DestaquesGeralSwitch

[REVIEW] Two Point Hospital – Diagnóstico: Não é uma Virose

Ahhhh, os anos 90 trouxeram alguns jogos que marcaram época e deixaram muita saudade. Um deles, com toda a certeza deste mundo, foi Theme Hospital, lançado no longínquo ano de 1997. Na época, joguei uma demo que vinha em uma revista que continha um CD-Rom. Lembro-me como se fosse hoje o tanto que este jogo me deixou empolgado.

Eis que o ano 2020 – 23 anos mais tarde – trouxe-me a oportunidade de reviver aquela época e aqueles sentimentos. Então, Dr. House, prepare seu estetoscópio e vamos juntos neste review descobrir se este jogo é uma virose ou se não!.


Ficha Técnica

Título: Two Point Hospital

Plataforma: Nintendo Switch

Tamanho: 1.9 GB

Desenvolvedora/Publicadora: Two Point Studios/Sega

Jogadores: 1

Em Português: Não

Gênero: Simulação, Estratégia

Save na Nuvem: Sim

Classificação: 10+

Preço no Lançamento: US$ 39.99


Sobre o jogo

Imagem de divulgação do jogo.

Este é um jogo de gerenciamento, ou seja, você terá que contratar/gerir funcionários, construir variadas instalações, lidar com órgãos públicos de fiscalização, fixar preços de serviços e produtos, dentre outras diversas atividades, tudo para atender aos pacientes da melhor forma possível.

Porém, se engana quem pensar que este jogo tende ou tem a intenção de ser realista, pois ele não faz isso. As situações são esdrúxulas e as doenças totalmente inventadas, tudo para manter um bom humor característico deste jogo. A título de exemplo, cito a doença que deixa as pessoas com uma lâmpada no lugar da cabeça em que o tratamento consiste em desenroscar a lâmpada, criar uma nova cabeça artificial e colocá-la no lugar. São situações assim que você irá se deparar no jogo.

E junto com este “tratamento” que acabei de citar, há diversos outros casos como, por exemplo, uma pandemia de pessoas com panelas enfiadas na cabeça, um problema psiquiátrico que faz a população se transformar em Freddie Mercury e até uma infestação de palhaços na cidade. Todas elas muito divertidas de se ver.

A doença da panela. (Imagem de divulgação do jogo)

Lidando com Empregados

É claro que para tratar esses variados tipos de doenças, você necessitará de médicos e enfermeiros, além de contar com atendentes, recepcionistas e zeladores para o hospital.

Para a contratação, o hospital – como toda empresa – recebe vários candidatos ao emprego e você deverá escolher quais irá contratar e quais irá dispensar. Quanto mais qualificado é o candidato, mais caro ele custará para o hospital, porém menos erros médicos ou problemas de atendimento acontecerão.

Entretanto, não é só a qualificação de um candidato que você deve levar em consideração para a contratação, mas também a atividade que ele deverá desempenhar. Ex: contratar um médico sem a habilidade de clínico geral para ficar no atendimento primário de pacientes te dará uma maior chance de dar diagnósticos errados. Outro exemplo é o consultório psiquiátrico que exige um médico com tal formação para trabalhar e realizar o tratamento. Aqui impera o “cada um no seu quadrado”.

Ter salas confortáveis para seus funcionários descansarem é sempre uma boa. (Imagem de divulgação do jogo).

E essa questão de qualificação e habilidades se aplica para cada funcionário que você contratar, não só aos médicos. Além disso tudo, você terá que gerenciar o local de trabalho de cada um deles, suas remunerações, promovê-los quando merecerem, conceder folga quando for necessário, dar treinamentos para fortalecer/conceder habilidades, dentre outras atividades de gerência de RH.

Meu Hospital, Minha Vida

Um dos aspectos mais legais deste jogo é a possibilidade de construir o hospital da forma como você desejar. Ao contrário de alguns outros jogos do gênero, há a possibilidade de parar o relógio e ter todo o tempo do mundo para construir as suas coisas sem o tempo para te pressionar. E quando tudo está pronto e do seu jeito, é só apertar X e, voilà, está construído. É imediato! E devo confessar que não ter a necessidade de esperar um tempo definido para ver minha construção de pé me agradou bastante. A única exceção a essa regra é a compra de terreno que demora um tempo específico até que a estrutura esteja disponível para você popular as salas.

Além disso, cada sala pode ser gigante ou pequena (respeitado o tamanho mínimo exigido), ou seja, você é quem define. Uma vez escolhido o tamanho, você deverá colocar os itens obrigatórios para o funcionamento do setor e decorá-la para gerar maior conforto de funcionários e pacientes, além de deixar o seu hospital muito mais atrativo e respeitado.

Construir talvez seja uma das melhores atividades do jogo.

E há diversos tipos de instalações que você pode fazer: setor de cardiologia, enfermaria, clínica geral, psiquiatria, recepção, banheiros e por aí vai. Todas as instalações são desbloqueáveis conforme você avança nas missões do jogo. E além dos desbloqueios que você tem jogando, alguns itens decorativos você consegue destravar realizando desafios propostos durante o game que te darão algumas moedinhas chamadas “Kudosh” que são específicas para desbloquear itens para compra. Esses desafios podem ser desde atender uma quantidade X de pacientes com uma doença específica até atender demanda de funcionários. Você pode aceitar ou recusar esses desafios.

Os Pacientes

Tudo que você faz é para atendê-los, não é? Os pacientes que entram no seu estabelecimento esperam estar no melhor hospital possível, contando com as melhores instalações, com opções de entretenimento enquanto esperam, com médicos competentes, com bancos para se sentar à disposição, com banheiros cômodos e limpos, com um clima agradável….. são tantos e tantos fatores que você deve pensar na construção a fim de que seu hospital goze de uma boa reputação.

As vezes fica difícil gerenciar tantos pacientes.

Contudo, atendemos aos pacientes por um motivo: dinheiro! Fixar preços para os atendimentos e produtos vendidos no hospital é apenas um dos diversos aspectos que você tem para tornar seu estabelecimento atrativo e rentável. Se você fixa preços mais baixos, a demanda aumenta muito pois mais clientes procurarão seu hospital. Junto com essa maior procura, vem a necessidade de mais funcionários, mais acomodações e toda uma série de custos com os quais você terá que lidar. Por outro lado, se você fixa preços mais elevados, sua clientela some e você pode acabar no prejuízo ao longo do mês. Achar o meio termo entre preços e custos é a melhor forma de administrar o seu negócio, mas é bastante complicado acertar isso, pois dependerá muito de cada situação que o jogo apresenta.

E é claro, temos o tratamento. Cada paciente tem a sua especificidade e deve ser diagnosticado para o correto tratamento. Se seu hospital estiver lotado e sem ninguém para atendê-lo ele poderá morrer ou voltar para casa sem a cura. Se o médico não for qualificado, idem. Aliás, a morte pode trazer consigo uma assombração para seu hospital o que faz com que todos ao redor do fantasma fiquem assustados até que você chame os Ghostbusters….. não, você deve chamar seu zelador mesmo! Mas lembre-se que seu zelador tem que ter habilidades de caça-fantasmas.

Se há alguma coisa estranha na vizinhança, quem você chama? (Imagem de divulgação do jogo).

Gráficos, Músicas e sons

Graficamente o jogo é muito bonito, com objetos que lembram seres de “massinha” e que são extremamente carismáticos. As expressões corporais dos personagens conseguem te dar a dimensão de determinados problemas e urgência em algumas situações. Todos os modelos são bem detalhados e há muitos e muitos itens para você se divertir construindo seu hospital.

Além disso, na parte sonora, o jogo tem uma espécie de “estação de rádio” própria que se alterna com algumas chamadas nos auto-falantes (sabe aquela voz de alguma atendente que sai em auto-falantes de aeroporto e afins? É isso!). Isso até que dá um efeito bem legal nas primeiras horas, mas confesso que, apesar de serem legais, as músicas após um tempo me cansaram e eu comecei a deixar no mudo.

Problemas no port

Apesar de, para mim, não ter atrapalhado a jogatina, o jogo possui alguns problemas típicos de uma migração de uma plataforma que usa mouse e teclado para outra que usa joysticks. Um deles é o problema na seleção de itens para edição e movimentação. Sabe aquela cadeira que você gostaria de reposicionar na sala? Você provavelmente ficará tentando selecioná-la por um bom tempo, e às vezes até selecionando outros objetos de forma equivocada, o que pode gerar um pouco de irritação. Isso pelo fato de o jogo não ter um cursor visível, como é o caso de PC.

Imagem de divulgação do jogo.

Outro exemplo deste problema na seleção componentes na tela é quando aparecem algumas “minhocas” no seu hospital que você deve eliminá-las colocando o cursor em cima delas e apertando o botão de ação. Todavia, elas ficam se mexendo e torna o trabalho quase impossível.

Contudo, a gente há que considerar que a função de pausar o tempo ajuda a minimizar (diria até quase que anular) a frustração das situações elencadas nos dois parágrafos acima, pois como o tempo não corre, você tem a tranquilidade necessária para realização das ações.

Um outro ponto a se destacar é a dificuldade de achar algumas funções e configurações do jogo (como inibir os funcionários de saírem do setor quando estiverem a toa). Porém, uma vez que você aprende como está organizado o menu e funcionalidades, você passa a não ter mais problemas com isso. Eu pausei o jogo e fiquei explorando todas as funções, e recomendo que façam o mesmo, pois há algumas bem interessantes para sua gestão.

Há mais por vir

Infelizmente o jogo não conta com os modos Sandbox e “The Superbug Initiative“. Estes modos estão disponíveis nos PCs, mas os desenvolvedores garantem que em breve eles estarão disponíveis nos consoles por meio de uma atualização gratuita. A expectativa é que em março tenhamos estas funções.

Veredito

Imagem de divulgação do jogo.

Two Point Hospital é um JOGAÇO. Realmente adorei jogá-lo e continuarei a me divertir com ele por muito e muito tempo.

Os desenvolvedores fizeram um trabalho muito competente em trazer este jogo para o Nintendo Switch, pois é um port muito bem feito e que eu não notei maiores problemas de performance ou de jogabilidade (exceto algumas interações com objetos, como dito anteriormente).

Este é um título que vai pegar no coração daqueles que tiveram a oportunidade de jogar Theme Hospital no PC ou no PS1, mas ele não se agarra somente na nostalgia para se manter relevante e consegue trazer aquele frescor e sensação de novidade.

Durante todos os momentos em que eu estava jogando, eu me diverti muito com as situações que o jogo traz, dado o seu bom humor. Aliás, bom humor este que, na minha opinião, agrada a todas as idades. É realmente muito difícil jogar este jogo sem dar ao menos um sorriso de canto de boca. Todavia, destaco que mesmo não sendo pautado em realismo e tendo um tom de comédia bem marcante, ele é um simulador completo que fará com que você fique preocupado com vários e vários aspectos de gerenciamento de um estabelecimento.

Ele é tão divertido que, apesar de ser para apenas um jogador, é possível que uma família se divirta assistindo a alguém jogar e dando pitacos no processo de construção e gestão do hospital.

Por fim, acredito que este jogo é de suma importância para tentar renovar o público e trazer de novo o interesse para um gênero que nos últimos, por querer ser extremamente realista, tem afastado os jogadores mais jovens ou mais casuais.

Se você gosta de jogos de simulação de administração de negócios ou tem interesse em se enveredar por este gênero, acredito que você ficará satisfeito com este título, pois ele é muito divertido e inclusivo, além de atender a várias faixas etárias de jogadores.

Infelizmente ele não está em português e isso pode dificultar a entender alguns objetivos do jogo, mas como existe a função de parar o tempo, não há nada que a tecnologia atual não possa nos ajudar, não é mesmo?


Trailer


*Esta análise foi feita com uma cópia disponibilizada pela produtora.

Gostou? Então compartilhe!

Tovar

Nintendista desde os 8-bits, pulei somente a geração GameCube (que recuperei com o Wii). Jogo em qualquer plataforma. Um fã de The Legend of Zelda, Donkey Kong, Mario, Mega Man, e de outros grandes nomes da indústria.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *