Rime – Que Grande Jogo!
Antes de começar este post quero fazer uma observação: a primeira parte deste post é inteiramente SEM SPOILERS. No final desta primeira parte, farei uma segunda abordando a história desse magnífico jogo e todas as suas nuances. Dito isto, vamos começar!
Comprei meu Switch em outubro de 2017. Lembro-me que Rime era um jogo que estava na minha lista de desejos do Playstation 4, porém migrou automaticamente para a lista de desejos do Switch. Alguns amigos falavam muito bem, outros abandonaram, mas havia algo no game que dizia que eu tinha de jogá-lo. Por isso, após o seu lançamento para o console nintendista ainda em novembro, eu fiquei acompanhando as promoções aguardando a primeira oportunidade que tivesse de por as mãos nesse jogo.
Pois bem! A promoção jamais chegou (Nintendo realmente precisa dar mais descontos). Quando a minha fé estava abalada, a Sony resolveu anunciar este game no pacote da Plus para o PS4. Portanto, meus amigos, confesso joguei este jogo na concorrência, mas resolvi escrever esse post para compartilhar com vocês a minha experiência e para, eventualmente, acender a chama de vontade de vocês para que comprem e também vivam esse jogo.
Parte 1 – Sem Spoiler
Tudo começou há um tempo atrás na ilha do Sol, já diziam os filósofos do Jammil e Uma Noites . Tá, a piada foi péssima e a música talvez não seja das melhores, mas você começa em uma ilha, acordando com a água batendo em você. A partir daí, você começa a viver sua própria aventura, inicialmente sem um direcionamento claro do que fazer. Basicamente é você buscando entender o lugar e como ele funciona. Imediatamente você vislumbra toda a beleza que esse jogo tem. A ilha possui cores vibrantes, animais, flores, construções, estátuas, tudo é muito bonito e o visual me lembrou um pouco o belíssimo The Legend of Zelda: Wind Waker.
Com foco na jornada do protagonista e nos puzzles que ele tem que resolver, a história vai se revelando aos poucos (em capítulos) e, acreditem, é magnífica, surpreendente e ao mesmo tempo discute um problema cotidiano e muito pesado. Tudo isso, sem falar uma palavra sequer durante toda a trama, tal qual os excelentes Journey e Brothers: A Tale of Two Sons.
O jogo brilha ao mesclar a interpretação (convidando você a refletir e tentar descobrir o que está acontecendo durante toda a trama) com a revelação da verdade no final. E que final!!!
A trilha sonora também é muito agradável. Músicas orquestradas que te fazem imergir no momento, no que está sendo contado. Elas são tão boas que ficam na cabeça, mesmo após ter desligado o game.
Além disso, efeitos sonoros (e visuais) complementam a experiência dando a imersão que você precisa para se ver na pele do personagem.
Entretanto, todo game tem algum problema e com Rime não seria diferente. Senti falta de puzzles mais complexos, algo desafiador (nem que fosse um side-puzzle). Além disso, a jogabilidade com o personagem às vezes atrapalha um pouco e, em alguns momentos, a câmera também pode te incomodar. Porém, sinceramente, nada disso me atrapalhou de forma a prejudicar a minha experiência, e olha que eu sou um sujeito chato com esses dois quesitos (já abandonei vários jogos pela jogabilidade e câmeras ruins).
Veredito
É clichê falar o que falarei agora, mas Rime é realmente uma experiência. A história te fará refletir e, se você for uma pessoa emotiva, poderé te fazer chorar. É uma história que me fez parar e, apenas alguns minutos após finalizar o game, escrever esse artigo para vocês. O jogo é curto, acredito que tenha em torno de umas 7 horas, mas pra mim valeu cada segundo.
Infelizmente, os detalhes que posso contar nessa área do artigo são poucos, pois qualquer coisa pode estragar a sua experiência com o jogo. Por isso, recomendo que o jogue e volte mais tarde para ler o restante, pois abaixo teremos spoilers.
Importante ressaltar que a versão do Switch no lançamento apresentou alguns problemas de bugs e lentidão, o que a empresa aparentemente corrigiu em um patch posterior. Pelo que li, atualmente a versão do Switch está rodando satisfatoriamente, mas realmente não sei como está realmente.
Parte 2 – com spoiler
Antes de dar mais detalhes do jogo, quero salientar que não sou psicólogo e, por isso, talvez cometa alguns deslizes. Caso repare algum, me diga que terei o maior prazer em corrigir, ok?
O jogo revela muito pouco nos quatro primeiros capítulos, se concentrando nos puzzles e nas mudanças visuais a cada capítulo avançado. E talvez essa seja a grande falha dele: querer deixar pra revelar a trama no final da jornada e dar pouco ou nenhum subsídio para o jogador esboçar um “ahhhh! eu acho que estou entendendo”. Toda a vivência até o final do quarto capítulo é muito interpretativa e pouco descritiva. Todavia, quando a verdade é finalmente revelada e o jogador consegue ligar os pontos, há uma interpretação retroativa que eu achei muito recompensadora.
Sua história é dividida em capítulos e cada capítulo traz um dos estágios do Modelo de Kübler-Ross, também chamado de “os cinco estágios do luto”. São eles:
- Negação
- Raiva
- Negociação
- Depressão
- Aceitação
O final nos revela que uma tempestade trouxe o mar revolto que, por fim, tirou um filho de seu pai. Em um último momento de luta contra a morte, o menino se agarra na borda do barco e seu pai, completamente desesperado, luta para alcançá-lo, conseguindo por um breve momento agarrar seu braço para, em seguida, perder o seu filho para as águas famintas. E é assim que você descobre a triste história de um homem que perdeu para a natureza o que tinha de mais precioso. E para piorar, no fim do jogo você descobre que sua jornada foi inteiramente na mente abalada do pai e que os capítulos têm a ver com os estados enfrentados por ele após a perda que sofreu.
Em cada capítulo você percebe as mudanças. O jogo sai de um colorido lindo para um preto claustrofóbico e agoniante. Importante dizer que o que vou relatar aqui é a minha interpretação, mas eu realmente gostaria de ouvir a sua! Vou separar a minha percepção de acordo com o modelo de Kübler-Ross.
No primeiro estágio, o cenário é colorido e o menino está feliz e saudável, como se o pai esperasse e acreditasse que o filho voltaria para casa são e salvo. É o estágio da negação em que pensamos que “não, ele não está morto! Ele está voltando para casa, eu sei!”. No entanto, à medida que o tempo passa, a esperança dá lugar à raiva, e com ela entramos no segundo capítulo.
No segundo estágio você consegue reparar uma ave despejando toda a sua ira contra você. Além disso, a motivação da raiva do pai está por toda parte: áreas em que você fica submerso (filho afogado) e os barcos quebrados. A fúria vem contra tudo e contra todos. Com o passar do tempo, você vai afastando o pássaro raivoso com as nuvens negras de tempestades, nuvens negras que simbolizam uma tristeza e uma busca interminável para sanar a sua dor.
Na fase da negociação, há entradas e saídas sem um sentido lógico. Neste estágio me senti perdido, buscando uma saída sem saber pra onde ir. Havia várias portas, vários caminhos, e muitos deles não te davam um rumo, apenas te levavam para o mesmo lugar. Além disso, você encontra vários inimigos aqui que te sugam as forças. Essas são as representações para a fase em que as pessoas estão mais espirituais, e momento no qual elas buscam Deuses ou guias para ajudá-las a superar a dor. Mas a dor dificilmente vai embora, e percebendo que nada trará o seu filho de volta e que nada trará o conforto desejado, entramos no estágio da depressão.
Com a depressão percebemos a chegada de uma chuva intensa, um ambiente mais escuro com vários dos inimigos de antes, porém agora eles não te atacam, estão inertes. Você não é um inimigo para eles; você já é um deles. Não há mais força ou ânimo a ser sugado, há apenas a solidão e o vazio. A chuva se intensifica e você perde não só um, mas dois amigos (a raposa e o pernudo). Tudo desaba na sua cabeça. Estátuas constantemente chorando, uma tristeza incontida e aparentemente sem fim. Outro momento emblemático é aquele em que o personagem se transforma e seu grito vira um sopro, como se ele quisesse gritar e não conseguisse. Neste momento você vê a estátua do pai chorando, incrédulo. A chuva, uma alegoria para suas lágrimas.
O último capítulo é o da aceitação, e é onde descobrimos toda a verdade sobre o que ocorreu. Neste capítulo controlamos o pai do menino e percebemos que cada passo rumo ao quarto do filho é um passo dolorido, sentido. Entrar no quarto vazio me trouxe o peso que o personagem carregava, a tristeza. Os brinquedos ainda no quarto (a medida que vamos coletando os itens, eles vão preenchendo o ambiente). O momento em que o pai aceita, com tamanha relutância, que o filho se foi e tem que deixar ir embora a única coisa que restou dele naquela noite: um pedaço de sua roupa que rasgou na tentativa do resgate.
Outro ponto interessante é que durante toda a trama contamos com um auxílio de uma raposa guia. A raposa auxilia o menino durante a dura jornada. Ela simboliza toda a força que alguém pode receber em um momento de perda. Essa força pode vir de amigos, médicos, itens de entretenimento, religião ou qualquer outra ferramenta. Tudo isso está simbolizado em uma única imagem: a raposa. Ela te conduz por todos os estágios até que você alcance a aceitação, quando ela finalmente pode descansar (simbolizada pela morte dela).
Enfim, esta é mais uma história magnífica que um jogo de videogame permitiu que eu vivenciasse. Se você leu até agora e jogou este jogo no Switch, gostaria de lhe perguntar uma coisa (deixe a resposta nos comentários, por favor). No PS4 notei algumas travadas de leve, não era sempre mas de vez em quando tinha uma queda de framerate. Como está o port pro Switch? O que achou desse jogo? Deixe nos comentários!
Obrigado por ler até aqui e até o próximo post.
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