

Um visual incrível (mas só dos personagens)

Como já dito anteriormente, Neo Cab é um deleite aos olhos, principalmente nos traços dos personagens. O jogo consegue adotar um estilo que combina muito bem com a temática cyberpunk, ao mesmo tempo que exalta seu traço de originalidade. Em compensação, alguns cenários são bem simples e fica evidente que toda a atenção foi voltada para tornar cada personagem único.

A trilha sonora é bem esquecível, porém não é tão exigida assim, já que os diálogos prendem a atenção suficientemente. Se há três músicas se alternando no jogo, é muito. Além disso, o desempenho no Switch não compromete a jogatina.

Veredito

Muitos voltam em jogos de escolhas para descobrir todas as opções de finais. Neo Cab me convence a voltar toda vez que lembro das histórias de cada NPC, de cada diálogo e de cada desfecho que não descobri na minha primeira jogatina. Além disso, o jogo atrai pelo visual e por tantas mecânicas diferentes juntas.

O que não atrai muito é o seu preço: U$$ 19.99 na loja americana e R$73,99 na eShop BR, esse valor por uma experiência com cerca de 4 horas. Porém, Para aqueles que ainda estão em dúvida, é possível testar o jogo baixando gratuitamente uma demo na eShop. Lembrando que o jogo disponibiliza o português brasileiro, uma tradução muito bem feita. Também é possível alterar a velocidade do texto na tela.

Neo Cab está longe de ser perfeito, muito pelo contrário, suas falhas foram bem especificadas neste review. Mas, ainda assim, o jogo consegue deixar uma marca e se destacar em meio a um mar de jogos. Neste mar, jogos que não erram tanto, mas que também não arriscam como fez o Neo Cab, e só por isso já vale a pena ser um passageiro no táxi de Lina.


Trailer do Jogo


Este review foi feito utilizando uma cópia enviada pelos produtores.

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Jonatas Marques

De RPG japonês até Candy Crush genérico, se me prende a atenção, estou jogando! Essa paixão transcendeu para a internet, onde escrevo sobre games na NL e no Medium.

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