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[REVIEW] Crysis – Essencialmente belo, essencialmente difícil

Em 2007, alguns privilegiados jogadores de PC puderam experimentar Crysis, um dos jogos mais impactantes no quesito de requisitos exigidos, devido a alta potência que os computadores deviam ter para que o jogo funcionasse de uma forma satisfatória. Posteriormente ele foi lançado para PS3 e Xbox 360, devendo uma versão para Nintendo. Contudo, 13 anos depois de seu lançamento, foi portado para o Switch, e é sobre essa versão que vou falar aqui.


Ficha Técnica

Título: Crysis Remastered

Plataforma: Nintendo Switch

Data de lançamento: 23/07/2020

Tamanho: 7.0GB

Desenvolvedora/Publicadora: Crytek/EA

Jogadores: 1

Em Português: Não

Save na nuvem: Sim

Gênero: Tiro em Primeira Pessoa, Ação

Classificação: 17 Anos

Preço no Lançamento (US): US$ 29,99

Tempo de Jogo (média): 12 horas


 

História

Crysis é um jogo ambicioso em várias questões. A mais óbvia é na questão gráfica, pois ele sempre foi um jogo exclusivo para computadores de alta performance até tempos mais recentes. Não vou entrar em seus méritos visuais aqui, é um tópico mais para baixo, mas é necessário deixar isso bem claro antes de qualquer outro assunto.

Muitos games, principalmente os que possuem uma base principal em sua jogabilidade, usufruem do aspecto narrativo apenas como uma desculpa para que o jogo funcione. Assim, seus enredos geralmente são fracos e cheios de clichês, não aprofundando nenhum personagem ou relações nem gerando uma motivação para que o jogador conheça mais o mundo do jogo. E isso ocorre com uma relativa frequência, mas não é um problema quando a jogabilidade é boa o suficiente para manter o jogador.

Com Crysis isso não acontece, pois sua história, seus personagens e seu mundo inteiro possuem um grau de complexidade, fazendo com que o jogador queira conhecer e se aprofundar, motivando-o a jogar por mais tempo.

No jogo, uma equipe de cientistas dos EUA descobre um sítio arqueológico em que havia uma tecnologia avançada que datava de 2 milhões de anos atrás. Entretanto, misteriosamente o contato com eles é perdido e uma equipe norte-coreana bloqueia a área, motivando os EUA a enviarem uma equipe de elite de forças especiais para reconhecimento, intensificando o conflito entre os dois países. Assim, enquanto a investigação avança, os soldados americanos percebem que não estão sozinhos com os norte-coreanos, pois existe uma força misteriosa que está por trás dessa tecnologia do passado capaz de gerar grandes mudanças no planeta inteiro.

Com uma sinopse relativamente simples, durante o jogo ocorrem descobertas que fazem com que o jogador queira continuar na investigação, pois cada avanço nas missões é uma soma à história. O momento em que os soldados chegam na equipe de cientistas é onde ocorre o principal evento do jogo, encaminhando-o para o final e gerando uma sensação de urgência que dura até seu encerramento.

Seus personagens são bem marcantes, pois cada um possui uma personalidade própria e bem distinta, sendo comum sorrir com a ironia de uns e ficar bravo com a ignorância de outros. Além disso, alguns personagens-chave são responsáveis por acontecimentos específicos que podem, inclusive, despertar um grande sentimento de ira no jogador.

A história do jogo envolve diretamente a Nanosuit, o traje especial utilizado pela equipe de elite que dá abertura a diversas formas de jogo, sendo o elemento que liga o enredo com a jogabilidade, nosso próximo tópico.

Jogabilidade

Crysis é, acima de qualquer outra coisa, um First-Person Shooter (FPS). Mas, diferente de muitos FPSs, aqui os personagens utilizam um traje de nanotecnologia capaz de modificar a estrutura celular de seu usário e dar-lhe capacidades sobre-humanas. Isso afeta diretamente o jogo, pois é o jogador quem escolhe qual modo vai estar ativo entre os quatro abaixo:

  • Força: concede ao usuário uma imensa força física, permitindo-o dar grandes saltos e arremessar objetos a uma longa distância, é o modo padrão da Nanosuit;
  • Velocidade: faz com que o usuário alcance uma grande velocidade ao correr e nadar;
  • Armadura: torna o usuário mais resistente a projéteis e melhora as capacidades de cura do traje;
  • Manto: permite que o usuário fique invisível.

Além disso, o traje possui as seguintes funções: interação com computadores, permitindo hackeá-los; visão infravermelha para modo noturno e um binóculo capaz de marcar os inimigos; um respirador; habilidade de se locomover em gravidade zero e dar impulso na água; e um controlador de ambiente, que mantém a temperatura corporal do usuário. Não está satisfeito ainda? Tem mais, pois cada arma equipada possui uma gama de opções personalizáveis, permitindo que ela possua silenciador, miras variadas, lanterna e modos alternativos de tiro.

Parecem muitas opções dentro do jogo, mas o jogador controla somente os modos do traje e a personalização das armas, dando liberdade para escolher qual a melhor combinação, variando a jogabilidade para aquilo que preferir.

Assim, caso o jogador queira ir sem matar nenhum inimigo e nem ser identificado, é possível, pois basta usar o modo Manto do traje e personalizar a arma para ela possuir silenciador, mira a longa distância e munição não letal. Da mesma maneira, o jogador pode invadir a base com o modo Velocidade, trocar para o modo Força e arremessar os inimigos uns nos outros. As possibilidades são imensas.

Mais uma coisa que soma às possibilidades do jogo é o tamanho das fases. Cada uma possui um mapa próprio, sendo possível explorá-lo a vontade, de forma semelhante aos mapas fechados de jogos como os antigos Battlefields. Então, quando for necessário invadir uma base, dependendo do modo de jogo que o jogador preferir, ele pode observar e escolher de qual forma fará isso, gerando muitas variações de gameplay.

Apesar disso, não existe uma motivação a mais para explorar o mapa que não seja a que citei acima. São arenas enormes com uma vegetação densa e viva, pensadas em cada detalhe, onde existem até alguns animais. Explorar o mapa serve apenas para apreciá-lo.

Entretanto, pensando bem, considerando a proposta do jogo, a época e o quanto que ele faz isso tudo bem feito, não há uma necessidade a mais para explorar. Coletáveis, sidequests e baús escondidos são coisas, de certa forma, consideravelmente atuais e variam muito conforme a proposta do game. Portanto, um mapa grande sem tantas coisas para fazer não é um problema nesse jogo, e nem algo que poderia ter sido alterado. Simplesmente está bom assim.

Embora o jogo tenha milhares de possibilidades e muitos outros pontos positivos, existe um problema notável: sua alta dificuldade, mesmo no modo mais fácil. Isso ocorre, ao meu ver, devido a alguns problemas na mira do jogo, que é penosa e frustrante.

Muitos FPSs colocam uma auxílio de mira quando são jogados no controle a fim de ajudar com a falta de precisão, ainda mais se comparado ao conjunto teclado + mouse. Assim, é possível jogar normalmente. Mas não é isso que ocorre aqui. O auxílio de mira muito mais atrapalha do que ajuda, fazendo com que o jogador se perca no meio do combate e leve algumas rajadas de tiros que podem ser fatais. O modo mais justo de jogabilidade que encontrei foi no Easy, o mais fácil, onde foi possível me divertir com a história e o tiroteio sem me sentir punido.

Mas, talvez eu tenha passado por esse problema uma vez que não joguei com um controle mais adequado, como o Pro Controller ou algum outro de qualidade superior, joguei com o par de Joy-Cons no Grip e com um controle de outra marca que possui características inferiores. Utilizando um de alta qualidade talvez resolva esse problema que tive.

Arte

Visual

Crysis é um jogo essencialmente belo. Seu design é primoroso e mostra um nível de detalhamento absurdo até considerando os jogos atuais. Os efeitos de luz e sombras enchem os olhos. Para se ter uma ideia, debaixo de uma árvore é possível perceber que cada folha é responsável por impedir que a luz chegue no chão, dando a impressão de que cada centímetro do mapa foi feito individualmente, com um imenso cuidado.

Explosões parecem reais, sendo um show de efeitos visuais e sonoros. O efeito da água é impressionante e a quantidade de partículas no ar nos dá uma impressão mais selvagem ainda. Visualmente, é possível perceber o poder da Nanosuit, sendo na pressão do soco, no efeito de velocidade, invisibilidade e no impacto dos tiros recebidos quando se está no modo armadura. Detalhe, tudo isso no Nintedo Switch!

Todavia, nem tudo são flores. Muitas vezes o nível de quadros por segundo oscila dependendo do que está acontecendo no jogo, como nos casos de um tiroteio intenso, várias explosões, uma mira distante ou até uma corrida um pouco mais constante. Além disso, as feições dos personagens causam um pouco de estranheza, pois o jogo tenta ser mais realista, porén não consegue.

Um último detalhe para a questão do design é que, assim como qualquer outro jogo, quando se tira um print da tela no Switch, perde-se um pouco da qualidade, então as imagens nesse post não representam a total qualidade gráfica do jogo.

Trilha Sonora

Uma coisa que sempre observei em jogos semelhantes, como o já citado Battlefield, é a alta qualidade da trilha sonora. Aqui não é diferente. São músicas que mostram o quanto que o jogo é selvagem e acontece em uma área viva, inspirando a continuar a jogar e instigando a iniciar uma matança.

A trilha consegue causar várias sensações, corroborando muito com a sensação de que o jogador está dentro do jogo. E algumas delas são boas o suficiente para se ouvir até fora do jogo.

Veredito

Crysis é um jogo tão belo quanto é difícil. O port no Nintendo Switch, em questões artísticas possui um primor de cair o queixo. Nem faz tanta diferença para quem jogou no PC, desconsiderando apenas a queda de quadros por segundo.

Apesar disso, o port sofreu na questão de jogabilidade, dificultando um pouco a mira e, consequentemente, a mobilidade, tornando o jogo um pouco mais penoso do que poderia ser. Mas isso é contornável, pois basta colocar no modo Easy que é possível se divertir muito e ter a sensação de que você é um soldado de elite equipado com um traje super especial com altas habilidades.

Recomendo para quem já possui afinidade com jogos de Tiro em Primeira Pessoa, para quem gosta de uma história de ficção científica e para quem quer uma experiência diferente dos jogos típicos da Nintendo.

 


Trailer


* Esta análise foi escrita usando uma chave fornecida pelos desenvolvedores.

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Kiefer Kawakami

Sobre mim: Amante dos games, acredito que eles podem mudar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes, bem como aconteceu comigo. Possuo um amor incondicional pela Nintendo desde Donkey Kong Country e Super Metroid. Sou multidisciplinar e sei pouco sobre muita coisa, mas o suficiente para relacionar assuntos distintos. Além disso, quero divulgar os games para que as pessoas vejam a maravilha que são e podem ser.

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