O poder de uma história
Recentemente estamos tendo uma escassez cada vez maior de jogos para a plataforma Nintendo, muito em razão da proximidade do lançamento do Switch. Porém, confesso que isso tem me permitido explorar jogos na Steam e, acima de tudo, tem me permitido conhecer histórias magníficas e vivenciar novas experiências no mundo dos jogos eletrônicos.
No entanto, antes de começar o post propriamente dito, cabe aqui uma observação: como sabemos, o foco da Nintendo nunca foi entregar uma história magnífica, mas sim entregar uma jogabilidade inesquecível. É assim com Zelda, Donkey Kong, Mario e outros jogos da Big N, todos sofrem com a falta de uma boa história principal, porém se garantem na jogabilidade. É fácil perceber isso pela linha do tempo do que, pra mim, é a melhor franquia do mundo dos games: The Legend of Zelda. É uma bagunça sem fim, mas a jogabilidade é tão inesquecível que supera a falta de uma boa história.
Por outro lado, outras empresas focam mais na história e, para isso, constroem cutscenes magníficas e longas. Porém, apesar de ter jogado muitos jogos na minha vida, e ter conhecido várias e várias histórias diferentes, poucas realmente marcaram a minha vida. Nesse quesito, eu noto que a indústria dos games tem se aproximado muito do que na cinematografia seria uma história de filme de ação: um herói, um vilão, um objetivo, saltos, tiros e armas poderosas. Filmes de ação são bacanas, mas você se lembra mais das cenas de ação do que propriamente da história, não é? Claro que atualmente muitos e muitos jogos fogem a esse padrão, mas os grandes jogos (os blockbusters) geralmente seguem estas características. Repare que não estou criticando os jogos atuais e os jogos blockbusters, mas somente falando que não tiveram uma história que realmente marcasse a minha vida a ponto de se tornar, para mim, memorável.
Foi então que me veio a grata surpresa do jogo “To The Moon” (que comprei na Steam). Jogo simples, construído no RPG Maker por uma única pessoa. Apesar de simples em seu aspecto, possui uma história sobre relações entre pessoas diferentes entre si, com seus problemas e seus dramas pessoais. O jogo te pega pela mão e te leva por uma história fantástica, complexa, emocionante, humana e, acima de tudo, plausível. Não é raro ver depoimentos de pessoas que realmente choraram jogando esse jogo, o que demonstra o poder dessa história e como ela mexe com as emoções do jogador. O jogo consegue te fazer sorrir, chorar e se importar com cada um dos personagens principais do jogo e isso é realmente impressionante.
Durante toda a jogatina, a história me prendeu na cadeira e eu simplesmente não queria parar. Queria continuar e continuar, pra saber que destino os personagens teriam, queria saber o final daquela aventura. O foco foi sempre saber o final da trama, zerar é só a consequência, deixou de ser o objetivo. Diferente dos diversos jogos que joguei em que os meio do jogo importava mais do que o encerramento da trama, esse jogo toda ela funciona como um conjunto uniforme. Você vai descobrindo e querendo saber mais e mais do fechamento da história.
Entretanto, eu não quero falar muito para não dar spoiler, pois este é um jogo que eu indico a todos vocês jogarem. É um jogo curto (de 3 a 4 horas), porém com uma experiência que vale a pena viver. A palavra correta realmente é EXPERIÊNCIA. Foi tão marcante, que dificilmente esquecerei o que vivi com este jogo, o que me foi proporcionado durante essas horas de jogo. Desde sua trilha sonora até sua história, esse é um jogo perfeito. Confesso que eu gostaria de ter mais dessa sensação nos grandes games, uma sensação de que vivi algo novo e único, algo diferente. Queria jogar algo que realmente você se importasse com a história que está sendo contada e com os personagens. Repito: não estou dizendo que eles não tem história, apenas que elas não me marcaram (algo pessoal), não me fizeram pensar nelas após o término deles. Apesar disso, esses games também me proporcionaram diversão e envolvimento com a história, porém foi um envolvimento que se finalizou com a exibição dos créditos.
Enfim, sigo minha busca por jogos com histórias assim, que me façam refletir, que emocionam, histórias vivas. Claro que vou continuar jogando os outros jogos também, eles tem seu lugar. Porém, de vez em quando poder viver uma história nesse nível é algo que desejo profundamente e é algo que não é fácil de se conseguir em jogos grandes.
Por isso, se você, leitor, viveu alguma história inesquecível, compartilhe com a gente! Seja com esse jogo que citei ou com qualquer outro. As experiências são diferentes de pessoas para pessoas e o legal é podermos compartilhá-las.