[REVIEW] Minoria – Uma jornada Melancólica
Metroidvania é um dos subgêneros mais utilizados no mundo dos games. Muitos desenvolvedores independentes, fascinados por jogos assim, apostam em suas mecânicas para produzir algo novo. Minoria é mais um deles, mas não é qualquer um. Sendo sucessor espiritual de Momodora, apresenta evoluções que abordarei aqui. Bora pra análise?
Ficha Técnica
Título: Minoria
Plataforma: Nintendo Switch
Data de lançamento: 10/09/2020
Tamanho: 379 MB
Desenvolvedora/Publicadora: Bombservice/DANGEN Entertainment
Jogadores: 1
Em Português: Sim
Save na nuvem: Sim
Gênero: Ação, Aventura, Role-Playing, Plataforma
Classificação: 17 Anos
Preço no Lançamento (US): US$ 19,99
Tempo de Jogo (média): 6 horas
História
Minoria se passa em um mundo fictício, durante a 4ª. Guerra às Bruxas, em um período muito semelhante ao que houve na vida real, envolvendo a Inquisição e a Caça às Bruxas. Sendo o ano 1.203 do Calendário Rameziano, é quase equivalente ao nosso mesmo período. Mas as semelhanças param por aí.
No jogo, a bruxaria é severamente perseguida pela Igreja, separando reinos e fazendo com que autoridades sejam sequestradas pelos hereges. Existe um convento especializado em preparar suas freiras para embates cruéis contra as bruxas, treinando-as para que sejam hábeis com espadas, torturas e magias canalizadas por incensos puros.
O jogador controla a Irmã Semilla, que é acompanhada pela Irmã Fran. O objetivo delas é resgatar a Princesa de Ramezia, que foi sequestrada para ser utilizada como parte em um ritual das bruxas.
O jogo possui uma construção histórica muito dramática e extremamente melancólica, tendo seu universo e sua narrativa construída muito mais pelos arquivos encontrados no jogo do que pelos diálogos e acontecimentos. Se, por um lado as bruxas parecem ser a personificação do mal, a exploração do ambiente revela outras coisas, aumentando muito mais a carga emocional, pois se aprofunda em diários que revelam os sentimentos por trás dos atos de seus atos e os das freiras também. Além de seu próprio peso dramático, existe uma crítica bem pesada sobre os acontecimentos do jogo que refletem vários eventos atuais.
Jogabilidade
Em Minoria, a Irmã Semilla usa uma arma branca, geralmente espada, para atacar seus oponentes, defender-se e dar golpes especiais. Ela também usa uma Cruz para canalizar as magias dos incensos que, por sua vez, possuem um uso limitado mas recuperam suas cargas sempre que o jogo é salvo.
As magias podem ser passivas ou ativas e de ataque ou de defesa. Variam conforme as preferências do jogador, pois ele pode escolher 3 ativas e 2 passivas. Sobre as armas, o dano é sempre o mesmo, o que se alteram são a forma dos golpes e os especiais. Geralmente, o jogador pode escolher um dano menor, mas em área, ou um dano maior focado, tanto para magia como ataque.
Além disso, o uso da esquiva é essencial, pois é um momento em que a personagem se torna invulnerável. Os ataques dos inimigos possuem prioridade nos seus ataques, que são dolorosos, tirando uma boa fatia da barra de vida da heroína, fazendo com que seja importante não ser atingido por eles.
Seu mapa é preenchido conforme o avanço e pode ser facilmente consultado, com apenas um botão. Caso decida explorar, o jogador é recompensado com mais detalhes da história, novas armas, incensos diferentes e o aumento do limite dos que já possui. Entretanto, explorar o mapa é sempre necessário, pois existem inúmeras portas que são abertas somente com o uso de chaves específicas, obrigando o jogador a encontrá-las para avançar, ou seja, o backtracking é necessário aqui.
Apesar de possuir um sistema de níveis, a evolução da personagem não é tão perceptível, sendo mais necessário aprender as mecânicas do jogo do que treinar de fato, pois os inimigos evoluem junto com a personagem. Isso dá ao jogo uma dificuldade meio restrita, fazendo com que apostar no grinding não seja tão eficaz.
O destaque aqui fica na batalha contra os bosses. Para quem já dominou o método de batalha, os chefes trazem uma diversidade nos ataques e desafios. Não são difíceis, mas demandam uma atenção maior para quem já consegue jogar no “automático”.
Arte
Visual
Momodora já esbanjava uma arte pixelizada sensacional, capaz de dar vida aos ambientes e personagens. Minoria, por sua vez, expande o visual para uma arte em 3D, com ambientes que tentam puxar para um lado mais realista e personagens caricaturados em Cell Shading, semelhante aos animes e mangás japoneses.
O ponto negativo aqui vai para o design das criaturas, que é bem genérico. Não existe uma diferença entre alguns tipos de inimigos, que são idênticos mesmo quando em sua versão mais forte. A variedade de inimigos é baixa, mas bem utilizada, sendo que sempre são apresentadas novas criaturas no decorrer do jogo, variando bem conforme se avança.
Minoria possui um aspecto que é, de fato, perfeito: sua ambientação. Aqui é o ponto de intersecção entre Visual e Trilha Sonora pois, já adiantando, sua ambientação sonora também é perfeita. Todo o cenário, as criaturas, as outras bruxas, os objetos espalhados, os corpos e esqueletos, dão ao jogo uma melancolia que acompanha o jogador constantemente.
Trilha Sonora
Como disse ali em cima, sua ambientação melancólica é feita com o visual, mas grande parte dela ocorre por conta das músicas e efeitos sonoros.
As músicas são compostas, em grande parte, por um piano constante e, conforme o jogador avança, a quantidade de instrumentos aumenta. Começa com o piano, depois vem um violino, posteriormente tem violoncelo e órgão, fechando com chave de ouro, mas muitos outros instrumentos aparecem, tornando as músicas vivas e prosseguindo com a melancolia. Todas elas possuem uma melodia que aposta em um tipo de acorde que traz de forma muito mais constante esse sentimento ao jogador.
Cada nova música se encaixa perfeitamente com o ambiente que, somado ao visual funesto, trazem para o jogador o sentimento que, talvez, as freiras estão sentindo ao desbravar essa jornada de altos e baixos.
Por fim, as músicas trazem uma dinâmica viva, crescendo e diminuindo no momento certo, com uma melodia que fica na cabeça. Os loops são pequenos, mas, como as músicas são ótimas, não se percebe tanto a repetição.
Veredito
Minoria é um ótimo jogo, tanto que está entre os melhores metroidvanias indie que já joguei. Isso por conta, principalmente, de sua história, mecânicas, trilha sonora e ambientação, ou seja, de tudo do jogo. A soma desses aspectos o torna um obrigatório aos fãs do gênero.
Sua história é ótima, com muita reflexão e paralelos com o mundo real. A jogabilidade é semelhante aos melhores do gênero, com a possibilidade de variar conforme as preferências do jogador. Seu visual e sua trilha sonora são perfeitas, sendo essenciais para a carga dramática carregada de melancolia que a história possui.
Recomendo para todos que gostam de metroidvanias, para quem gosta de jogos artísticos, para quem quer apoiar os desenvolvedores brasileiros e para quem quer uma história profunda.
E aí, ficou com vontade de conhecer o jogo? Já jogou? Deixe sua opinião nos comentários.
Trailer
* Esta análise foi escrita usando uma chave fornecida pelos desenvolvedores.
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