[REVIEW] Legacy of Kain: Soul Reaver 1 & 2 Remastered
Depois de muitos vazamentos e mais de duas décadas de espera, os fãs do vampirão mais querido do PS1 podem comemorar. A franquia Legacy of Kain ficou adormecida por tempo demais, e minha última lembrança dela foi jogar Soul Reaver numa versão dublada em PT-BR (via emulador) quando eu era adolescente. Agora, com o remaster dos dois jogos da saga Soul Reaver, temos uma chance de reviver essa história épica. Mas será que um remake não teria sido uma escolha melhor?
Ficha Técnica
Título: Legacy of Kain: Soul Reaver 1 & 2 Remastered
Plataforma: Nintendo Switch
Data de lançamento: 16/12/2024
Tamanho: 10.4GB
Desenvolvedora: Aspyr Media
Publicadora: Aspyr Media
Jogadores: 1
Em Português: Não
Gênero: Ação, Aventura
Tempo de Jogo (em média): 12 horas
Save na Nuvem: Sim
Classificação: Livre
Preço no Lançamento (BR): R$ 159,99
Preço no Lançamento (EUA): US$ 29.99
História que ainda mexe conosco
Em Soul Reaver, você embarca na jornada de vingança de Raziel, um ex-vampiro que foi traído por Kain, o protagonista dos jogos Blood Omen (antecessores de Soul Reaver). Tudo começa quando Raziel, num “surto de evolução”, ganha asas antes do seu mestre, o que deixa Kain… digamos, um pouco descontente. Ele destrói as asas de Raziel e o joga num redemoinho de almas, onde o coitado passa séculos sendo consumido.
Depois de todo esse tormento, Raziel é ressuscitado por uma entidade que lhe dá a missão de se vingar de Kain. Nesse processo, ele ganha um novo poder: a habilidade de alternar entre o mundo dos vivos e dos mortos. Essa mecânica era revolucionária na época e continua impressionante ainda hoje. Porém, a forma como isso acontece não é das mais bonitas, ainda mais em 2024.
Mesmo assim, alternar entre essas duas realidades em tempo real ainda traz um toque nostálgico, e a forma como o design dos cenários muda entre os mundos com coisas que antes não estavam ali é de deixar boquiaberto. Não lembro de ter visto algo parecido na época.
A história sombria e cheia de reviravoltas, junto com a atmosfera densa, é o que torna Soul Reaver tão especial. Raziel, com seu design icônico ainda é um dos personagens mais marcantes dos videogames. E, agora, dá até mesmo pra ver a face dele em alta definição – além de seus olhos que brilham, quem diria -, ao contrário dos anos 90.
Jogabilidade interessante, foco em puzzles e plataforma
Uma das maiores sacadas aqui é a alternância entre os dois mundos, que é usada tanto nos puzzles quanto nas partes de plataforma. E, olha, o remaster trouxe melhorias que deixam isso ainda melhor. O controle ficou mais preciso, a câmera agora pode ser movimentada livremente com o analógico direito (o que era um sonho distante na época do PS1). Mesmo assim, a movimentação é um pouco desleixada e pode te fazer cair ou errar uns ataques.
Outra novidade que ajuda demais é o novo mapa. Como um bom Metroidvania, Soul Reaver tem várias áreas interligadas, que você desbloqueia com habilidades novas, como escalar paredes. Mas, no original, a navegação era um verdadeiro teste de paciência, especialmente na segunda metade do jogo, onde o backtracking é quase constante.
Agora, o mapa não só mostra os nomes das áreas como também te dá dicas de objetivos e até rastreia os upgrades que você já pegou. Uma mão na roda, mas senti falta de apontar o próximo objetivo na tela ou no mapa em si. Já Soul Reaver 2 não tem tantas mudanças no gameplay, o que mostra o foco gigantesco no primeiro.
Boas melhorias, mecânicas datadas
Por mais que o remaster tenha dado um tapa na jogabilidade e no visual, algumas coisas permanecem problemáticas. A exploração e os puzzles continuam incríveis, mas o combate continua errôneo e impreciso. É sempre um teste de raiva quando você vai atacar um inimigo.
Em ambos os jogos, Raziel tem ataques básicos e um movimento de esquiva, seja usando os punhos ou armas. Mesmo com a espada Soul Reaver, as lutas não ganham profundidade. A mecânica de eliminar vampiros com luz, água ou fogo até parece interessante, mas, na prática, é um processo demorado e repetitivo, com animações que aparecem sempre e tornam tudo uma lenga-lenga.
Os chefes, pelo menos, são mais criativos e usam o ambiente nos combates. Mas Soul Reaver 2 tenta deixar o combate mais desafiador e acaba piorando as coisas. Os inimigos bloqueiam tudo, têm uma tonelada de vida e desviam dos seus ataques aleatoriamente, tornando as batalhas ainda mais cansativas. Dá muito bem pra ignorar muitos inimigos por conta do combate aquém.
Nostalgia ou modernidade?
Um dos destaques do remaster é a possibilidade de alternar entre os gráficos clássicos e os modernizados. Se você é fã do visual retrô do PS1, vai adorar as texturas originais em alta resolução, com a proporção 16:9 e um desempenho a 60 fps no Switch – impressionante.
Agora, se você optar pelos gráficos modernos, vai notar que inteligência artificial (IA) usada para melhorar as texturas nem sempre acertou. Em alguns momentos, detalhes simples ficaram exagerados ou destoam do resto do cenário. Algumas coisas sequer mudam, como cascatas e outros ambientes com água, que parecem a mesmíssima coisa do PS1. Em Soul Reaver 2, as mudanças visuais são mais sutis por conta do jogo ser mais moderno, e a transição entre os dois modos é rápida e fácil, feita com o toque de um botão (analógico direito).
Problemas da idade
O remaster de Soul Reaver é uma excelente oportunidade para reviver (ou conhecer) uma das franquias mais marcantes dos videogames, sem falar nos bônus que foram trazidos como Lost Levels e outros materiais. Com melhorias significativas na jogabilidade, gráficos mais nítidos e adições como o mapa, essa é, sem dúvida, a melhor forma de jogar o primeiro título hoje. Soul Reaver 2 não traz tantas novidades, mas ainda assim é um salto em relação à versão do PS2 no quesito desempenho. Apesar de alguns problemas no combate e de mecânicas que envelheceram um pouco, esse remaster reacende a esperança de um possível futuro para Legacy of Kain. O jogo brilha ainda hoje nos puzzles, exploração e narrativa, mas o combate é péssimo. Portanto, esperemos um remake no futuro em vez de um remaster.
Trailer do Jogo
* Esta análise foi feita utilizando uma chave enviada pelos produtores