[REVIEW] The Swords of Ditto: Mormo’s Curse – Na alegria ou na tristeza, um casamento de indie com Zelda
Lançado primeiramente para Playstation 4 e PC, The Swords of Ditto chega para o Nintendo Switch já com a expansão Mormo’s Curse, que adiciona novos inimigos, áreas e itens. É um título que entra na lista de “jogos que estávamos esperando no Switch”, mas será que ele atende a essas expectativas? Vamos ver!
Ficha Técnica
Título: The Swords of Ditto: Mormo’s Curse
Plataforma: Nintendo Switch
Tamanho: 1,2 GB
Desenvolvedora/Publicadora: onebitbeyond / Devolver Digital
Jogadores: 1-2
Em Português: Sim
Gênero: Ação / Aventura
Save na Nuvem: Sim
Lindo demais!
Não tem como começar a falar de The Swords of Ditto sem citar o seu visual. Poucos jogos, principalmente indies, conseguem aliar criatividade e simplicidade dessa forma.
O estilo adotado é tão original que é difícil encontrar algum outro título para usar de exemplo. Tudo parece ser palpável, dando a impressão de que as árvores, plantas e personagens podem sair da tela e virar seus brinquedos de estante. Tanto no modo portátil quanto na sua TV de 80 polegadas, o jogo mantém a qualidade gráfica, o que é muito importante para a experiência.
As imagens escolhidas para esse texto mostram que não há exageros nos elogios ao visual de The Swords of Ditto, mas adentrar neste mundo deixa a experiência ainda mais completa. É impressionante como a desenvolvedora encontrou o equilíbrio entre qualidade artística e desempenho.
O personagem controlável e os NPCs seguem um padrão de design, mudando apenas as cores de pele e de cabelo, gênero ou roupas. Isso não te faz enjoar do visual, pois a todo momento nos são apresentados elementos vivos e inimigos com muita personalidade. Seja de dia ou de noite, com a maldição da Mormo ou na paz conquistada pelo guerreiro prometido, o jogo é um deleite para os nossos olhos.
Já a trilha não empolga tanto. Parece que usaram todo o potencial no ambiente visual e deixaram de lado a parte sonora. Em alguns momentos, como nas dungeons, o silêncio é usado de uma forma acertada. Já as músicas enjoam bem rápido e se tornam até esquecíveis de tanto que repetem.
História
A aventura acontece em Ditto. A bruxa Mormo amaldiçoou o lugar, espalhando o caos e dando vida aos inimigos que invadiram quase toda a cidade. Apenas o centro foi salvo (sem explicação do porquê, só acreditamos), local onde é possível visitar lojinhas e encontrar missões secundárias.
A cada 100 anos, surge um herói que herda a espada de Ditto e tem a missão de salvar a população da maldição da bruxa. Já viu esse enredo em outro lugar, certo? Sim, The Swords of Ditto se inspira muito em Zelda, tanto na história quanto no foco em outros atributos do jogo, como gameplay e elementos de RPG.
Além da vilã e do herói, outro personagem importante é Puku, uma espécie de inseto espectral que te guia em sua aventura (também te veio na cabeça um “Hey, Listen”?). Puku conhece toda a história de Ditto e os guerreiros que fracassaram na missão de salvá-la. E, é claro, ele sempre aparece nos momentos em que é preciso um tutorial. Puku é um personagem que serve como alívio cômico e é usado nos momentos em que é necessária uma explicação rasa sobre o mundo do jogo.
Inseto fantasma, bruxa, guerreiros predestinados, espada mágica… Sim, o jogo usa a magia para resolver alguns conflitos questionáveis da trama, ao mesmo tempo em que brinca com a sua própria narrativa simples.
Após retirar a espada do túmulo do último guerreiro de Ditto, você está livre para se preparar para a batalha contra Mormo. Coletar recursos, abrir todo o mapa, descobrir os segredos, fazer side quests, entre outros, há muitos caminhos diferentes para se tornar forte. Antes de invadir o castelo da bruxa, também é possível enfraquecê-la completando as dungeons dos cristais, que são abertas por armas específicas conquistadas nas dungeons de brinquedos. Mais uma semelhança com o jogo do menino da touca verde.
Então, são 4 dungeons principais antes de enfrentar o último chefe, além das salas secretas e áreas bônus encontradas pelo mapa. Também é possível ir direto para o castelo final para enfrentar Mormo. Essa opção é recomendada para aqueles que querem testar as suas habilidades com um desafio maior.
O jogo tenta passar uma sensação de urgência. É preciso derrotar a Mormo o mais rápido possível e sem falhas, já que uma derrota culmina em mais 100 anos de dominação da Mormo. Porém, a proposta de uma jogabilidade com exploração acaba diminuindo um pouco essa obrigação de salvar Ditto rapidamente.
A história parece bem curta, mas é possível continuar a narrativa após derrotar Mormo.
Jogabilidade
É na jogabilidade que encontramos as principais características e qualidades do jogo. The Swords of Ditto tem uma visão isométrica, com um combate onde é possível usar a espada (Y), rolar (B) e usar uma arma especial (X) – que são, literalmente, brinquedos.
O combate funciona da mesma forma que os jogos de Zelda com essa perspectiva: bate, esquiva, lança flechas, joga bombas etc. Só não prometo a precisão e qualidade de jogos como A Link Between Worlds.
Conhecer os inimigos é fundamental e isso pode levar algum tempo, já que há uma variedade considerável. É muito comum lutar contra várias criaturas ao mesmo tempo, o que torna o jogo ainda mais divertido. É preciso saber qual matar primeiro, como desviar de inimigos com padrões diferentes e usar os brinquedos na hora certa.
Outro fator que deixa o combate ainda mais dinâmico é o dano que os inimigos causam entre si. Isso aumenta as possibilidades para se livrar de uma horda de inimigos, atraindo um golpe e desviando para acertar em outro monstro ou se movimentando para envenenar, queimar ou congelar alguns oponentes.
Apesar de ser importante na jogatina, o uso dos brinquedos pode ser frustrante em The Swords of Ditto. Para facilitar o acesso, é possível inserir um brinquedo em cada D-pad como um atalho, por isso um deles precisa estar selecionado para usarmos com um único botão.
Esse limitador pode se tornar um problema em alguns momentos do jogo, pois é comum usar um brinquedo, esquecer ele selecionado e tentar usar outro entre os seus favoritos. Um exemplo: tenho configurado em um D-pad um arco e em outro um apito para viagem rápida. Senti a necessidade de usar o arco no meio de uma batalha frenética, porém é o outro item que está selecionado, assim a ação do personagem acaba sendo diferente do esperado.
Nesse caso que citei, o jogo apenas pausa para você escolher o seu destino de viagem rápida, mas, em muitas vezes, resulta no uso de outro brinquedo de combate, o que te atrapalha na batalha. Isso poderia ser corrigido utilizando uma forma mais chamativa de exibir o brinquedo selecionado.
Apesar desse desconforto em usar os brinquedos, a variedade e possibilidades que se abrem nas batalhas compensam essa falha. Desde um simples arco até um disco boomerang ou uma fantasia de “Power Rangers” gigante.
Essa gama de opções também se estende aos emblemas (personagens com atribuições específicas que você pode escolher e evoluir para salvar Ditto) e aos adesivos, que são usados para melhorar os atributos do seu personagem. Ou seja, combinando esses três elementos, é possível criar diversos personagens e mudar completamente a jogabilidade.
Mais um indie que chega ao Switch como aquele casamento perfeito. Ou quase isso, já que, pelo menos até a publicação desse review, o port não estava otimizado da melhor maneira, apresentando alguns bugs e muito tempo nos loadings entre as áreas. Entretanto, é provável que esses problemas sejam resolvidos em uma futura atualização.
Ainda assim, ter um jogo como The Swords of Ditto em todo lugar, podendo apreciar sua beleza por horas na TV ou por alguns minutos na cama antes de dormir, é uma experiência diferenciada quando comparamos com outras plataformas.
Caso não tenha problemas em ignorar uma história rasa e se contente em passar horas e horas colecionando adesivos, brinquedos e evoluindo seu personagem, The Swords of Ditto tem tudo para te garantir muito tempo de diversão.
Falando em tempo, a história principal deve levar até 8 horas; buscar o 100% pode render mais de 25 horas de jogatina. Para os que se preocupam com a equação tempo de jogo x valor cobrado, o preço de U$14,99 (R$ 70, segundo o Save Coins) parece um ótimo custo benefício.
The Swords of Ditto usa muito de Zelda em seu todo e tem a sátira como a sua linguagem em alguns momentos, inclusive fazendo piada consigo mesmo, o que lembra jogos como Earthbound. Consegue unir a inspiração nesses jogos e a originalidade nos gráficos, porém falha em não construir uma história ao menos interessante.
Ao mesmo tempo que temos mais um indie que proporciona uma experiência completa, fica a sensação que com um pouco mais de atenção em alguns elementos, The Swords of Ditto poderia ser lembrado com um dos grandes jogos independentes dessa geração.
Trailer do Jogo
Este review foi feito utilizando uma cópia enviada pelos produtores.
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