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A figura do Herói nos games

O Herói é uma figura clássica da cultura pop. Conforme alguns dicionários, existem vários fatores que categorizam o ser Herói. Para esse texto, herói será aquele que arrisca sua própria vida, ou até morre, por um bem comum ou por algo que beneficiará aquilo que ele realmente ama.

No início da história dos games, bem no início mesmo, ainda não havia a figura de um herói. O personagem jogável era somente uma nave no espaço, um carro de corrida ou uma bolota amarela, e ambos sem uma história ou desenvolvimento do personagem. Em 1978 foi lançado para Atari um jogo do Superman, mas com o foco em acúmulo de pontos, nada que desenvolva alguma coisa da história do famoso super-herói.

Mas, aos poucos, começaram a surgir alguns heróis memoráveis. No longínquo ano de 1981, um simpático carpinteiro com boas capacidades de pulo teve sua namorada sequestrada por ninguém menos que seu macaco de estimação. Então, passando por todos os obstáculos feitos pelo macaco, por desafios incontáveis e ameaçadores, o carpinteiro consegue resgatar sua amada. Jumpman foi, com certeza, o primeiro herói a marcar a história dos games.

Logo após o crash da indústria dos games de 1983, os jogos começaram a avançar lentamente. Pesquisando alguns jogos, foi com satisfação que encontrei H.E.R.O., de 1984. O personagem jogável é um herói munido de um helicóptero nas costas, bombas e arma laser para resgatar sobreviventes e acabar com as ameaças. Ao testá-lo, fui transportado à mente de uma criança com sete anos na época, e foi uma experiência muito divertida.

Simples e divertido

Até que, em 1985, a Nintendo nos presenteou com a figura mais característica dos jogos atualmente, Mario! Em Super Mario Bros., lançado em 1985, a representante política do Reino do Cogumelo, Princesa Peach, foi sequestrada por Bowser a fim de tomar o reino e conquistá-lo, enchendo-o com suas hordas. A missão do herói Mario consiste em resgatar a Princesa Peach e recuperar o domínio do reino. E, após ser enganado muitas vezes, passar por desafios que jamais imaginara, encontrar-se com criaturas e situações psicodélicas semelhante às criações de uma mente sobre efeitos de cogumelos alucinógenos, nosso herói consegue a façanha de derrotar a tartaruga-aligátor Bowser e devolver a paz ao reino.

O maior herói dos games (que afirmo com certeza), entretanto, surgiu em 1986.

À procura de um herói que pudesse salvar o reino de Hyrule do mago Ganon que roubou um artefato poderoso, Impa, mandada por Zelda, é cercada pelos capangas de Ganon e é salva por um jovem rapaz vestido com roupas verdes. Então, em The Legend of Zelda, conhecemos Link, um herói sem palavras e objeto de análise desse texto.

A figura do herói é muito subjetiva, havendo diversas interpretações. Muitas vezes é sutil a diferença entre o Herói e o Anti-herói. Porém, enquanto o Anti-herói possui motivações próprias e tem confiança apenas em sua força, o Herói possui um aspecto capaz de superar todas as dificuldades que aparecem, a Bravura. E Link é sinônimo de bravura.

Ele normalmente é iniciado na história ao acaso, em situações aleatórias de sua vida, mas sua bravura é o fator principal para notarem o herói que habita dentro dele e seu chamado para a jornada acontece de várias formas. Em Wind Waker, por exemplo, ele quer resgatar sua irmã que foi sequestrada para a realização de um plano maligno, e sua bravura é notada apesar dele ainda ser criança e muitas pessoas o subestimarem. Em Twilight Princess, ele já era forte e corajoso, escolhido para ser o líder da aldeia; vai resgatar uma criança e acontece seu chamado. O chamado de Ocarina of Time é simples também, Link precisa ir até a Grande Árvore, que pede ajuda e anuncia o caminho ao herói.

Na grande maioria dos jogos da franquia, Link segue o que é chamado de “Jornada do Herói”. Esse é um conceito narrativo que tem a premissa de crescer a história enquanto cresce o herói, simplificando muito, muito mesmo. Exemplificando com Majora’s Mask, o pequeno Link vai sendo desenvolvido com as quests e sidequests. Cada desafio é um ponto a mais para sua maturidade. Ele aprende sobre o amor, permite-se não dormir de noite, encerrar discussões, ajudar pessoas e animais, etc. E, por fim, ele consegue a maturidade na forma da Fierce Deity’s Mask, demonstrando que conseguiu superar todos os desafios e alcançar de fato a maturidade e hombridade, sendo capaz de enfrentar todos os desafios que surgirem. Tudo isso sendo desencadeado pela bravura que possui.

Link é o portador da Triforce da Bravura. Não porque possuí-la torna-o Bravo, mas, por ser Bravo, ele a possui. Zelda é o aspecto da Sabedoria, e Ganondorf, do Poder. Nos embates entre Link e Ganondorf, o vilão é sempre muito mais forte, tanto que em alguns jogos ocorrem um primeiro encontro entre eles, com Link saindo como perdedor, mas motivado a ir atrás daquilo que fará vencer o inimigo. Então ele vai. Faz contatos, procura tesouros e pessoas, pelo seu próprio esforço conquista novas habilidades e mais resistência; e mesmo assim é incapaz de vencer o Ganondorf. Entretanto, sua Bravura tocou outras pessoas no decorrer da história, pessoas que o ajudam, pessoas que conquistaram sua amizade, então perder tem um peso enorme para ele, pois carrega todas essas outras pessoas. Então ele vai motivado para a última batalha, vencer ou vencer. A bravura supera o poder, e Link vence!

Gosto muito do discurso final do filme Kick Ass: Quebrando Tudo (2010). A Hit-Girl, Mindy, fala que para ser um herói é necessário somente ser corajoso, e no pequeno discurso do Kick-Ass, Dave diz que o mundo real precisa de heróis reais, heróis corajosos. Nos jogos, os heróis são bravos, corajosos, são heróis com poderes, pois o mundo tem poderes. Heróis que sacrificam suas vidas para tornar o reino pacífico novamente, acabar com uma guerra, impedir o planeta de ser destruído, salvar sua amada… São heróis que nos inspiram a ter bravura e coragem, a sacrificar nossas vontades por aquilo que importa e a sermos os heróis reais que o mundo real precisa. Afinal, mesmo com todo o Poder disponível nas mãos do Vilão, o que realmente ganha sempre é a Bravura!!

A propósito, e os Vilões?

 

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Kiefer Kawakami

Sobre mim: Amante dos games, acredito que eles podem mudar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes, bem como aconteceu comigo. Possuo um amor incondicional pela Nintendo desde Donkey Kong Country e Super Metroid. Sou multidisciplinar e sei pouco sobre muita coisa, mas o suficiente para relacionar assuntos distintos. Além disso, quero divulgar os games para que as pessoas vejam a maravilha que são e podem ser.

3 thoughts on “A figura do Herói nos games

  • Rubens Mateus Padoveze

    Achei que seria um am-passam pelos heróis mas gostei da guinada sobre o caminho do herói e do link . Mas hoje acho que temos muito mais protagonistas que heróis, o branco e preto está mais longe nos grandes jogos. Mas a Nintendo segue forte com seus jogos polarizados. Os vilões… servem sem os heróis?

    Resposta

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